Jesus: um Homem
Inesquecível
Narram os evangelistas
Mateus (26:6-13) e
Marcos (14:3-9) que dias
antes do episódio
dramático do julgamento
e da crucificação estava
Jesus em Betânia, cidade
que ficava a uma hora de
Jerusalém, cercada por
imensos campos de cevada
e de pequenos bosques de
olivedos e figueiras,
que sombreavam a estrada
de Jericó. Estava Ele em
casa de Simão, o
leproso, quando se
aproximou uma mulher,
trazendo um frasco de
alabastro de perfume
precioso e pôs-se a
derramá-lo sobre a
cabeça do Mestre,
enquanto Ele estava à
mesa. Ao verem isso, os
discípulos ficaram
indignados e disseram:
“— Qual o motivo deste
desperdício? Pois isso
poderia ser vendido caro
e distribuído aos
pobres”.
Mas Jesus, ao perceber
essas palavras,
disse-lhes: “— Por que
aborreceis a mulher?
Ela, de fato, praticou
uma boa ação para
comigo. Na verdade,
sempre tereis os pobres
convosco, mas a mim, nem
sempre tereis.
Derramando esse perfume
sobre meu corpo, ela o
fez para me sepultar. Em
verdade vos digo que,
onde quer que venha a
ser proclamado o
Evangelho, em todo o
mundo, este momento
jamais será esquecido”.
(1)
Fazendo-se uma analogia
com essas lembranças da
vida do Nazareno,
podemos declarar, 2000
anos depois do Seu
nascimento, que a Sua
vida continua sendo
proclamada em todo o
mundo. O Espírito
Amélia Rodrigues,
por exemplo, ditou
ao médium Divaldo Franco
o livro Dias
Venturosos e,
na introdução, ela
destaca: Hoje, tanto
quanto ontem, todos
necessitamos de Jesus
descrucificado, do homem
incomparável que
arrostou todas as
consequências pela
coragem de amar, a ponto
de dar a própria vida
para que todos
tivéssemos vida em
abundância.
Esse esforço e essa
proposta de manter vivos
os exemplos da vida e da
mensagem do fundador do
Cristianismo, por parte
de Amélia Rodrigues,
Joanna de Ângelis e
outros Espíritos, têm um
significado e uma
importância muito
grande, porquanto não
são poucos os que tentam
passar a ideia de que
Jesus foi um mito, uma
alegoria. No
livro de sua autoria
Cristianismo, a Mensagem
Esquecida, o
escritor espírita
Hermínio Miranda
escreveu 316 páginas
para examinar essa
questão, oferecendo no
capítulo segundo uma
profunda análise sobre a
questão da indagação em
torno da existência do
Mestre. Em seu texto
cita historiadores como
Bruno Bauer,
que destaca em uma de
suas obras que o Cristo
Histórico nunca existiu;
outro, Binet–Sanglé,
coloca Jesus na
categoria dos alienados
mentais, considerando-o
um paranoico; Ernest
Renan, historiador e
filólogo francês
(1823–1892), autor da
conhecidíssima obra
Vida de Jesus,
declara que “os
Evangelhos são em parte
lendários”.
Li, alhures, sobre
Jesus: Nenhum homem
foi tão esperado antes
de nascer; nenhum homem
foi tão amado e tão
odiado após nascer;
nenhum homem tem sido
tão lembrado após
morrer.
Na revista Seleções
do Reader’s Digest,
de dezembro de 2000, o
historiador Paul
Johnson, indaga: “—
Que pensamento
mundial teria
permanecido inabalável
por 2.000 anos e
caminhando para se
concretizar no grande
ideal transformador do
próximo (atual)
milênio?”. Ele
lembra, por exemplo,
que, ao aproximar-se o
ano 1900, muitos
pensadores seculares,
tais como Bernard
Shaw e H.G. Wells,
argumentavam que o raiar
do século XX marcaria o
fim da fase religiosa da
História. Entretanto,
declara: “estamos no
limiar de um novo
milênio e o Cristianismo
está bem vivo e forte no
pensamento e no coração
de incontáveis crentes.
Qual seria o mistério do
sucesso póstumo de Jesus
e a permanência de Suas
palavras durante 2.000
anos?”.
Paul Johnson
considera que, em todas
as sociedades, grandes
massas de pessoas são
atraídas pelos mansos
e não pelos fortes,
pelos sofredores e
não pelos vencedores,
lembrando que a essência
da mensagem do Cristo é
que o poder é efêmero
e o sucesso mundano não
passa de pó e cinzas, e
que Jesus tocou no ponto
sensível da Humanidade:
a bondade e a
compaixão que existem
dentro de nós, e
nisso fundou as bases do
Cristianismo.
O historiador apresenta
um exemplo interessante
sobre a perenidade da
mensagem de Jesus: se
Ele voltasse neste
alvorecer do Terceiro
Milênio, encontraria
vários fenômenos
estranhos, uma Terra
totalmente modificada,
comparando-se com a
época que Ele aqui
esteve. Entretanto,
observaria em várias
partes do mundo
fenômenos familiares a
Ele: os ecos
precisos de Suas
próprias palavras.
Observaria que Suas
palavras não perderam a
importância, e que em
diversos templos
religiosos do mundo
continuam sendo
pregadas: Perdoa
setenta vezes sete; Onde
estiver o teu tesouro,
aí esteja o teu coração;
Ora pelos que te
perseguem; Eu sou o
caminho, a verdade e a
vida.
Allan Kardec, ao traçar
os objetivos da
terceira obra da
Codificação, O
Evangelho segundo o
Espiritismo, lançada
em 29.04.1864, em Paris,
declara que as matérias
do ensino moral,
contidas nos Evangelhos,
“conservaram-se
constantemente
inatacáveis” e que
muitos pontos dos
Evangelhos só são
ininteligíveis “por
falta da chave
que faculte se lhes
apreenda o verdadeiro
sentido. Essa chave
está completa no
Espiritismo”. (2).
Nós, os espíritas, temos
a missão de praticar e
proclamar o ensino moral
do Cristo em toda a
parte, para que um dia a
Terra seja um permanente
Natal, para sempre,
então, impregnada das
lembranças dos Seus
ditos e dos Seus feitos,
que jamais serão
esquecidos.
Referências:
(1) Quéré,
France. As Mulheres
do Evangelho.
Edições Paulinas, p.
106.
(2)
Kardec, Allan. O
Evangelho segundo o
Espiritismo. 110.
ed., FEB, p.25 e 27.