234. Dito isto, Kardec
afirma que, no fenômeno
em causa, restava ainda
um ponto a esclarecer: o
da previsão das coisas
futuras. Lembrando que,
em princípio, o futuro é
oculto ao homem e só
excepcionalmente lhe é
revelado, o Codificador
remete o leitor ao
artigo sobre a teoria da
presciência, publicado
em maio de 1864, no qual
a questão é tratada de
maneira completa,
advertindo, por fim, que
seria uma imprudência
confiar de maneira
absoluta nessas
predições. (P. 299)
235. Em interessante
artigo, publicado
originalmente na
Presse Littéraire,
Émile Deschamps
escreve sobre a
transmissão do
pensamento, cujos
exemplos - segundo
Kardec - já eram então
muito frequentes, embora
a ciência não lhe
concedesse qualquer
atenção. (PP. 299 a 302)
236. “No dia em que
essas relações forem
reconhecidas como lei
fisiológica, ver-se-á
realizar um imenso
progresso”, previu
Kardec, porque a ciência
terá então a chave de
uma porção de efeitos
aparentemente
misteriosos que preferia
negar, por não sabê-los
explicar. (P. 302)
237. Examinando o caso
narrado pelo Sr.
Deschamps, Kardec afirma
que, para que ele
pudesse ler tão
claramente no pensamento
da jovem referida em seu
relato, era preciso um
intermediário entre
ambos, um elo qualquer,
elo esse que não passa
da radiação fluídica que
dá a visão espiritual,
não barrada pelos corpos
materiais. (P. 302)
238. Poderia o Sr.
Deschamps ler com a
mesma facilidade o
pensamento de todo o
mundo? Certamente que
não, porque, de um
indivíduo a outro, podem
existir relações
fluídicas que facilitem
essa transmissão e não
havê-las do mesmo
indivíduo para uma outra
pessoa. (P. 303)
239. Dissertando sobre o
papel do Espiritismo no
mundo, o Espírito de
Mesmer adverte que o
Espiritismo, em tudo e
por tudo, é o
espiritualismo do
Cristianismo e seu
grande objetivo “não é
dar montes de ouro a um
e deixar a consciência
de um ser fraco à
vontade de um ser
forte”. “Se o
Espiritismo proporciona
satisfações - diz Mesmer
-, são as da calma, da
esperança e da fé; se às
vezes adverte por
pressentimentos, ou pela
visão adormecida ou
desperta, é que os
Espíritos sabem
perfeitamente que um
caso de socorro e
particular não
transtornará a
superfície do globo.”
(PP. 303 e 304)
240. Comentando a
mensagem de Mesmer,
Kardec afirma que,
devido à condição de
inferioridade em que se
acham os homens na
Terra, a penetração do
pensamento, se fosse
geral, constituiria um
perigo, em face dos
abusos que engendraria.
Mas Deus, que é
soberanamente bom, mede
a extensão dessa
faculdade pela nossa
fraqueza. (P. 304)
241. Cedendo a
insistentes pedidos dos
confrades da Bélgica,
Kardec visitou as
cidades de Bruxelas e
Antuérpia, onde pôde
constatar de modo
favorável o
desenvolvimento do
Espiritismo naquele
país. No retorno a
Paris, chegou-lhe uma
mensagem dos membros da
Sociedade Espírita de
Bruxelas que muito o
comoveu: “Comemorando
vossa viagem à Bélgica,
nosso grupo decidiu
fundar um leito de
criança na creche de
Saint Josse Tennoode”.
(PP. 304 e 305)
242. Em Antuérpia, onde
o número de adeptos era
maior, vários grupos
tinham por nome títulos
especiais e
característicos: um é
A Fraternidade,
outro Amor e Caridade
etc. O grupo
Amor e Caridade,
provando que seu nome
constituía uma bandeira
de trabalho, tinha por
objetivo especial a
caridade material, sem
prejuízo das instruções
dos Espíritos, que eram
ali, de certo modo, a
parte acessória. Sua
organização era muito
simples, mas com
excelentes resultados.
Como o grupo levava o
socorro material a
domicílio, muitas vezes
os próprios Espíritos
indicaram-lhe nomes e
endereços de pessoas
necessitadas. (P. 305)
243. Advertindo os
grupos espíritas
nascentes para a
necessidade de
homogeneidade e comunhão
de pensamentos e
sentimentos, Kardec
assevera que tal
providência é a condição
sine qua non de
estabilidade e
vitalidade dos grupos, e
para o qual todos os
esforços devem ser
dirigidos. (P. 306)
244. Entendendo que,
para atingir esse
objetivo, os grupos
menores reúnem melhores
condições do que os
grupos mais numerosos, o
Codificador afirma:
“Melhor será, numa
cidade, haver cem grupos
de dez a vinte adeptos,
dos quais nenhum
pretende a supremacia
sobre os outros, do que
uma sociedade única, que
reunisse todos”. “Esse
fracionamento em nada
prejudicará a unidade
dos princípios, desde
que a bandeira seja
única e todos marchem
para o mesmo objetivo.”
(P. 306)
245. Em Antuérpia,
Kardec conheceu um
médium tiptólogo dotado
de uma faculdade
especialíssima. Eis como
ele agia: I) A indicação
das letras era feita por
batidas do pé da
mesinha, mas com tal
rapidez que quase
igualava a da escrita.
II) Quase sempre o
Espírito ditava palavras
e frases começando pela
última letra (veja
exemplo na pág. 389).
III) Além da rapidez com
que os golpes eram
dados, a maneira de
proceder abreviava muito
a operação. Como a
mesinha possuía três
pés, o alfabeto foi
dividido em três séries:
a primeira, de A a H; a
segunda, de I a P; a
terceira, de Q a Z. Para
indicar a letra T, por
exemplo, em vez de dar
20 batidas, o pé
incumbido da terceira
série batia apenas 4
vezes. (PP. 307 e 308)
(Continua no próximo
número.)