Aos homens
José Duro
Volta ao pó dos mortais,
homem que vens,
depressa,
A chave procurar do
enigma que encerra
A paragem da morte, o
mais além da Terra,
Onde o sonho termina e a
vida recomeça.
Volve ao sono cruel da
tua carne obscura,
Amassa com o teu pranto
o pão de cada dia,
Vai com o teu padecer
sobre a estrada sombria,
Para depois ouvir a voz
da sepultura.
Tomé, coloca as mãos na
tua própria chaga,
Perambula na dor da tua
noite aziaga,
Porque a treva e o
sofrer sempre hão de
acompanhar-te!
Reconhece o quanto és
ignorante ainda.
A vida é vibração
ilimitada, infinda,
E o seu grande mistério
existe em toda parte...
Poeta português, José
Duro nasceu em 1875 e
desencarnou em 1899.
Musa amargurada, deixou
um livro — Fel — que
apareceu poucos dias
antes da sua morte e foi
prefaciado por Forjaz de
Sampaio. Henrique
Perdigão classifica-o
como o “Cantor da
Tristeza”. O soneto
acima integra o livro
Parnaso de Além-Túmulo,
obra psicografada por
Francisco Cândido
Xavier.