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Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita  Inglês  Espanhol
Programa VI: Aspecto Religioso

Ano 3 - N° 128 – 11 de Outubro de 2009

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br

Curitiba, Paraná (Brasil)  
 

Politeísmo ou paganismo
 
 

Apresentamos nesta edição o tema no 128 do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, que está sendo aqui apresentado semanalmente, de acordo com programa elaborado pela Federação Espírita Brasileira, estruturado em seis módulos e 147 temas.

Se o leitor utilizar este programa para estudo em grupo, sugerimos que as questões propostas sejam debatidas livremente antes da leitura do texto que a elas se segue.

Se destinado somente a uso por parte do leitor, pedimos que o interessado tente inicialmente responder às questões e só depois leia o texto referido. As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto abaixo.

Questões para debate

1. Em que consiste o politeísmo?

2. Quantos e quais são os principais sistemas do politeísmo?

3. Paganismo e politeísmo são a mesma coisa?

4. Segundo J. Lubboch, a história religiosa da Humanidade divide-se em seis períodos. Quais são eles?

5. Onde, segundo Emmanuel, se encontra a gênese das religiões da Humanidade? 

Texto para leitura 

Politeísmo implica a crença em uma pluralidade de deuses

1. Ensina o Espiritismo, na questão 667 d´O Livro dos Espíritos, que a concepção de um Deus único não poderia existir no homem senão como resultado do desenvolvimento de suas ideias. Incapaz de conceber um ser imaterial, sem forma determinada, o homem conferiu-lhe atributos da natureza corpórea e desde então tudo o que parecia ultrapassar os limites da inteligência comum era, para ele, uma divindade, uma potência sobrenatural.

2. Politeísmo é, como o próprio vocábulo indica, a crença religiosa em uma pluralidade de deuses, ou a adoração de mais de um deus. Conforme assinalam os Espíritos na questão 668 da obra citada, ao chamarem deus a tudo o que era sobre-humano, os homens tomavam os Espíritos como se fossem deuses. Disso resultou que quando um homem por suas ações, pelo seu gênio, ou por um poder oculto que o vulgo não lograva compreender, se distinguia dos demais, faziam dele um deus e, após sua morte, lhe rendiam culto.

3. A palavra Deus tinha, entre os antigos, acepção muito ampla e não indicava, como presentemente, uma personificação do Senhor da vida. Era uma qualificação genérica, que se dava a todo ser existente fora das condições da Humanidade, o que é fácil de verificar estudando atentamente os atributos das divindades pagãs.

4. Entre os vários fatores responsáveis pela criação e multiplicação dos deuses devemos salientar: a) a personificação das forças da natureza e sua consequente elevação ao reino da divindade; b) a divinização de antepassados e heróis; c) a centralização política dos grandes Estados, provocando a fusão e a unificação de culturas e crenças. Daí derivaram os três principais sistemas do politeísmo: a idolatria – adoração de muitos deuses personificados por ídolos grosseiros; o sabeísmo – culto dos astros e do fogo; e o feiticismo ou fetichismo – adoração de tudo quanto impressiona a imaginação e a que se atribui poder.

5. O vocábulo paganismo é comumente utilizado como sinônimo de politeísmo. Em essência, ele o é mesmo, mas, do ponto de vista histórico e teológico, não. Quando Constantino consagrou o Cristianismo como a nova religião do Império Romano os não-cristãos foram chamados de pagãos – adeptos do paganismo. Acabaram então sendo generalizados como pagãos tanto os politeístas propriamente ditos como os monoteístas não-cristãos.

A história religiosa da Humanidade divide-se em seis períodos

6. Os feiticistas eram, na sua origem, politeístas, como ainda se dá entre os povos selvagens. Segundo C. de Brosses em “Do Culto dos Deuses Fetiches”, todas as religiões, exceto a dos hebreus, derivaram do fetichismo, que por sua vez teve origem no medo. J. Lubboch dividiu em seis períodos a história religiosa da Humanidade: 1o – ateísmo; 2o – fetichismo ou feiticismo (vocábulo que veio do português feitiço, sortilégio); 3o – culto da natureza; 4o – xamanismo (religião dos xamãs, feiticeiros profissionais); 5o – antropomorfismo; 6o – crença em um Deus criador e providencial. Não há, na antropologia, consenso geral quanto à diferenciação precisa entre xamã, feiticeiro e sacerdote. Costuma-se empregar o termo xamã assim como xamanismo no contexto dos povos asiáticos.

7. Em 1767, o francês N. S. Bergier defendeu a tese segundo a qual o fetichismo se explicava pela semelhança que existe entre a mentalidade do homem primitivo e a da criança, que empresta alma e personalidade ativa a cada um dos objetos que a rodeiam. A etnologia comparada permitiu a E. B. Tylor retomar e desenvolver essa ideia.

8. Estudando as origens do politeísmo e do paganismo, Emmanuel em seu livro “A Caminho da Luz” afirmou que a gênese de todas as religiões da Humanidade teve origem no coração augusto e misericordioso do Cristo, em face, evidentemente, de ser ele o diretor espiritual do orbe terrestre. Para tanto, de tempos em tempos, ele envia mensageiros à Terra para ensinar e difundir as verdades evangélicas, que são recepcionadas e interpretadas segundo o nível evolutivo de cada época.

9. Constitui, portanto, erro crasso julgar como bárbaros e pagãos os povos terrenos que ainda não conhecem diretamente as lições do Evangelho, porquanto a sua desvelada assistência acompanhou e ainda acompanha a evolução das criaturas em todas as latitudes do planeta. A história da China, da Pérsia, do Egito, da Índia, como a dos árabes, dos israelitas, dos celtas, dos gregos e dos romanos, está alumiada pela luz dos seus poderosos emissários e muitos deles tão bem se houveram, no cumprimento dos seus deveres, que foram havidos como sendo o próprio Cristo em reencarnações sucessivas e periódicas.

10. Outro alerta que Emmanuel nos faz na referida obra é sobre a unidade substancial das religiões. Afirma o conhecido mentor espiritual que todos os livros e tradições religiosas da Antiguidade guardam entre si a mais estreita unidade substancial. As revelações evolucionam numa esfera gradativa de conhecimento e todas se referem ao Deus impersonificável, que é a essência da vida de todo o Universo.  

Apêndice 

Mito – É uma narração poética referente ao nascimento, vida e feitos dos antigos deuses e heróis do paganismo.

Mitologia – É o estudo dos mitos. Nem toda religião está ligada a uma mitologia, mas as religiões politeístas oferecem, em princípio, matéria própria à imaginação mítica.

Origens dos mitos – Guardam relação com a observação da natureza e seus variados e multiformes elementos. A imaginação humana personificou os fenômenos naturais e os imaginou como individualidades livres, independentes, cuja atuação estava submetida a invariáveis leis morais e dotadas de uma corporeidade muito próxima da forma humana.

Evolução dos mitos – A mitologia grega era muito mais rica que a dos romanos e de outros povos, devido ao fato de o espírito helênico ter sido altamente criador e o romano mais prático.

Fontes da mitologia – Baseiam-se no legado dos poetas gregos e latinos, dentre os quais se destaca Homero.

Como eram os deuses – A aparência dos deuses era totalmente humana, embora melhorada, mais bela e majestosa. Mais fortes, mais vigorosos, possuíam todas as faculdades humanas em escala ampliada. Necessitavam, como os homens, do sono, da comida e da bebida, e andavam vestidos, sobretudo as deusas, que escolhiam as vestes e os adornos com capricho. Seu nascimento era semelhante ao dos homens, mas os deuses eram precoces e o período da infância bem reduzido. Imortais, nunca envelheciam nem eram atingidos por doença alguma. Moralmente, eram muito superiores aos mortais, e porque a maldade, a impureza e a injustiça os aborreciam, não hesitavam em castigar as maldades e injustiças humanas. Os deuses, embora sua superioridade física, moral e espiritual, estavam presos aos seus destinos, fixados desde a eternidade e passavam a vida desocupados, buscando toda a sorte de divertimentos e passatempos.

Sacrifícios – Os povos primitivos e politeístas adoravam os deuses por meio de oferendas, cultos, rituais que, geralmente, comportavam sacrifícios de animais ou de seres humanos.

Respostas às questões propostas

1. Em que consiste o politeísmo?

Politeísmo é, como o próprio vocábulo indica, a crença religiosa em uma pluralidade de deuses, ou a adoração de mais de um deus.

2. Quantos e quais são os principais sistemas do politeísmo?

Os principais sistemas do politeísmo são: a idolatria – adoração de muitos deuses personificados por ídolos grosseiros; o sabeísmo – culto dos astros e do fogo; e o feiticismo ou fetichismo – adoração de tudo quanto impressiona a imaginação e a que se atribui poder.

3. Paganismo e politeísmo são a mesma coisa?

Em essência, sim, mas do ponto de vista histórico e teológico, não. Quando Constantino consagrou o Cristianismo como a nova religião do Império Romano os não-cristãos foram chamados de pagãos – adeptos do paganismo. Acabaram então sendo generalizados como pagãos tanto os politeístas propriamente ditos como os monoteístas não-cristãos.

4. Segundo J. Lubboch, a história religiosa da Humanidade divide-se em seis períodos. Quais são eles?

Eis os seis períodos, conforme J. Lubboch: 1o – ateísmo; 2o – fetichismo ou feiticismo (vocábulo que veio do português feitiço, sortilégio); 3o – culto da natureza; 4o – xamanismo (religião dos xamãs, feiticeiros profissionais); 5o – antropomorfismo; 6o – crença em um Deus criador e providencial.

5. Onde, segundo Emmanuel, se encontra a gênese das religiões da Humanidade?

A gênese de todas as religiões da Humanidade teve origem no coração augusto e misericordioso do Cristo, em face de ser ele o diretor espiritual do orbe terrestre e, à vista disso, por haver enviado, de tempos em tempos, mensageiros à Terra para ensinar e difundir as verdades evangélicas, que foram recepcionadas e interpretadas segundo o nível evolutivo de cada época. 

 

Bibliografia:

O Livro dos Espíritos,de Allan Kardec, questões 667 a 669.

A Caminho da Luz, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, pp. 17 a 33, 83 e 84.

Enciclopédia Delta Larousse, 2a edição, 1967, volume 4, pp. 1733 e 1780.

Dicionário de Ciências Sociais, FGV, 1986, pág. 921.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita