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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 136 – 6 de Dezembro de 2009

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
 

Festa lamentável

"Cuida para que a tua alegria de hoje seja também alegria amanhã.”
André Luiz.


Evento de desbordamentos morais de vária ordem, o carnaval tem levado à falência milhares de promissoras reencarnações...  As criaturas ainda vinculadas fortemente aos atavismos da animalidade, em cio incontrolável, permitem que a área do sexo seja duramente atingida nos festejos momescos, com consequências imprevisivelmente funestas que geram resgates dolorosíssimos. 

Em Loucura e Obsessão, psicografado por Divaldo Pereira Franco, Manoel Philomeno de Miranda relata com peregrina clareza os dramas resultantes das tragédias perpetradas pelos Espíritos trevosos que se aproveitam das invigilâncias generalizadas, nessas ocasiões. Sem embargo, o sábio mentor indica também qual deve ser o programa ideal do Espírita-Cristão nessas épocas de destrambelhamentos: ler um bom livro em sítio tranquilo, ou buscar as regiões serranas ou litorâneas para refazente repouso. 

Em Conduta Espírita, psicografado por Waldo Vieira, no capítulo trinta e sete que trata do posicionamento espiritista perante as fórmulas sociais, André Luiz aconselha-nos o afastamento de festas lamentáveis, como aquelas que assinalam a passagem do carnaval, inclusive as que se destaquem pelos excessos de gula, desregramento ou manifestações exteriores espetaculares, pois a verdadeira alegria não foge da temperança. 

Atentemos na seguinte página de Emmanuel, psicografada por Chico Xavier, intitulada: 

S O B R E    O    C A R N A V A L 

Nenhum Espírito equilibrado, em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências nas festas carnavalescas. É lamentável que na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilho­sa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com os títulos da civilização. 

Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os senti­mentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do am­paro moral dos outros Espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer. 

Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e às vezes toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever. 

É estranho que administrações e ele­mentos de governos colaborem para que se intensifique a longa série de lastimáveis desvios de Espíritos fracos, cujo caráter ainda aguarda o toque miraculoso da dor para aprender as grandes verdades da Vida. 

Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidades e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se acentue o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumpri­mento austero dos deveres sociais e divinos. 

Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho.    

Ao lado dos mascarados da pseudo­alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras... 

Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da Vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem? 

Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco, dentro de suas possibilidades, para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas. 

É incontestável que a sociedade pode, com seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloquente atestado de sua miséria moral."


     


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita