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Clássicos do Espiritismo
Ano 3 - N° 129 – 18 de Outubro de 2009

ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A Evolução Anímica

  Gabriel Delanne

 (Parte 8)

Damos continuidade nesta edição ao estudo do clássico A Evolução Anímica, que será aqui estudado em 17 partes. A fonte do estudo é a 8ª edição do livro, baseada em tradução de Manoel Quintão publicada pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Como definir a força vital?

A reprodução celular opera-se de maneira muito simples. Atingindo um certo volume, verifica-se uma ou mais de uma divisão em sua massa, que assim se biparte ou multiparte. Todos os organismos da nossa época começam por uma única célula: o ovo vegetal ou animal. A força vital é, pois, um princípio e um efeito. Princípio, por tornar-se preciso um ser já vivente para comunicar a vida. Efeito, porque, uma vez completada a fecundação de um gérmen, as leis físico-químicas servem ao entretenimento da vida. (A Evolução Anímica, pp. 93 a 95.) 

B. Em que momento o princípio inteligente se torna individualizado?

Enquanto a vida se apresenta difusa, como no caso dos animais inferiores, e enquanto todas as células podem viver individualmente, sem auxílio de outras, o princípio inteligente mal se revela nítido. Mas, logo que surge o sistema nervoso, desde o instante em que as funções animais nele se concentram, a comunidade viva transforma-se em indivíduo, pois a partir daí o princípio inteligente assume a direção do corpo e manifesta a sua presença com os primeiros clarores do instinto. (Obra citada, pág. 96.) 

C. O princípio inteligente reveste-se sempre de um envoltório fluídico?

Sim. O princípio inteligente reveste-se sempre de um envoltório fluídico. Os episódios relatados por Dassier e sancionados pela lógica não nos permitem duvidar da realidade desse duplo perispiritual. (Obra citada, pp. 100 e 101.)

Texto para leitura 

78. Para se compreender bem o papel do sistema nervoso no organismo e o do perispírito, é preciso ter em mente que todos os tecidos dos animais são formados de células que não diferem das vegetais senão pela variedade de formas que afetam as células animais e por sua membrana envoltória, geralmente mais delgada. As células compõem-se sempre de três partes: um núcleo interior, sólido, um líquido que banha esse núcleo, e uma membrana que envolve o todo. A parte essencialmente viva é o líquido, a que chamaram protoplasma, que constitui realmente o fundamento da vida orgânica. Enquanto ele se mantiver vivente nos milhões de células que integram um corpo, esse corpo viverá. A ser exata a teoria da evolução, a vida na Terra deveria ter começado pela formação do protoplasma, o que é um fato já verificado. (Págs. 91 a 93) 

79. As moneras são, segundo Haeckel, os seres mais simples que se possam imaginar. São massas pequeníssimas de protoplasma, destituídas de qualquer estrutura, e cujos apêndices proteiformes preenchem, por sua vez, todas as funções vitais e animais: movimento de sensibilidade, assimilação e eliminação, nutrição e crescimento, reprodução. Consideradas do ponto de vista morfológico, seu corpo é tão simples quanto o de qualquer cristal. Nem todas, porém, apresentam o mesmo grau de simplicidade, havendo as que possuem, no âmago da massa, um núcleo bem caracterizado: são as células nuas, chamadas amebas, que se encontram na água comum e no sangue dos animais. (Pág. 93) 

80. A reprodução celular opera-se de maneira muito simples. Atingindo um certo volume, verifica-se uma ou mais de uma divisão em sua massa, que assim se biparte ou multiparte. Todos os organismos da nossa época começam por uma única célula: o ovo vegetal ou animal. (Pág. 93) 

81. A força vital é, pois, como vimos, um princípio e um efeito. Princípio, por tornar-se preciso um ser já vivente para comunicar a vida. Efeito, porque, uma vez completada a fecundação de um gérmen, as leis físico-químicas servem ao entretenimento da vida. A força vital tem uma existência certa, pois cada ser reproduz um ser semelhante e não podemos dar vida a um composto inorgânico. Supondo que chegássemos a fabricar um músculo sensível, de feição a produzir os mesmos fenômenos que um músculo natural, ele não poderia regenerar-se, como se dá com o organismo vivo. Logo, embora opere e se entretenha por meio de leis naturais, o princípio vital distingue-se dessas leis. Ele é uma força, uma transformação especial da energia, um produto necessário da evolução incessante. (Pág. 95) 

82. Degrau primário não da organização, mas do entretenimento e da reparação da matéria viva, é possível encontrar laivos desse princípio até na matéria bruta, haja vista o cristal, que pode cicatrizar suas fraturas, como mostrou Pasteur. Quebrado em qualquer parte, se o colocarmos na solução de sua origem, não só cresce em todas as suas faces, como desenvolve na parte avariada um trabalho ativíssimo que repara o estrago e restabelece a simetria. (Pág. 95) 

83. O princípio vital é, pois, uma força essencialmente reparadora e é ele que, nos vegetais e nos animais, refaz as células agregadas entre si, em função de um plano determinado. Ele é de alguma sorte o desenvolvimento, o grau superior, a transformação exaltada do que denominamos afinidade nos corpos brutos. O fluido vital age sobre as moléculas orgânicas, como o fluido magnético sobre as poeiras metálicas. Se negarmos a existência de uma força vital, ainda que imponderável, não é possível compreender por que um corpo vivo mantém uma forma fixa, invariável segundo a espécie, apesar da incessante renovação das moléculas desse corpo. (Pág. 96) 

84. Enquanto a vida se apresenta difusa, como no caso dos animais inferiores, e enquanto todas as células podem viver individualmente, sem auxílio de outras, o princípio inteligente mal se revela nítido, visto que nos seres rudimentares apenas se constata a irritabilidade, isto é, a reação a uma influência exterior e nenhuma sensibilidade distinta. Mas, logo que surge o sistema nervoso, desde o instante em que as funções animais nele se concentram, a comunidade viva transforma-se em indivíduo, pois a partir daí o princípio inteligente assume a direção do corpo e manifesta a sua presença com os primeiros clarores do instinto. (Pág. 96) 

85. Alguns zoófitos, tais como as medusas e os ouriços marinhos, possuem alguns lineamentos de sistema nervoso, pelo que também se lhes distinguem rudimentos instintivos. Esses seres bizarros foram, por longo tempo, desdenhados pelos naturalistas, que não viam neles mais que uma geleia viva. A ciência moderna penetrou, porém, os mistérios do seu organismo e determinou que, mesmo entre os seres mais simples, incluindo aqueles nos quais não se lobriga sistema nervoso distinto, o estômago é sempre encontrado. As actínias – flor das pedras, anêmona-do-mar – que se assemelham a flores vivas e cujas pétalas brilhantes são dotadas de grande motilidade (faculdade de mover-se, força motriz), são, na verdade, estômagos organizados, verdadeiras bolsas a transmitirem sucos nutritivos ao resto do corpo. (Págs. 96 a 98) 

86. É sob a influência permanente, ativa, incessante dos meios que atuam sobre o animal, e pela impulsão resultante de necessidades sempre renascentes, que as espécies se transformam, concentrando em órgãos particulares as diferentes faculdades originariamente confundidas entre si. Eis, segundo Leuret, a progressão dessas faculdades: I – Vêm em primeiro lugar os animais que parecem estabelecer uma transição com a classe inferior, apresentando instintos só adstritos à procura de alimento. (Anelídeos: sanguessugas.) II – Sensações mais extensas e numerosas, construção de um domicílio, extremo ardor genético, voracidade, crueldade cega. (Crustáceos: caranguejos.) III – Sensações ainda mais extensas, construção domiciliar, voracidade, ardil, astúcia. (Aracnídeos: aranhas.) IV – Sensações amplíssimas, domicílio, vida de relação, provisão de guerra e defesa coletiva, sociabilidade. (Insetos: abelhas e formigas.) (Págs. 98 a 100) 

87. Uma íntima conexão existe entre os seres vivos, de sorte que os animais sucedem às plantas, havendo organismos que parecem participar das duas naturezas. A força vital que impregna o gérmen e lhe dirige a evolução não basta, porém, para explicar os instintos assinalados no animal nem as manifestações inteligentes. Atribuímos esses fatos ao desenvolvimento do princípio anímico. O princípio inteligente reveste-se sempre de um envoltório fluídico. Os episódios relatados por Dassier e sancionados pela lógica não nos permitem duvidar da realidade desse duplo perispiritual. (Págs. 100 e 101) 

88. Nos primórdios da vida, o fluido perispiritual está misturado aos fluidos mais grosseiros do mundo imponderável. Podemos compará-lo a um vapor fuliginoso a empanar as radiações da alma. Como ele se encontra intimamente unido ao princípio espiritual, este não pode manifestar livremente as faculdades que possui em gérmen, impedido pela espessa materialidade do cárcere fluídico. (Pág. 101) (Continua no próximo número.)


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita