A Sra.
Marie-Anne-Adelaide
(1772-1848),
conhecida como a
profetisa (ou
sibila) de
Saint-Germain,
foi um exemplo
interessante de
paranormalidade,
ocorrido nos
sécs. XVIII e
XIX em França,
que naturalmente
deve muito nos
interessar,
confirmando que
as relações do
mundo espiritual
e do mundo
material sempre
existiram, antes
do advento do
Espiritismo.
Desde a
Antiguidade, as
pessoas que
tinham a
faculdade de
intermediar as
relações com o
mundo
espiritual, e
que hoje sabemos
serem os
médiuns, ficaram
conhecidas então
com os adjetivos
de bruxos e
feiticeiros,
profetas e
Elohins, em
Israel, Pitris e
Avatares na
Índia, os Kamis
no Japão, os
Ferouers na
Pérsia, os Manes
e Pitons na
Grécia, os
Penates e
Oráculos em Roma
e Idade Média.
No século XV,
muito conhecido
ficou o caso de
Joana d’Arc
(1412-1431),
queimada viva
por ouvir as
vozes dos
Espíritos.
Com relação à
profetisa de
Saint-Germain,
ela nasceu em
Alençon, França,
filha de um
comerciante,
tendo sido
educada num
convento de
religiosas
beneditinas.
Quando ficou
maior, seus pais
a colocaram na
casa de uma
costureira, para
acabar de
educá-la, mas
Marie-Anne não
se adaptou muito
a essa nova
vida,
alimentando o
sonho de viver
na famosa Paris,
a Capital do
mundo. Na
primeira
oportunidade,
Marie-Anne fugiu
de casa, tomando
o rumo da
capital da
França.
Conseguiu
encontrar
colocação numa
loja de
lingerie, onde
passou a
trabalhar.
Passado algum
tempo, começou
nela a
manifestar-se a
arte profética,
e logo começou a
dar suas
primeiras
consultas. Logo
sua reputação
cresceu,
fazendo-a
mudar-se de
casa, que
passou a ser
frequentada
então por altas
personagens da
história da
política
francesa, do
Diretório e do
Império. Em 1803
foi presa e, em
1832, foi
processada em
Bruxelas, na
Bélgica.
Escreveu livros,
que revelam uma
inteligência
penetrante, como
Souvenirs
prophétiques d’une
Sybille
(Lembranças
Proféticas de
uma Sibila),
1814; Oracles
Sibyllins
(Oráculos
Sibilinos),
1820, Memoires
Historiques et
Secretes de l’Impératrice
Josephine
(Memórias
Históricas e
Secretas da
Imperatriz
Josephine),
1820.
Tudo poderia
ficar numa
questão de
crença, onde
cada um pode ou
não aceitar as
faculdades dessa
senhora como
sendo legítimas.
O Espiritismo
diria que cada
um deve dar de
graça o que de
graça recebeu,
conforme ensinou
Jesus, mas isto
não significa
negar os
fenômenos que
historicamente
são autênticos.
Se cada um não
faz o que é
recomendável,
problema de
consciência
pessoal. A
profetisa de
Saint-Germain
parece estar
nesse caso, pois
ela cobrava, é
certo, mas é
verdade que ela
realizou
notáveis
profecias,
envolvendo
grandes nomes da
política
francesa.
Quem consultou a
sibila e duas de
suas profecias
As enciclopédias
europeias
registram
algumas
conhecidas
personalidades
da literatura e
da política
francesa que
procuraram a
profetiza de
Saint-Germain,
bem como
informam algumas
de suas
profecias.
Recorreram aos
seus dons as
seguintes
pessoas:
- os políticos e
revolucionários
franceses
Maximilien de
Robespierre
(1758-1794),
Louis Antoine
Léon Saint-Just
(1767-1794) e
Jean-Paul Marat
(1743-1793), a
primeira esposa
de Napoleão
Bonaparte
(1769-1821) e
imperatriz dos
franceses,
Josephine de
Beuharnais
(1763-1814), o
duque de Berry
Alexandre I
(1777-1825), a
escritora
francesa Mme de
Staël
(1766-1817), o
ator trágico
preferido de
Napoleão,
François Joseph
Talma
(1763-1826), o
pintor Louis
David
(1748-1825), e
muitos outros.
Com relação às
suas profecias,
que existem em
registros
históricos,
consta que ela
anunciou a
Robespierre e
Saint-Just a
tragédia deles
em cadafalso, o
que realmente
veio a se
cumprir em 1794,
quando eles
foram
guilhotinados em
praça pública.
Naturalmente,
não se tratou de
uma simples
previsão, tendo
em vista que
ambos, quando a
consultaram,
estavam em
situação
favorável na
política, pois
pertenciam ao
Comitê da
Salvação
Pública,
instalaram o
Terror, e foram
a verdadeira
inspiração para
ditadura dos
montanheses. A
previsão de
Marie-Anne, com
relação ao
destino deles,
foi sem dúvida
um efetiva visão
de futuro. Já
com relação à
viúva Josephine
de Beauharnais,
que a consultava
continuamente,
ela profetizou
as vitórias de
seu marido
Napoleão nas
batalhas com
países vizinhos,
como também
previu que eles
se separariam
pelo divórcio, o
que veio a
ocorrer em 1809.
Enfim, a julgar
pelo interesse
despertado por
ela em pessoas
conhecidas da
sociedade
francesa, e
porque algumas
de suas
profecias se
cumpriram
fielmente, tudo
indica que a
Profetisa de
Saint-Germain
era realmente
portadora de
mediunidade
premonitória, e
para o espírita
serve como mais
um registro de
que o
Espiritismo
começava a ser
preparado antes
de 1857, ano da
publicação de O Livro dos
Espíritos,
de Allan Kardec
(1804-1869),
demonstrando a
relação e a
influência do
mundo espiritual
no mundo
material.
Referências:
(1)
Enciclopédia
Europeu-Americana,
Ed. Espasa
Calpe, Madri,
Espanha, 1905,
vols. 29, pág.
1602.
(2)
Larousse
du XX Siècle,
Paris, França,
1933, vol. 4,
pág. 401.