MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
15)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. O ódio pode gerar a
loucura?
Sim. Segundo André Luiz,
o ódio gera,
efetivamente, a loucura.
"Quem se debate contra o
bem, cai nas garras da
perturbação e da morte",
aduziu o autor
espiritual, ao comentar
o caso Mário Silva.
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XIX, pp. 120 a
122.)
B. Por que os casos
Esteves e Júlio
apresentavam situações
tão díspares?
Respondendo a essa
questão, a explicação de
Clarêncio foi clara:
"Esteves foi envenenado,
enquanto Júlio se
envenenou. Há muita
diferença. O suicídio
acarreta vasto complexo
de culpa. A fixação
mental do remorso opera
inapreciáveis
desequilíbrios no corpo
espiritual. O mal como
que se instala nos
recessos da consciência
que o arquiteta e
concretiza".
(Obra citada, cap. XX,
pp. 125 e 126.)
C. O pensamento exerce
influência sobre o
perispírito?
Sim. Segundo Clarêncio,
o perispírito é regido
intimamente por sete
centros de força, que se
conjugam nas
ramificações dos plexos
e que, vibrando em
sintonia uns com os
outros, ao influxo do
poder da mente,
estabelecem um veículo
de células elétricas,
que pode ser definido
como um campo
eletromagnético. "Nossa
posição mental –
elucidou Clarêncio –
determina o peso
específico do nosso
envoltório espiritual e,
consequentemente, o
habitat que lhe
compete. Mero problema
de padrão vibratório.
Cada qual de nós respira
em determinado tipo de
onda. Quanto mais
primitiva se revela a
condição da mente, mais
fraco é o influxo
vibratório do
pensamento, induzindo a
compulsória aglutinação
do ser às regiões da
consciência embrionária
ou torturada, onde se
reúnem as vidas
inferiores que lhe são
afins."
(Obra citada, cap. XX,
pp. 125 e 126.)
Texto
para leitura
55. Mário acorda
tenso e aflito -
Ante as explicações de
Clarêncio, Amaro
revelava-se disposto a
obedecer aos ditames de
natureza superior,
fossem quais fossem.
Mário não parecia,
porém, desperto para as
verdades trazidas pelo
Instrutor. Contemplando
a mulher amada, ele
demonstrava-se
indiferente. Depois,
rugiu, desesperado: "Não
posso modificar-me,
desgraçado de mim!...
Odiarei! odiarei a
infame que voltou!...
Somente a vingança me
convém, não quero
perdoar! não quero
perdoar!..." Enraivecido
e inquieto, como uma
fera solta, o rapaz
erguia os punhos
cerrados contra a
desditosa mulher que
jazia no leito, enquanto
seu veículo espiritual,
rodeado de um halo
cinzento-escuro,
despedia raios
desagradáveis e
perturbantes. Clarêncio
liberou-o da influência
magnética com que lhe
tolhia as energias e,
reconhecendo-se livre,
Mário Silva retrocedeu,
exclamando: "Não suporto
mais! não suporto
mais!..." E correu para
o seio da noite.
Clarêncio pediu a André
e Hilário que o
seguissem, porquanto
ele necessitaria de
passes anestesiantes
para acalmar-se na volta
ao corpo denso. Além
disso, não poderia
guardar na lembrança a
experiência daquela
noite, porque a
aventura provocada pela
insistência mental dele
mesmo era suscetível de
perigosas consequências.
De volta ao quarto,
Mário aderiu ao corpo
denso com o automatismo
da molécula de ferro
atraída pelo ímã. O
peito arfava,
sibilante; o coração
estava desgovernado, sob
o império de
insopitável arritmia. O
enfermeiro foi ajudado
com passes magnéticos,
mas acordou agoniado,
hesitante e trêmulo. O
pensamento surgia-lhe
atormentado, nebuloso...
Ele tentou locomover-se,
mas não conseguiu.
Parecia chumbado à cama,
como um cadáver
repentinamente
desperto. Suarento,
aflito, Mário sentiu-se
morrer, e
instintivamente orou,
suplicando a Proteção
Divina. Bastou essa
atitude d'alma para
ligar-se, com mais
facilidade, aos fluidos
restauradores que os
amigos espirituais lhe
administravam. Pouco a
pouco, readquiriu os
movimentos livres e
levantou-se, ingerindo
uma pílula calmante.
