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Joias da poesia contemporânea
Ano 3 - N° 128 – 11 de Outubro de 2009
 

 

Carta ligeira

 Alfredo Nora

 

Meu Lasneau, não é bilhete,

Não é ofício, nem ata.

É o coração que desata

Meus pesares num lembrete.

1

Lasneau amigo, esta choça,

Onde a carne, breve, passa,

Cheia de lama e fumaça,

É minúscula palhoça.

 

A Terra, ante o sol da Graça,

É feio talhão de roça,

Detendo por balda nossa

Descrença, guerra e cachaça.

 

Agora é que entendo isso,

Mas é triste a fé sem viço

Que o sepulcro impõe à pressa...

 

Espere sem alvoroço,

Além da prisão de osso,

A vida real começa.

2

Oh! meu caro, se eu pudesse

Dizer tudo o que não disse,

Sem a velha esquisitice

Que inda agora me entontece!

 

Entretanto, é clara a messe

Da sementeira de asnice.

Perdi tempo em maluquice

E o tempo me desconhece.

 

É natural que padeça

A minha pobre cabeça

Perante a Luz, face a face.

 

Não me olvide em sua prece,

Desejo que a luta cesse,

Que a coisa melhore e... passe.

 

 

Alfredo José dos Santos Nora nasceu em 18 de novembro de 1881, no município de Piraí, Estado do Rio, e desencarnou em 13 de no­vembro de 1948. Poeta e jornalista, colaborou em várias revistas e jornais. Os versos acima integram o Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita