Faz 160 anos que as
irmãs Fox foram
publicamente
investigadas
O fato ocorreu na cidade
norte-americana de Rochester, no Corinthian
Hall, diante de um
público numeroso e uma
comissão formada
especialmente para
conduzir a investigação
Em 14 de novembro de
1849, exatamente 160
anos atrás, os espíritas
realizaram a sua
primeira reunião no Corinthian Hall
(foto), o maior
auditório disponível em Rochester, quando as
célebres irmãs Fox –
Margaret e Kate -
realizaram as primeiras
demonstrações públicas
de suas faculdades
mediúnicas. |
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O registro desse fato,
importante na história
do Espiritismo, consta
do cap. 4 de um dos
clássicos da literatura
espírita, História do
Espiritismo, de
Arthur Conan Doyle, o
festejado escritor que
se consagrou pela
criação do detetive
Sherlock Holmes e suas
histórias.
Hydesville era naquela
época um vilarejo típico
do Estado de New York, com uma população
primitiva, certamente
semieducada,
|
mas livre
de preconceitos e mais
receptiva às novas
ideias do que qualquer
outro povo da época. |
O povoado, situado a
cerca de 20 milhas da
nascente cidade de
Rochester, consistia de
um grupo de casas de
madeira, de tipo muito
humilde. Pois foi numa
dessas casas que se
iniciou o
desenvolvimento de uma
série de fenômenos que
daria, mais tarde,
origem à Doutrina
Espírita.
A casa era habitada por
uma família de
fazendeiros de nome Fox
— um nome que, por
curiosa coincidência,
tinha sido registrado na
história religiosa como
o do apóstolo dos
shakers. Além de pai e
mãe, de religião
metodista, havia duas
filhas morando na casa
ao tempo em que as
manifestações atingiram
tal ponto de intensidade
que atraíram a atenção
geral. Eram as meninas
Margaret, de 14 anos e
Kate, de 11. Havia
vários
outros
filhos e filhas
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que não residiam
ali, uma das
quais, de nome
Leah, ensinava
música em
Rochester. |
A família Fox alugou a
casa em 11 de dezembro
de 1847, mas só no ano
seguinte foi que os
ruídos notados por
antigos inquilinos
voltaram a ser ouvidos.
Consistiam de ruídos de
arranhadura que
pareceriam sons pouco
naturais para serem
produzidos por
visitantes de fora.
Parece que tais ruídos
não incomodaram a
família Fox até meados
de março de 1848. Dessa
data em diante, porém,
eles cresceram
continuamente de
intensidade. Às vezes
eram simples batidas;
outras vezes soavam como
o arrastar de móveis. As
meninas ficavam tão
alarmadas que se
recusavam a dormir
separadas e iam para o
quarto dos pais. Tão
vibrantes eram os sons
que as camas tremiam e
se moviam.
Finalmente, na noite de
31 de março de 1848
houve uma irrupção de
inexplicáveis sons altos
e continuados
Foram feitas todas as
investigações possíveis:
o marido esperava de um
lado da porta e a mulher
do outro, mas os
arranhões ainda
continuavam. Logo se
espalhou que a luz do
dia era inimiga dos
fenômenos, o que
reforçou a ideia de
fraude, mas toda solução
possível foi
experimentada e falhou.
Finalmente, na noite de
31 de março de 1848
houve uma irrupção de
inexplicáveis sons muito
altos e continuados. Foi
nessa noite que um dos
grandes pontos da
evolução psíquica foi
alcançado, porque foi
nessa mesma ocasião que
a jovem Kate Fox
desafiou a força
invisível a repetir as
batidas que ela dava com
os dedos. Conquanto o
desafio da mocinha
tivesse sido feito em
palavras brandas, ele
foi imediatamente
respondido. Cada pedido
era respondido por um
golpe. Posto que
humildes os operadores
de ambos os lados, a
telegrafia espiritual
estava funcionando.
A Sra. Fox ficou
admirada com aquele
resultado e a posterior
descoberta de que aquela
força, ao que parecia,
era capaz de ver e
ouvir, pois, quando Kate
dobrava o dedo sem
barulho, o arranhão
respondia. A mãe fez,
então, uma série de
perguntas, cujas
respostas, dadas por
meio de pancadas,
mostravam maior
conhecimento de seus
próprios negócios do que
ela mesma o possuía,
pois os arranhões
insistiam em que ela
tinha tido sete filhos,
enquanto ela protestava
que só tinha tido seis,
até que veio à sua mente
um que havia morrido em
tenra idade.