Amedrontado, sentou-se
na cama e, com a cabeça
entre as mãos, falou de
si para consigo: "Estou
evidentemente
conturbado. Amanhã,
consultarei um
psiquiatra. É a minha
única solução". De fato,
observou André. O ódio
gera a loucura. "Quem se
debate contra o bem, cai
nas garras da
perturbação e da morte",
aduziu o autor
espiritual. (Cap. XIX,
págs. 120 a 122)
56. Odila apela a
Amaro - Em casa
de Amaro, este,
desprendido do veículo
denso, conversava com
Odila, que abandonara
Zulmira por instantes e
ajoelhara-se aos pés do
esposo, rogando-lhe
expulsasse a intrusa,
porque esta lhes matara
o filho, furtando-lhes a
paz. Amaro, muito
triste, parecia
torturado com a presença
da primeira mulher,
mal-humorada e
enfurecida, e perdeu a
serenidade que lhe era
habitual. Ali, perante a
esposa que lhe dominava
os sentimentos,
revelava-se mais
acessível ao
desequilíbrio e à
conturbação. Situado
entre Odila e Zulmira,
parecia que Amaro
dividia-se entre o amor
e a piedade. Odila
insistiu em seus rogos,
mas o esposo nada lhe
respondeu,
assemelhando-se a uma
estátua viva, de dúvida
e sofrimento. Instado
por André, Clarêncio
explicou que não iria
interferir naquele
problema, porque, se o
fizesse, o caso de que
cuidavam cresceria
demasiado, espraiando-se
excessivamente no
tempo. Era aconselhável,
pois, sustentar-se no
fio de trabalho nascido
na prece de Evelina.
Vendo, porém, que Amaro
manifestava estranha
aflição, ele afastou-o
de Odila,
transportando-o para o
leito em que seu corpo
denso repousava. A pobre
mulher tentou
agarrar-se ao marido,
clamando, desconsolada:
"Amaro! Amaro! não me
abandones assim!" O
dono da casa acordou
abatido; o relógio
assinalava três horas da
manhã; ele esfregou os
olhos, sonolento, e
parecia que ainda ouvia
o chamado da mulher, mas
nada recordava do
encontro e da palestra
que tivera com os
benfeitores espirituais.
Em sua tela mnemônica
permanecia apenas a
fase última de sua
incursão espiritual – a
imagem de Odila
implorando socorro...
(Cap. XX, págs. 123 e
124)
57. Perispírito e
pensamento - O
grupo rumou de novo ao
Lar da Bênção, a pedido
da irmã Blandina. No
caminho, André perguntou
ao Ministro por que
Esteves e Júlio, tendo
sofrido o suplício do
veneno, apresentavam
situações tão díspares.
O menino ainda trazia a
garganta doente, ao
passo que o enfermeiro
não assinalava nenhuma
consequência mais
grave... A explicação de
Clarêncio foi clara:
"Esteves foi envenenado,
enquanto Júlio se
envenenou. Há muita
diferença. O suicídio
acarreta vasto complexo
de culpa. A fixação
mental do remorso opera
inapreciáveis
desequilíbrios no corpo
espiritual. O mal como
que se instala nos
recessos da consciência
que o arquiteta e
concretiza". É por isso
que Leonardo, o
criminoso, vivia
atormentado com a imagem
de Esteves, sua vítima,
e Júlio sofria ainda os
efeitos do erro cometido
quase oitenta anos
antes. "O pensamento que
desencadeia o mal –
asseverou Clarêncio –
encarcera-se nos
resultados dele, porque
sofre fatalmente os
choques de retorno, no
veículo em que se
manifesta." Júlio
chorava muito,
infundindo compaixão, e
o Ministro informou à
irmã Blandina que ele
seria conduzido à
reencarnação em breves
dias. Clarêncio
aproveitou então o caso
do menino para assinalar
a influência do
pensamento sobre o
perispírito. Este é
regido intimamente por
sete centros de força,
que se conjugam nas
ramificações dos plexos
e que, vibrando em
sintonia uns com os
outros, ao influxo do
poder da mente,
estabelecem um veículo
de células elétricas,
que pode ser definido
como um campo
eletromagnético, em que
o pensamento vibra em
circuito fechado. "Nossa
posição mental –
elucidou Clarêncio –
determina o peso
específico do nosso
envoltório espiritual e,
consequentemente, o
habitat que lhe
compete. Mero problema
de padrão vibratório.
Cada qual de nós respira
em determinado tipo de
onda. Quanto mais
primitiva se revela a
condição da mente, mais
fraco é o influxo
vibratório do
pensamento, induzindo a
compulsória aglutinação
do ser às regiões da
consciência embrionária
ou torturada, onde se
reúnem as vidas
inferiores que lhe são
afins". Clarêncio
acrescentou que o
crescimento do influxo
mental, no veículo
perispiritual, está "na
medida da experiência
adquirida e arquivada
em nosso próprio
espírito". "Atentos a
semelhante realidade, é
fácil compreender que
sublimamos ou
desequilibramos o
delicado agente de
nossas manifestações,
conforme o tipo de
pensamento que nos flui
da vida íntima." (Cap.
XX, págs. 125 e 126)
(Continua no próximo
número.)