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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 136 – 6 de Dezembro de 2009

TÂNIA REGINA REATO
taniareato@hotmail.com
São João da Boa Vista, SP (Brasil)
                  
 

Rótulos


Quando nos dispomos a meditar ou a refletir sobre determinado tema,  nos rotulam desocupados... 

Quando aderimos a uma visão religiosa que nos atenda a fé raciocinada mas que, ainda, não totalmente absorvida ou vivenciada, nos rotulam hipócritas... 

Quando adotamos uma posição de coerência com aquilo que aprendemos, nos rotulam fanáticos... 

Quando tomamos atitudes, tidas ou vistas, como altruístas, nos rotulam “santos...” 

Quando sorrimos da vida e para vida, nos rotulam imaturos... 

Quando optamos para ceder a esta ou àquela opinião,  que antes não nos parecia certa,  nos rotulam  falsos ou sem personalidade... 

Quando não dominamos um assunto, em profundidade, nos rotulam incultos... 

Quando um assunto não nos merece atenção pela futilidade nele contida,  nos rotulam antissociais... 

Quando buscamos o outro a fim de auxiliá-lo a evitar uma situação que poderia vir a prejudicá-lo, nos rotulam intrometidos... 

Quando emitimos opiniões contrárias às demais, nos rotulam polêmicos... 

Quando nos calamos para esta ou aquela situação, nos rotulam omissos... 

Quando temos pequenos e raros lances de sabedoria, nos rotulam vaidosos... 

Quando nos exercitamos na prática da caridade material usando de critérios racionais, nos rotulam “seletivos” ou discriminadores... 

Quando prudentes ou precavidos, nos rotulam vacilantes na fé, negativistas, ou ainda, acovardados... 

Quando não adotamos, aprovamos ou compactuamos com condutas e comportamentos que entendemos desconexos ou contrários às leis naturais ou, à da nossa própria natureza biológica e anatômica, nos rotulam preconceituosos ou ultrapassados... 

Quando colocamos freios nos impulsos das paixões desgovernadas, nos rotulam repressores...

Quando uma ação ou atitude nos toca o coração de modo a nos entristecer, nos rotulam “desesperançados” ou melindrosos... 

Quando nos expressamos verbalmente, onde a ternura ganha espaço, nos rotulam “poéticos” ou sedutores... 

Quando falamos de Espiritualidade, nos rotulam "visionários"...

E, por aí afora...  

Rótulos esses que chegam a nos causar dores. Dores que, muitas vezes, são confundidas com “orgulho ferido”, ou seja, rótulos! 

E nossa alma sente e  ressente. Perde-se e encontra-se. Se confunde e se autoconsola... 

É o preço da evolução à qual estamos todos fadados! 

Por essas e por outras, enquanto não dominarmos a linguagem puramente vibracional transmitida pelo pensamento através do fluido cósmico universal, não saberemos, com precisão, uns dos outros. Não amaremos com discernimento, não perdoaremos, esquecendo ou ignorando as ofensas e o ofensor.  

Todos nós sabemos o tanto que rotulamos e o quanto somos rotulados... Isso não é novidade! 

Entretanto, podemos observar com os resultados destas posições por nós adotadas, que esta não é a melhor política a ser aplicada na rotina de nossas vidas. Deveríamos, então, tentar o novo! 

E fazê-lo de forma a usar o que temos em mãos.  

E o que temos em mãos é a linguagem verbal que, se educada nos ensinamentos do Mestre Jesus, deitarão por terra os tais rótulos, nos deixando livres para apreciar a beleza das diferenças de opiniões e o valor que isso representa para o nosso aprimoramento e crescimento moral espiritual. 

Já nos alertou Jesus na lição evangélica a ser conferida:  

Hipócritas, bem profetizou de vós Isaías, quando disse: Este povo me honra de lábios, mas conserva longe de mim o coração; é em vão que me honram ensinando máximas e ordenações humanas”. 

“O que sai da boca procede do coração e é o que torna impuro o homem; porquanto, do coração é que partem os maus pensamentos, os assassínios, os adultérios, as fornicações, os latrocínios, os falsos-testemunhos, as blasfêmias e as maledicências. – Essas são as coisas que tornam impuro o homem.” (Mateus, cap. XV/v 1 a 20.) 

Cuidemos para não rotularmos quem quer que seja, em qualquer condição que se encontre; moral ou intelectual.  

Façamos uso do diálogo, ignorando as ideias pré-concebidas e busquemos nos desarmar para que não transformemos nossa fala em dardos que ferem, condenam, maltratam, deseducam e comprometem a evolução do Espírito. 

Cultivemos a arte de abrirmos mão do somente falar, para também o ouvir, com a fascinante disposição de descobrir se descobrindo e, se descobrindo, “Amar a Deus sobre TODAS AS COISAS” e, consequentemente, ao próximo como a nós mesmos! 

Finalizamos com as palavras de André Luiz... 

“A palavra é indubitavelmente um dos fatores determinantes no destino das criaturas.

Ponderada – favorece o juízo.
Leviana – descortina a imprudência.
Alegre – espalha otimismo.
Triste – semeia desânimo.
Generosa – abre caminhos à elevação.
Maledicente – cava despenhadeiros.
Gentil – provoca o reconhecimento.
Atrevida – traz a perturbação.
Serena – produz calma.
Fervorosa – impõe a confiança.
Descrente – invoca a frieza.
Bondosa – ajuda sempre.
Cruel – fere implacável.
Sábia – ensina.
Ignorante – complica.
Nobre – tece o respeito.
Sarcástica – improvisa o desprezo.
Educada – auxilia a todos.
Inconsciente – gera amargura.

Por isso mesmo, exortava Jesus: – ‘Não procures o argueiro nos olhos de teu irmão, quando trazes uma trave nos teus’.

A palavra é a bússola de nossa alma, onde estivermos.

Conduzamo-la na romagem do mundo para a orientação do Senhor, porque, em verdade, ela é a força que nos abre as portas do coração às fontes luminosas da vida ou às correntes da morte.”
(Pelo Espírito André Luiz – Endereços da Paz, Médium: Francisco Cândido Xavier.)


* Texto inspirado em O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo VIII – item 8 – Allan Kardec / Tradução de J. Herculano Pires.


     


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita