MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
8)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Por que Blandina se
dedicava ao trabalho com
as crianças?
Ela disse que, embora
tivesse sido casada em
sua última existência,
não fora mãe. "Não pude
acariciar um filhinho,
em meus sonhos recentes
de mulher", informou a
educadora, "mas hoje sei
que preciso reeducar-me
no amor de mãe,
consoante os débitos
que contraí no passado".
"Realmente, sinto grande
afeição pelas crianças,
contudo, tenho
igualmente enormes
dívidas morais para com
elas..."
(Entre a Terra e o Céu,
cap. X, pp. 65 a 67.)
B. Que importância tem o
trabalho na evolução dos
Espíritos?
Importância muito
grande. "A evolução, a
competência, o
aprimoramento e a
sublimação resultam do
trabalho incessante”,
afirmou Blandina.
“Quanto mais se nos
avulta o conhecimento,
mais nos sentimos
distanciados do repouso.
A inércia opera a
coagulação de nossas
forças mentais, nos
planos mais baixos da
vida. O serviço é a
nossa bênção."
(Obra citada, cap. XI,
pp. 68 e 69.)
C. Quais são as missas
mais favoráveis ao
concurso espiritual?
Frequentemente, segundo
Mariana, as missas
humildes, realizadas aos
primeiros cânticos da
manhã, são as mais
favoráveis ao concurso
espiritual. "Quando a
missa obedece a pura
convenção social,
funcionando como
exibição de vaidade ou
poder, a nossa
colaboração resulta
invariavelmente nula",
explicou a benfeitora. É
o caso, por exemplo,
segundo ela mesma
referiu, dos atos
bajulatórios a políticos
astuciosos e aos
magnatas do ouro que, em
verdade, constituem
reais sacrilégios em
nome do Senhor.
(Obra citada, cap. XI,
pp. 70 a 72.)
Texto
para leitura
28. Reparações e
reajustamento -
Ante as explicações
dadas por Blandina,
André declarou ser
possível entender com
mais segurança os
processos dolorosos das
enfermidades congênitas
e das moléstias
insidiosas que assaltam
a meninice no mundo,
como o mongolismo, a
epilepsia, a meningite,
a lepra, o câncer...
Hilário aludiu, também,
aos desastres
irremediáveis que
arrebatam adoráveis
flores do lar, deixando
inconsoláveis pais e
mães... São as
reparações que nos
martirizam na carne, sem
as quais – asseverou
Blandina – "não
atingiríamos o próprio
reajustamento".
Clarêncio esclareceu:
"Cada qual de nós
renasce na Terra a
exprimir na matéria
densa o patrimônio de
bens ou males que
incorporamos aos tecidos
sutis da alma. A
patogenia, na essência,
envolve estudos que
remontam ao corpo
espiritual, para que não
seja um quadro de
conclusões falhas ou de
todo irreais. Voltando à
Terra, atraímos os
acontecimentos
agradáveis ou
desagradáveis, segundo
os títulos de trabalho
que já conquistamos ou
conforme as nossas
necessidades de
redenção". E, bem
humorado, acentuou: "A
carne, de certo modo, em
muitas circunstâncias
não é apenas um vaso
divino para o
crescimento de nossas
potencialidades, mas
também uma espécie de
carvão milagroso,
absorvendo-nos os
tóxicos e resíduos de
sombra que trazemos no
corpo substancial". Por
fim, ante uma pergunta
de André, Blandina
explicou por que se
dedicava àquele trabalho
de tanta complexidade. A
jovem apagou a luz do
sorriso que lhe adornava
o semblante, como flor
aberta que de repente se
fechasse, e contou ter
sido casada em sua
última existência, da
qual retornara fazia
apenas três anos. "Não
pude acariciar um
filhinho, em meus sonhos
recentes de mulher",
informou a educadora,
"mas hoje sei que
preciso reeducar-me no
amor de mãe, consoante
os débitos que contraí
no passado". "Realmente,
sinto grande afeição
pelas crianças, contudo,
tenho igualmente enormes
dívidas morais para com
elas..." (Cap. X, págs.
65 e 67)
29. A
evolução resulta do
trabalho incessante
- O Lar da Bênção, onde
Blandina cuidava
pessoalmente de doze
crianças, atendia na
época mais de duas mil
crianças. O educandário
era formado por um
conjunto de lares, nos
quais muitas almas
femininas se reajustavam
para a venerável missão
da maternidade,
atendendo a multidões de
meninos que se
destinavam, quase
todos, ao retorno à
Terra. A direção central
do educandário não
residia ali. "O parque é
uma das várias
dependências de vasto
estabelecimento de
assistência e educação,
do qual somos hoje
tutelados", informou
Blandina. Na verdade,
trata-se de uma larga
escola, dotada com
todos os recursos
indispensáveis ao
aproveitamento dos que
ali estagiam. Até cursos
primários de
alfabetização o
educandário mantém. A
explicação é simples: é
preciso movimentar todas
as medidas de
despertamento espiritual
ao alcance dos Espíritos
que ali trabalham. "A
cultura intelectual pode
não ser condição básica
de nossa felicidade",
observou Blandina, "no
entanto, é imperativo de
engrandecimento de nossa
alma. Quem não sabe ler,
não sabe ver como deve".
E ajuntou: "A evolução,
a competência, o
aprimoramento e a
sublimação resultam do
trabalho incessante.
Quanto mais se nos
avulta o conhecimento,
mais nos sentimos
distanciados do repouso.
