Maria Lúcia Sampaio Tinoco,
de Niterói (RJ),
pergunta-nos se Jesus também
foi criado simples e
ignorante, como se dá com
todos os Espíritos.
A resposta é sim. E
apoiamo-nos, ao fazer esta
afirmação, em três autores
espíritas respeitáveis:
Allan Kardec, Léon Denis e
Emmanuel.
No livro O Consolador,
questão 243, Emmanuel
escreveu:
"Todas as entidades
espirituais encarnadas no
orbe terrestre são Espíritos
que se resgatam ou aprendem
nas experiências humanas,
após as quedas do passado.
Com exceção de Jesus Cristo,
fundamento de toda a verdade
neste mundo, cuja evolução
se verificou, em linha reta
para Deus, e em cujas mãos
angélicas repousa o governo
espiritual do planeta, desde
os seus primórdios".
Em Cristianismo e
Espiritismo, p. 79, Léon
Denis afirmou que Jesus é,
de todos os filhos dos
homens, o mais digno de
admiração, porque nele vemos
o homem que ascendeu à
eminência final da evolução.
Allan Kardec, comentando a
resposta dada à pergunta 625
d' O Livro dos Espíritos
("Qual o tipo mais
perfeito que Deus ofereceu
ao homem, para lhe servir de
guia e de modelo? R.: Vede
Jesus"), escreveu:
"Jesus é para o homem o tipo
da perfeição moral a que
pode aspirar a humanidade na
Terra. Deu no-lo oferece
como o mais perfeito modelo,
e a doutrina que ele ensinou
é a mais pura expressão de
sua lei, porque ele estava
animado do espírito divino e
foi o ser mais puro que já
apareceu sobre a Terra".
Ensino semelhante se lê em
Obras Póstumas, págs.
136 e seguintes: "Jesus era
um messias divino pelo duplo
motivo de que de Deus é que
tinha a sua missão e de que
suas perfeições o punham em
relação direta com Deus"
(...). "Para que Jesus fosse
igual a Deus, fora preciso
que ele existisse, como
Deus, de toda a eternidade,
isto é, que fosse incriado"
(...). "Digamos que Jesus é
filho de Deus, como todas as
criaturas, que ele chama a
Deus Pai, como nós
aprendemos a tratá-lo de
nosso Pai. É o filho
bem-amado de Deus, porque,
tendo alcançado a perfeição,
que aproxima de Deus a
criatura, possui toda a
confiança e toda a afeição
de Deus".
Examinando, logo em seguida,
na mesma obra, a declaração
proferida pelo Concílio de
Niceia que elevou Jesus à
condição de divindade,
escreveu Kardec: "Se pode
parecer que a qualificação
de Filho de Deus apoia a
doutrina da divindade, o
mesmo já não se dá com a de
Filho do homem, que também
Jesus deu a si mesmo, em sua
missão". Essa expressão
remonta a Ezequiel e
significa: o que nasceu
do homem, por oposição
ao que está fora da
Humanidade. Jesus deu a si
mesmo essa qualificação com
persistência notável, pois
só em circunstâncias muito
raras ele se disse Filho de
Deus. "A insistência com que
ele se designa por Filho do
homem parece um protesto
antecipado contra a
qualidade que, segundo
previa, lhe seria dada mais
tarde."
Cremos, portanto, que à
vista das palavras acima
ficam dirimidas quaisquer
dúvidas concernentes à
posição de Jesus como um
Espírito puro – e não um ser
incriado – que ascendeu ao
ápice da evolução graças aos
seus próprios esforços.
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