Meus irmãos:
Peçamos em nosso favor a
bênção de Nosso Senhor
Jesus-Cristo.
Nas recordações da noite
de hoje, busquemos no
Livro Sagrado a mensagem
de luz que nos comande
as diretrizes.
Leiamos no Evangelho do
Apóstolo João, no
capítulo 12, versículo
32, a palavra do Divino
Mestre, quando anuncia
aos seguidores:
— «E eu, quando for
levantado da terra,
atrairei todos a mim.»
Semelhante afirmativa
foi pronunciada por ele,
depois da entrada
jubilosa em Jerusalém.
Flores, alegria,
triunfo.
Cabe-nos ponderar ainda
que, nessa ocasião, o
Embaixador Celestial
havia sido o Divino
Médico dos corpos e das
almas. Havia restaurado
paralíticos, cegos e
leprosos,
reconstituindo a
esperança e a
oportunidade de
muitos... Estendera a
Boa-Nova e passara pela
transfiguração do Tabor...
Entretanto, Jesus ainda
se considera como
Missionário não erguido
da Terra.
Indubitavelmente, aludia
ao gênero de testemunho
com que o dilacerariam,
mas também ao sofrimento
superado como acesso à
vitória.
Reportava-se ao
sacrifício como auréola
da vida e destacava a
cruz por símbolo de
espiritualidade e
ressurreição.
Induzia-nos o Senhor a
aceitar as aflições do
mundo, como recursos de
soerguimento, e a
receber nos pontos
nevrálgicos do destino o
ensejo de nossa própria
recuperação.
Ninguém passará incólume
entre as vicissitudes da
Terra.
Todos aí pagamos o
tributo da experiência,
do crescimento, do
resgate, da ascensão...
E arrojados ao pó do
amolecimento moral, não
atrairemos senão a
piedade dos transeuntes
e o enxurro do caminho,
sem encorajar o trabalho
e o bom ânimo dos
outros, porque, de nós
mesmos, teremos recusado
a bênção da luta.
O Mestre, amoroso e
decidido, ensinou-nos a
usar o fracasso como
chave de elevação.
Traído pelos homens,
utilizou-se de
semelhante decepção para
demonstrar lealdade a
Deus.
Atormentado, aproveitou
a aflição para lecionar
paciência e governo
próprio. Escarnecido,
valeu-se da amargura
íntima para exercer o
perdão. E, crucificado,
fez da morte a revelação
da vida eterna.
É imprescindível
renunciar ao reconforto
particular, para que a
renovação nos acolha.
Todos nos sentimos
tranquilos e
sorridentes, diante do
céu sem nuvens, mas se a
tempestade reponta,
ameaçadora, eis que se
nos desfazem as
energias, qual se nossa
fé não passasse de
movimento sem
substância.
Acomodamo-nos com a
satisfação e abominamos
o obstáculo.
No entanto, não seremos
levantados do mundo,
ainda mesmo quando
estejamos no mundo fora
do corpo físico, sem o
triunfo sobre a nossa
cruz, que, em nosso
caso, foi talhada por
nossos próprios erros,
perante a Lei.
É por isso que nesta
noite, em que a
serenidade de Jesus como
que envolve a Natureza
toda, nesta hora em que
o pensamento da
coletividade cristã
volve, comovido, para a
recuada Jerusalém, é
natural estabeleçamos no
próprio coração o
indispensável silêncio
para ouvir a Mensagem do
Evangelho que se
agiganta nos séculos...
— «E eu, quando for
levantado da terra,
atrairei todos a mim.»
Enquanto o Senhor
evidenciava apenas o
poder sublime de que se
fazia emissário, curando
e consolando, poderia
parecer um simples
agente do Pai Celestial,
em socorro das
criaturas; mas atendendo
aos desígnios do
Altíssimo, na cruz da
flagelação suprema, e
confiando-se à renúncia
total dos próprios
desejos, não obstante
vilipendiado e
aparentemente vencido,
afirmou o valor soberano
de sua individualidade
divina pela fidelidade
ao seu ministério de
amor universal e, desde
então, alçado ao
madeiro, continua
atraindo a si as almas e
as nações.
Içado à ignomínia por
imposição de todos nós
que lhe constituímos a
família planetária, não
denotou rebeldia,
tristeza ou desânimo,
encontrando, aliás, em
nossa debilidade, mais
forte motivo para
estender-nos o tesouro
da caridade e do perdão,
passando, desde a cruz,
não mais apenas a
revigorar o corpo e a
alma das criaturas, mas
principalmente a
atraí-las para o Reino
Divino, cuja construção
foi encetada e cujo
acabamento está muito
longe de terminar.
Assim sendo, quando
erguidos pelo menos
alguns milímetros da
terra, através das
pequeninas cruzes de
nossos deveres, junto
aos nossos irmãos de
Humanidade, saibamos
abençoar, ajudar,
compreender, servir,
aprender e progredir
sempre.
Intranquilidade,
provação, sofrimento,
são bases para que nos
levantemos ao encontro
do Senhor.
Roguemos, desse modo, a
ele nos acrescente a
coragem de apagar o
incêndio da rebelião que
nos retém prostrados no
chão de nossas velhas
fraquezas,
retirando-nos, enfim, do
cativeiro à
inferioridade para
trazer ao nosso novo
modo de ser todos
aqueles que convivem
conosco, há milênios,
aguardando de nossa alma
o apelo vivo do
entendimento e do amor.
E, reunindo nossas
súplicas numa só
vibração de fé,
esperemos que a Bondade
Divina nos agasalhe e
abençoe.
Mensagem extraída do
cap. 6 do livro
Instruções Psicofônicas,
transmitida
psicofonicamente por
intermédio de Francisco
Cândido Xavier, na noite
de 15 de abril de 1954,
pelo Espírito de Osias
Gonçalves, que foi
abnegado pastor
evangélico no Brasil.
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