Tendo-se formado uma
espécie de comissão de
investigação, aquela
gente, na maliciosa
feição ianque, levou
parte da noite de 31 de
março num jogo de
perguntas e respostas
com a inteligência
invisível. Conforme sua
própria declaração, ele
era um Espírito; tinha
sido assassinado naquela
casa; indicou o nome do
antigo inquilino que o
matara; tinha então —
cinco anos passados —
trinta e um anos de
idade; fora assassinado
por causa de dinheiro;
tinha sido enterrado
numa adega, a dez pés de
profundidade.
Um vizinho, chamado
Duesler, foi quem pela
primeira vez usou o
alfabeto para obter
respostas por meio de
arranhões nas letras.
Assim foi obtido o nome
do morto: Charles B.
Rosma. A ideia de
coordenar as mensagens
só se desenvolveu quatro
meses mais tarde, quando
Isaac Post, um quaker de
Rochester, tomou a
direção.
Em poucas palavras,
estes foram os
acontecimentos de 31 de
março de 1848, que
continuaram e se
confirmaram na noite
seguinte, quando não
menos de duzentas
pessoas se reuniram em
volta da casa.
A assistência ouviu com
atenção a exposição
feita pelo
Sr. Capron, de Auburn, o
orador principal
No dia 2 de abril foi
constatado, então, que
os arranhões tanto se
produziam de dia quanto
de noite.
Numa das primeiras
comunicações recebidas
pelas irmãs Fox foi
afirmado que “as
comunicações não se
limitariam a elas;
espalhar-se-iam pelo
mundo”. De fato, num
lapso de tempo
incrivelmente curto, com
muitas excentricidades e
fases de fanatismo, ele
tinha varrido o Norte e
o Leste dos Estados
Unidos, sempre mostrando
um núcleo sólido de
fatos tangíveis, que, se
ocasionalmente podiam
ser simulados por
impostores, podiam
sempre ser verificados
por investigadores
honestos e isentos de
ideias preconcebidas.
As mensagens espíritas
insistiam para que o
pequeno grupo de
pioneiros fizesse uma
demonstração pública de
seus poderes numa
reunião pública, em
Rochester — proposição
que, naturalmente,
encheu de espanto as
duas desconfiadas
meninas camponesas e
seus amigos. Tão
irritados ficaram os
Guias desencarnados pela
oposição de seus agentes
terrenos, que ameaçaram
suspender completamente
o movimento durante uma
geração e o
interromperam por
algumas semanas. Ao cabo
de pouco tempo as
comunicações foram
restabelecidas e os
crentes entregaram-se de
corpo e alma nas mãos
das forças externas,
prometendo tudo fazer em
benefício da causa, mas
a tarefa não seria
fácil.
Em 14 de novembro de
1849 os espíritas
realizaram sua primeira
reunião no Corinthian
Hall, o maior auditório
disponível em Rochester.
A assistência ouviu com
atenção a exposição
feita pelo Sr. Capron,
de Auburn, o orador
principal. Foi então
escolhida uma comissão
de cinco cidadãos
representativos para
examinar o assunto e
fazer um relatório na
noite seguinte, em nova
reunião da assembleia.
Seguiram-se então as
manifestações
mediúnicas, sendo
médiuns as irmãs Fox.
Tão certos estavam os
jornalistas de que esse
relatório seria
desfavorável que o
jornal Rochester
Democrat, ao que
depois se viu, já tinha
preparado o seu artigo
de fundo, com o título:
“Exposição Completa da
Mistificação das
Batidas”.
O resultado obrigou o
editor a sustá-lo,
porque a comissão
relatou que as batidas
eram indubitavelmente
verdadeiras, embora as
respostas às perguntas
“nem fossem todas
certas, nem todas
erradas”. Acrescentou o
relatório que as batidas
se produziam nas
paredes, nas portas, a
alguma distância das
meninas, produzindo uma
sensível vibração. E no
final, de forma
peremptória, seus
membros aduziram: “Não
puderam encontrar nenhum
processo pelo qual elas
pudessem ser
produzidas”.