A Revue Spirite
de 1864
Allan Kardec
(Parte
17)
Damos prosseguimento
nesta edição ao estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1864. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 26
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. A música pode ajudar
no abrandamento dos
costumes?
Sim. Notícia divulgada
pela Revue revela
que em determinada casa
de detenção de Melun o
diretor fez com que a
música penetrasse nas
celas dos condenados e o
efeito foi muito grande
sobre o moral dos
detentos. Em Bicêtre,
segundo a mesma notícia,
a música era também
utilizada com sucesso no
tratamento dos internos.
Para estes, cantar era
uma festa e o caminho de
uma meia reabilitação
intelectual. Comentando
o assunto, Kardec
observa que em todos os
tempos tem-se
reconhecido a influência
salutar da música, pelo
abrandamento dos
costumes. Sua introdução
entre os criminosos
constituía um progresso
incontestável e só
poderia ter resultados
satisfatórios, porque a
música move as fibras
entorpecidas da
sensibilidade e as
predispõe a receber as
impressões morais.
(Revue Spirite de 1864,
pp. 257 a 261.)
B. No tocante ao
abrandamento citado na
questão anterior, a
música basta por si
mesma?
Não. Comentando a
notícia anteriormente
referida, Kardec disse
que a música por si só
não é suficiente para a
reabilitação daquelas
criaturas. É preciso
também falar-lhes à
alma, após haver
amolecido seu coração. O
que lhes falta é a fé em
Deus e no futuro, não
uma fé vaga, incerta,
mas uma fé baseada na
certeza, o que pode
torná-la inabalável.
Faz-se, pois, necessário
atingir o mal na sua
raiz.
(Obra citada, pág. 261.)
C. Há diferença entre o
louco e o indivíduo com
retardamento mental
(designado na época de
Kardec pelos vocábulos
idiota e cretino)?
Sim. Em se referindo aos
idiotas e cretinos, que
parecem votados pela
própria natureza a uma
nulidade moral absoluta,
o Espiritismo
experimental provou,
pelo isolamento do
Espírito e do corpo, que
eles são geralmente
Espíritos desenvolvidos
e não atrasados,
tão-somente unidos a
corpos imperfeitos. A
diferença entre o louco
e o cretino - esclarece
Kardec - é que o
primeiro, ao nascer, é
provido de órgãos
cerebrais constituídos
normalmente, mas que
mais tarde se
desorganizam, ao passo
que o segundo é um
Espírito encarnado num
corpo cujos órgãos,
atrofiados desde o
princípio, não lhe
permitem manifestar
livremente o pensamento.
O que falta ao idiota
não são as faculdades,
mas as cordas
cerebrais
correspondentes a essas
faculdades, para a sua
manifestação.
(Obra citada, pp. 262 e
263.)
Texto para leitura
198. A
Revue transcreve
interessante artigo
publicado originalmente
pelo Sr. Chadeuil na
Revue musical do
Siècle de 21-6-1864,
sobre a influência da
música sobre os
detentos, os loucos e os
idiotas. Em determinada
casa de detenção de
Melun o diretor fez com
que a música penetrasse
nas celas dos
condenados. O efeito foi
muito grande sobre o
moral dos detentos. (PP.
257 e 258)
199. Em vários
hospícios, notadamente
em Bicêtre - informa o
artigo -, a música era
também utilizada com
sucesso no tratamento
dos internos. Para
estes, cantar era uma
festa e o caminho de uma
meia reabilitação
intelectual. (P. 259)
200. Comentando o
assunto, Kardec observa
que em todos os tempos
tem-se reconhecido a
influência salutar da
música, pelo
abrandamento dos
costumes. Sua introdução
entre os criminosos
constituía um progresso
incontestável e só
poderia ter resultados
satisfatórios, porque a
música move as fibras
entorpecidas da
sensibilidade e as
predispõe a receber as
impressões morais. (P.
261)
201. Kardec diz, porém,
que a música por si só
não é suficiente para a
reabilitação dessas
criaturas, porque é
preciso falar à alma,
após haver amolecido o
coração. O que lhes
falta é a fé em Deus e
no futuro, não uma fé
vaga, incerta, mas uma
fé baseada na certeza, o
que pode torná-la
inabalável. Faz-se,
pois, necessário atingir
o mal na sua raiz. (P.
261)
202. Um dia - prevê
Kardec - será
reconhecida toda a
extensão do socorro a
encontrar nas ideias
espíritas, cuja
influência já está
provada pelas numerosas
transformações que
operam nas naturezas
mais rebeldes. O
Espiritismo já não se
achava no estado de
simples teoria e,
conforme os resultados
por ele produzidos,
podia-se afirmar sem
medo que a diminuição
dos crimes e delitos
seria proporcional à sua
divulgação, o que o
futuro se encarregaria
de demonstrar. (PP. 261
e 262)
203. No tocante à
loucura, afirma Kardec
que o Espiritismo veio
lançar uma luz
completamente nova sobre
as doenças mentais, ao
demonstrar a dualidade
do ser humano e a
possibilidade de se agir
isoladamente sobre o ser
espiritual e sobre o ser
material. (P. 262)
204. Em se referindo aos
idiotas e cretinos, que
parecem votados pela
própria natureza a uma
nulidade moral absoluta,
o Espiritismo
experimental prova, pelo
isolamento do Espírito e
do corpo, que eles são
geralmente Espíritos
desenvolvidos e não
atrasados, tão-somente
unidos a corpos
imperfeitos. (P. 262)
205. A
diferença entre o louco
e o cretino - esclarece
Kardec - é que o
primeiro, ao nascer, é
provido de órgãos
cerebrais constituídos
normalmente, mas que
mais tarde se
desorganizam, ao passo
que o segundo é um
Espírito encarnado num
corpo cujos órgãos,
atrofiados desde o
princípio, não lhe
permitem manifestar
livremente o pensamento.
O que falta ao idiota
não são as faculdades,
mas as cordas
cerebrais
correspondentes a essas
faculdades, para a sua
manifestação. (PP. 262 e
263)
206. A
cura radical do idiota
é, por isso, impossível;
tudo quanto se pode
esperar no seu
tratamento é uma ligeira
melhora. Não se
conhecendo nenhum
tratamento aplicável aos
órgãos, é ao Espírito
que devemos nos dirigir
quando deles cuidamos. A
música é um meio de agir
sobre os seus órgãos,
porque consegue abalar
essas fibras
entorpecidas, como um
grande ruído que chega
aos ouvidos de um surdo.
(P. 263)
207. A
Revue reproduz na
íntegra documento
publicado a 31 de julho
de 1864 no jornal El
Diário, de
Barcelona, de autoria do
Monsenhor Pantaleón
Monserra y Navarro,
bispo daquela cidade, o
qual, contendo as novas
ordenações da Igreja a
respeito do Espiritismo,
acusa a este de
ressuscitar as antigas
práticas da necromancia.
(PP. 264 a 273)
208. Rebatendo as
críticas mais
importantes contidas no
aludido documento,
Kardec esclarece que o
Espiritismo não saiu do
cérebro de nenhum homem.
“Se os Espíritos não se
tivessem manifestado por
si mesmos, não teria
havido Espiritismo”,
assevera o Codificador.
(P. 266)
209. Sua fácil
aceitação, longe de ser
uma anomalia, é uma
consequência de sua
natureza, que lhe dá
posição entre as
ciências de observação.
Sendo o Espiritismo uma
ciência ainda muito
jovem, era natural que
tivesse contra si a
oposição de muitos, que
Kardec classificou em 4
grupos: 1o,
os que creem na matéria
tangível e negam todo
poder intelectual fora
do homem; 2o,
certos sábios que pensam
que a natureza não tem
mais segredos para eles
ou que só a eles cabe
descobrir o que ainda
esteja oculto; 3o,
os que, em todos os
tempos, se esforçam por
deter a marcha
ascendente do espírito
humano, por temerem que
o desenvolvimento das
ideias lhes prejudique o
poder e os interesses;
4o, os
que, sem ideia
preconcebida e não o
conhecendo, julgam-no
pelo disfarce com que o
apresentam seus
adversários, com vistas
a desacreditá-lo. (P.
268)
(Continua no próximo
número.)