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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 128 – 11 de Outubro de 2009

ÂNGELA MORAES
anjeramoraes@hotmail.com
Bauru, São Paulo (Brasil)
 

Uma razão para
compreender a fé


“Jesus não veio destruir a lei, veio cumpri-la, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens” (O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo I, p.55). 

Alceu era um jovem de espírito apaixonado e vibrante. Não fazia nada pela metade, nem entrava em qualquer empreitada sem estar plenamente convicto. Também não empurrava com a barriga, ou era ou não. Assim foi que Alceu viveu toda a sua juventude sem optar por essa ou aquela religião, a única coisa que sabia era que católico não queria ser.  

– Missa, padre, confessar meus pecados? Ah, não! – pensava para consigo. 

A mãe, católica devotada, o tentava chamar para a beleza do apostolado do Cristo, mas quê! 

– Rosário? Ressurreição da carne? Os bilhões de humanos que habitaram a Terra desde o início um dia vão voltar? Onde vai caber todo esse povo? 

Não que Alceu fosse de coração ruim, muito pelo contrário: era extremamente emotivo, tratava os humildes com simpatia e carinho, idem para com os familiares. E, entre beijos e mordidelas na bochecha fofa da tia Mercedes, que tanto olhara por ele na infância, ouvia sem dar atenção aos seus apelos evangélicos: 

– Vamos ao culto com a tia, fio. O pastor tem uma oração muito forte! 

Em caridade e respeito à tia, recusava educadamente. Mas, em seu interior, nada mudava seu conceito. 

– Eles pensam que Deus é surdo? Tô fora! 

Na faculdade, uma amiga oriental comentou com ele que frequentava a Igreja Messiânica, mas com uma filosofia oriental baseada no equilíbrio entre o corpo e o espírito. 

– Mas a reunião é em japonês? Como é que eu posso ter fé se eu não entendo o que está sendo dito? Tô fora! 

O tempo passou e as dificuldades naturais da vida adulta pegaram Alceu sozinho, sem fé. O emprego que não vinha, depois o cargo e o salário bom que não vinham, a paixão que não passava de três meses, a solidão jovem. Até que um dia caiu-lhe nas mãos um exemplar de O Evangelho segundo o Espiritismo. Não que se interessasse, mas Kardec era um nome respeitado, ouvira várias referências positivas a ele entre os colegas de faculdades, embora mantivesse sempre sua postura ‘fora’ de qualquer escolha. Optara por ler e qual não foi a sua surpresa com a lucidez das explicações de Kardec sobre as tão prolixas passagens evangélicas. Mais: sentiu-se envolvido em estranha compreensão a respeito das pessoas, e julgou ter entendido finalmente a mensagem do Cristo. Passou a frequentar o Centro, estudou O Livro dos Espíritos, fez o Curso de Orientação Espírita e Mediúnica. Quando a espiritualidade veio buscar sua querida tia Mercedes, encontrou um Alceu entristecido, mas absolutamente consolado. Finalmente, encontrava-se ‘dentro’ de uma doutrina com a qual concordava, mas também se mostrava, justamente, o ponto frágil de seu espírito: algo de soberbo crescia dentro de si ao dizer-se ‘espírita’.  

– Agora compreendo o sentido das coisas, ao contrário dos católicos que rezam mecanicamente, dos evangélicos que acham que tudo é coisa do demônio e de tantas seitas dogmáticas que existem por aí! – pensava, com a justa caridade de não proferir tal opinião em público. 

Assim viveu Alceu até o dia em que seu mentor, preocupado com a rigidez dos preconceitos do seu tutelado, resolveu que seria um bom momento para darem um passeio, durante o desprendimento do corpo proporcionado pelo sono. 

– Aonde vamos, amigo? – questionou o recém-desperto Espírito de Alceu. 

– Vamos à Igreja! – convidou o mentor, simpaticamente. 

– Ah, não, tô... 

– Dentro, caro Alceu. Hoje você vai conhecer uma missa por dentro, como nunca você viu antes. 

Em instantes, encontravam-se adentrando o salão principal de uma Igreja do bairro, que, naquela hora da noite, encontrava-se já na penumbra, no plano físico. No plano espiritual, no entanto, qual não foi a surpresa ao deparar-se com inúmeras entidades de socorro trabalhando como enfermeiros e médicos a uma multidão de Espíritos sofredores que ali procuravam auxílio. A movimentação dentro da Igreja era pelo menos três a quatro vezes maior de desencarnados do que os encarnados que iam à missa. Viu, em uma fila, pessoas passando por um “atendimento fraterno”, no qual desabafavam suas dores e recebiam orientações do irmão atendente; em outro canto, grupos de Espíritos aplicavam, pela imposição de mãos, passes magnéticos.  

– Sabe quem é aquele ali, que atende os Espíritos sofredores com tanta atenção? 

– Não senhor. 

– É o padre. Enquanto seu corpo descansa, seu espírito trabalha. 

Alceu estava boquiaberto. Como havia sido injusto!  

No dia seguinte, sentiu uma sonolência fora do comum ao chegar do seu expediente, e resolveu tirar um cochilo, antes da janta. Seu mentor não havia se dado por satisfeito: 

– Alceu, hoje vamos ao culto evangélico. 

– Ah... tá bom – aquiesceu desta vez, envergonhado de sua ignorância. 

Chegaram a uma casa de oração no horário em que o culto estava começando, com seus louvores cantados a plenos pulmões. Alceu não pôde deixar de observar que as pessoas que louvavam ali estavam extremamente concentradas, em uma experiência de fé tão profunda como jamais tinha presenciado. Observou ainda que, conforme iam cantando, jorros de luz azulada e cristalina desciam do céu, banhando os presentes em renovada energia espiritual. Mais que isso, percebeu que uma nuvem viscosa e escura saía da boca de alguns dos presentes, conforme cantavam, e aquela energia densa se dissolvia em contato com os feixes cristalinos. Entendeu que o cantar fazia com que eles mudassem seu padrão vibratório, promovendo verdadeira limpeza espiritual. Quando o pastor iniciou o culto, havia mais Espíritos desencarnados ouvindo a palestra do que o número de encarnados, e todos refletiam sobre as palavras daquele homem, que pregava o ensinamento de Jesus apaixonadamente. Imensa luz o envolvia e Alceu, com a ajuda do mentor, pôde perceber que ele estava mediunizado. Junto de si, Espíritos de elevada envergadura moral o secundavam no discurso inflamado. 

– Vamos – disse o mentor –, tenho mais a lhe mostrar. 

– Já sei – arriscou, envergonhado –, vamos à Igreja Messiânica. 

– Não, vamos mais alto. 

O mentor então pegou Alceu pelo braço e subiram, volitando, a uma altura que ele podia ver quase a cidade toda. Olhou com firmeza e pôde ver, meio às luzes da cidade naquela noite cálida, que algumas casas brilhavam intensamente. 

– Vê aquele brilho ali? É uma igreja católica. Vê aquele outro? É um Centro Espírita. Vê aquele de lá? É uma igreja evangélica. Vê aquele outro? São Seicho-no-ie. Quantos focos de brilho intenso consegue contar, caro Alceu? 

– Mais de duzentos, eu acho, caro amigo.  

– E aqueles pontos menores, vês? São pessoas em oração. Ninguém sabe quais são suas religiões, mas elas são ouvidas pela espiritualidade, que enxergam sua fé – complementou o mentor. 

Alceu voltou do cochilo sem lembrar-se exatamente de todo o passeio. Intimamente, porém, passou a considerar com muito mais respeito a importância de cada religião, ainda que o Espiritismo fosse aquela que mais oferecesse em entendimento, àqueles que têm fome de entendimento.

 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita