ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A Evolução Anímica
Gabriel
Delanne
(Parte
8)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo do clássico A
Evolução Anímica,
que será aqui estudado
em 17 partes.
A fonte do estudo é a
8ª edição do livro,
baseada em tradução de
Manoel Quintão publicada pela Federação
Espírita Brasileira.
Questões preliminares
A. Como definir a força
vital?
A reprodução celular
opera-se de maneira
muito simples. Atingindo
um certo volume,
verifica-se uma ou mais
de uma divisão em sua
massa, que assim se
biparte ou multiparte.
Todos os organismos da
nossa época começam por
uma única célula: o ovo
vegetal ou animal. A
força vital é, pois, um
princípio e um efeito.
Princípio, por tornar-se
preciso um ser já
vivente para comunicar a
vida. Efeito, porque,
uma vez completada a
fecundação de um gérmen,
as leis físico-químicas
servem ao entretenimento
da vida.
(A Evolução Anímica, pp.
93 a 95.)
B. Em que momento o
princípio inteligente se
torna individualizado?
Enquanto a vida se
apresenta difusa, como
no caso dos animais
inferiores, e enquanto
todas as células podem
viver individualmente,
sem auxílio de outras, o
princípio inteligente
mal se revela nítido.
Mas, logo que surge o
sistema nervoso, desde o
instante em que as
funções animais nele se
concentram, a comunidade
viva transforma-se em
indivíduo, pois a partir
daí o princípio
inteligente assume a
direção do corpo e
manifesta a sua presença
com os primeiros
clarores do instinto.
(Obra citada, pág. 96.)
C. O princípio
inteligente reveste-se
sempre de um envoltório
fluídico?
Sim. O princípio
inteligente reveste-se
sempre de um envoltório
fluídico. Os episódios
relatados por Dassier e
sancionados pela lógica
não nos permitem duvidar
da realidade desse duplo
perispiritual.
(Obra citada, pp. 100 e
101.)
Texto para leitura
78. Para se compreender
bem o papel do sistema
nervoso no organismo e o
do perispírito, é
preciso ter em mente que
todos os tecidos dos
animais são formados de
células que não diferem
das vegetais senão pela
variedade de formas que
afetam as células
animais e por sua
membrana envoltória,
geralmente mais delgada.
As células compõem-se
sempre de três partes:
um núcleo interior,
sólido, um líquido que
banha esse núcleo, e uma
membrana que envolve o
todo. A parte
essencialmente viva é o
líquido, a que chamaram
protoplasma, que
constitui realmente o
fundamento da vida
orgânica. Enquanto ele
se mantiver vivente nos
milhões de células que
integram um corpo, esse
corpo viverá. A ser
exata a teoria da
evolução, a vida na
Terra deveria ter
começado pela formação
do protoplasma, o que é
um fato já verificado.
(Págs. 91 a 93)
79. As moneras são,
segundo Haeckel, os
seres mais simples que
se possam imaginar. São
massas pequeníssimas de
protoplasma, destituídas
de qualquer estrutura, e
cujos apêndices
proteiformes preenchem,
por sua vez, todas as
funções vitais e
animais: movimento de
sensibilidade,
assimilação e
eliminação, nutrição e
crescimento, reprodução.
Consideradas do ponto de
vista morfológico, seu
corpo é tão simples
quanto o de qualquer
cristal. Nem todas,
porém, apresentam o
mesmo grau de
simplicidade, havendo as
que possuem, no âmago da
massa, um núcleo bem
caracterizado: são as
células nuas, chamadas
amebas, que se encontram
na água comum e no
sangue dos animais.
(Pág. 93)
80. A
reprodução celular
opera-se de maneira
muito simples. Atingindo
um certo volume,
verifica-se uma ou mais
de uma divisão em sua
massa, que assim se
biparte ou multiparte.
Todos os organismos da
nossa época começam por
uma única célula: o ovo
vegetal ou animal.
(Pág. 93)
81. A
força vital é, pois,
como vimos, um princípio
e um efeito. Princípio,
por tornar-se preciso um
ser já vivente para
comunicar a vida.
Efeito, porque, uma vez
completada a fecundação
de um gérmen, as leis
físico-químicas servem
ao entretenimento da
vida. A força vital tem
uma existência certa,
pois cada ser reproduz
um ser semelhante e não
podemos dar vida a um
composto inorgânico.
Supondo que chegássemos
a fabricar um músculo
sensível, de feição a
produzir os mesmos
fenômenos que um músculo
natural, ele não poderia
regenerar-se, como se dá
com o organismo vivo.
Logo, embora opere e se
entretenha por meio de
leis naturais, o
princípio vital
distingue-se dessas
leis. Ele é uma força,
uma transformação
especial da energia, um
produto necessário da
evolução incessante.
(Pág. 95)
82. Degrau primário não
da organização, mas do
entretenimento e da
reparação da matéria
viva, é possível
encontrar laivos desse
princípio até na matéria
bruta, haja vista o
cristal, que pode
cicatrizar suas
fraturas, como mostrou
Pasteur. Quebrado em
qualquer parte, se o
colocarmos na solução de
sua origem, não só
cresce em todas as suas
faces, como desenvolve
na parte avariada um
trabalho ativíssimo que
repara o estrago e
restabelece a simetria.
(Pág. 95)
83. O princípio vital é,
pois, uma força
essencialmente
reparadora e é ele que,
nos vegetais e nos
animais, refaz as
células agregadas entre
si, em função de um
plano determinado. Ele é
de alguma sorte o
desenvolvimento, o grau
superior, a
transformação exaltada
do que denominamos
afinidade nos corpos
brutos. O fluido vital
age sobre as moléculas
orgânicas, como o fluido
magnético sobre as
poeiras metálicas. Se
negarmos a existência de
uma força vital, ainda
que imponderável, não é
possível compreender por
que um corpo vivo mantém
uma forma fixa,
invariável segundo a
espécie, apesar da
incessante renovação das
moléculas desse corpo.
(Pág. 96)
84. Enquanto a vida se
apresenta difusa, como
no caso dos animais
inferiores, e enquanto
todas as células podem
viver individualmente,
sem auxílio de outras, o
princípio inteligente
mal se revela nítido,
visto que nos seres
rudimentares apenas se
constata a
irritabilidade, isto é,
a reação a uma
influência exterior e
nenhuma sensibilidade
distinta. Mas, logo que
surge o sistema nervoso,
desde o instante em que
as funções animais nele
se concentram, a
comunidade viva
transforma-se em
indivíduo, pois a partir
daí o princípio
inteligente assume a
direção do corpo e
manifesta a sua presença
com os primeiros
clarores do instinto.
(Pág. 96)
85. Alguns zoófitos,
tais como as medusas e
os ouriços marinhos,
possuem alguns
lineamentos de sistema
nervoso, pelo que também
se lhes distinguem
rudimentos instintivos.
Esses seres bizarros
foram, por longo tempo,
desdenhados pelos
naturalistas, que não
viam neles mais que uma
geleia viva. A ciência
moderna penetrou, porém,
os mistérios do seu
organismo e determinou
que, mesmo entre os
seres mais simples,
incluindo aqueles nos
quais não se lobriga
sistema nervoso
distinto, o estômago é
sempre encontrado. As
actínias – flor das
pedras, anêmona-do-mar –
que se assemelham a
flores vivas e cujas
pétalas brilhantes são
dotadas de grande
motilidade (faculdade de
mover-se, força motriz),
são, na verdade,
estômagos organizados,
verdadeiras bolsas a
transmitirem sucos
nutritivos ao resto do
corpo. (Págs. 96 a
98)
86. É sob a influência
permanente, ativa,
incessante dos meios que
atuam sobre o animal, e
pela impulsão resultante
de necessidades sempre
renascentes, que as
espécies se transformam,
concentrando em órgãos
particulares as
diferentes faculdades
originariamente
confundidas entre si.
Eis, segundo Leuret, a
progressão dessas
faculdades: I – Vêm em
primeiro lugar os
animais que parecem
estabelecer uma
transição com a classe
inferior, apresentando
instintos só adstritos à
procura de alimento. (Anelídeos:
sanguessugas.) II –
Sensações mais extensas
e numerosas, construção
de um domicílio, extremo
ardor genético,
voracidade, crueldade
cega. (Crustáceos:
caranguejos.) III –
Sensações ainda mais
extensas, construção
domiciliar, voracidade,
ardil, astúcia. (Aracnídeos:
aranhas.) IV – Sensações
amplíssimas, domicílio,
vida de relação,
provisão de guerra e
defesa coletiva,
sociabilidade. (Insetos:
abelhas e formigas.)
(Págs. 98 a 100)
87. Uma íntima conexão
existe entre os seres
vivos, de sorte que os
animais sucedem às
plantas, havendo
organismos que parecem
participar das duas
naturezas. A força vital
que impregna o gérmen e
lhe dirige a evolução
não basta, porém, para
explicar os instintos
assinalados no animal
nem as manifestações
inteligentes. Atribuímos
esses fatos ao
desenvolvimento do
princípio anímico. O
princípio inteligente
reveste-se sempre de um
envoltório fluídico. Os
episódios relatados por
Dassier e sancionados
pela lógica não nos
permitem duvidar da
realidade desse duplo
perispiritual. (Págs.
100 e 101)
88. Nos primórdios da
vida, o fluido
perispiritual está
misturado aos fluidos
mais grosseiros do mundo
imponderável. Podemos
compará-lo a um vapor
fuliginoso a empanar as
radiações da alma. Como
ele se encontra
intimamente unido ao
princípio espiritual,
este não pode manifestar
livremente as faculdades
que possui em gérmen,
impedido pela espessa
materialidade do cárcere
fluídico. (Pág. 101)
(Continua no próximo
número.)