A inércia opera a
coagulação de nossas
forças mentais, nos
planos mais baixos da
vida. O serviço é a
nossa bênção". Mariana,
a avó de Blandina,
respondendo a uma
pergunta de Hilário,
informou que cooperava,
ali, com os serviços de
sua neta, mas sua
principal tarefa se
verificava num templo
católico, a que se
vinculou profundamente,
quando de sua última
encarnação. (Cap. XI,
págs. 68 e 69)
30. O valor da
missa católica -
A alusão feita por
Mariana ao catolicismo
suscitou uma observação
de Clarêncio: "o auxílio
divino é como o Sol,
irradiando-se para
todos". "As instituições
e as almas que se voltam
para o Pai Celestial
recebem o suprimento de
recursos de que
necessitam, segundo as
possibilidades de
recepção que
demonstrem." Hilário
estava, porém, curioso
por saber como se
processa o auxílio
espiritual nas igrejas,
uma vez que a
comunicação direta é ali
vedada. "Muito
simplesmente –
esclareceu Mariana –; o
culto da oração é o meio
mais seguro para a nossa
influência. A mente que
se coloca em prece
estabelece um fio de
intercâmbio natural
conosco...". O
pensamento era a chave
dessa assistência. "A
intuição beneficia em
toda parte, e, quanto
mais alto é o teor de
qualidades nobres na
criatura, mais ampla é a
zona lúcida de que se
serve para registrar o
socorro espiritual",
acrescentou Mariana,
informando que,
efetivamente, o culto
público, qual vinha
sendo realizado nas
igrejas, não favorecia o
contacto das forças
superiores com a mente
popular. Os interesses
rasteiros, a
preocupação de riqueza e
pompa, o apego a
exterioridades, tudo
isso constitui
obstáculos, mas é sempre
possível fazer algo em
benefício do próximo.
Aludindo diretamente às
missas, Mariana
esclareceu: "Quando a
missa obedece a pura
convenção social,
funcionando como
exibição de vaidade ou
poder, a nossa
colaboração resulta
invariavelmente nula".
É o caso, por exemplo,
segundo ela mesma
referiu, dos atos
bajulatórios a políticos
astuciosos e aos
magnatas do ouro que, em
verdade, constituem
reais sacrilégios em
nome do Senhor. "Mas, se
o ato religioso é
simples, partilhado por
mentes e corações
sinceros, inclinados à
caridade evangélica e
centralizados na luz da
oração, com os melhores
sentimentos que possuem,
o culto se reveste de
grande valor, pelas
vibrações de paz e
carinho que arremessa na
direção daquele a quem é
endereçado." Dito isso,
Mariana revelou que,
frequentemente, as
missas humildes,
realizadas aos primeiros
cânticos da manhã, são
as mais favoráveis ao
concurso espiritual.
(Cap. XI, págs. 70 a
72)
31. Poucos
praticam a religião
- Hilário aproveitou o
ensejo e formulou uma
pergunta interessante,
ligada à questão dos
nomes dos patronos
ligados às várias
igrejas. Por exemplo, um
templo foi erguido à
memória de Gerardo
Majela. "Isso expressa
uma obrigação para o
grande místico
europeu?" Mariana
respondeu dizendo que
certamente tal fato não
constitui uma obrigação
escravizante, mas um
serviço que honra o nome
do patrono e que
merecerá deste certo
reconhecimento, mesclado
de responsabilidade.
Todo trabalho do bem,
qualquer que seja,
permanece ligado a
Jesus. No entanto, se
algum servo do Senhor
está ligado a alguma
obra, evidente que tanto
quanto lhe seja possível
desdobrar-se-á para
enriquecê-la de
bênçãos... E se o
santuário for dedicado a
um suposto herói da
virtude, sem mérito
bastante, à frente do
Senhor? Mariana
esclareceu: "Numa
contingência dessas,
mensageiros de Jesus
responsabilizar-se-iam
pela instituição,
distribuindo aí os
benefícios adequados aos
merecimentos e
necessidades de cada
um". Com relação à
assistência às igrejas,
Mariana explicou que o
trabalho espiritual é
complexo e se divide em
múltiplos setores, não
estando restrito à
esfera da experiência
física. "Inumeráveis são
as almas que, desligadas
do corpo, recorrem aos
altares, implorando
esclarecimento...
Outras, depois da morte,
confiam-se a
desequilibradas emoções,
invocando a proteção dos
Espíritos
santificados... É
preciso corrigir aqui e
ajudar além...",
informou. "A maioria
das pessoas aceita a
religião, mas não se
preocupa em praticá-la.
Daí nasce o terrível
aumento das aflições e
dos enigmas." Hilário
quis saber, por fim, se
Mariana achava a
organização católica
suficiente para conduzir
o mundo moderno. A avó
de Blandina sorriu com
tristeza e ponderou:
"Meu amigo, entre
cooperar e aprovar, há
sensível diferença. A
sociedade ajuda a
criança sem
infantilizar-se. As
igrejas nascidas do
Cristianismo caminham
para grande renovação. O
progresso assim exige.
As ideias de céu e
inferno e os excessos de
natureza política, na
hierarquia
eclesiástica,
estabeleceram grandes
perturbações para a alma
popular. Entretanto,
cabe-nos considerar as
religiões que envelhecem
como frutos fortemente
amadurecidos. A polpa
alterada pelo tempo deve
ser colocada à margem,
contudo, as sementes são
indispensáveis à
produção do futuro.
Auxiliemos as igrejas
antigas, em vez de
acusá-las". "Todos
somos filhos do Pai
Celestial e onde houver
o mínimo gérmen de
Cristianismo aí
surgirão recursos de
recuperação do homem e
da coletividade para o
Cristo, Nosso Senhor."
(Cap. XI, págs. 72 a 74)
(Continua no próximo
número.)