MARCUS
VINICIUS DE AZEVEDO
BRAGA
acervobraga@gmail.com
Guará II, Distrito
Federal (Brasil)
Troncos
Da minha residência para
o trabalho percorro
diariamente o famoso
“Eixão Sul” da Capital
Federal, uma reta de 8
km banhada pelo céu de
Brasília. Nessas manhãs
secas e primaveris,
observo as frondosas
árvores à beira da
estrada. Suas copas,
desfolhadas, lembram uma
grande raiz, espraiada
pela atmosfera para
absorver dali o oxigênio
que lhes é necessário.
Da mesma maneira, sem me
descuidar da direção,
imagino a grande raiz
que sustenta aquele ser.
Espraiada pelo solo,
além de garantir o
equilíbrio físico à
árvore, permite buscar
os nutrientes do solo e
a água infiltrada das
chuvas. Atento aos
limites de velocidade,
vejo que entre essas
duas antenas, copas e
raízes, a absorver de
cada ambiente o seu
alimento, figura o
tronco, como síntese
robusta desse ser
híbrido, com o pé no
chão e os braços no ar.
Nascidos de uma pequena
semente no solo, caída
do céu.
Mesmo dirigindo, é
impossível não pensar
como essas árvores se
assemelham aos Espíritos
encarnados na Terra.
Sínteses de contradições
que vivem no plano
material e dele
necessitam tirar suas
necessidades, mas que
pela sua natureza
híbrida demandam bênçãos
celestes do plano
espiritual, em eterno
intercâmbio. Nascidos de
uma semente vinda da
espiritualidade, que
floresce na terra do
mundo corpóreo, como
troncos, os Espíritos
encarnados aglutinam
essa vivência, entre a
Terra e o céu, um pouco
cá, um pouco lá. Como as
árvores à beira do
caminho, possuem grandes
instrumentos de
captação, na copa e nas
raízes. Tudo é
necessário: O sol e o
oxigênio, a água e os
sais minerais. Como
troncos robustos seguem
os Espíritos.
O “Eixão Sul” já está
chegando ao fim. Já
diminuem as árvores e
aumentam os prédios,
lotados de
pessoas-troncos, na luta
cotidiana, muitas vezes
esquecendo suas folhas e
flores, detidos apenas
nas suas raízes,
ignorando as
oportunidades de fazer
sínteses. Apesar de
Jesus, o sol que brilha
em nossa vida e de
tantas outras estrelas
que foram ofertadas à
vida da humanidade,
apesar do vento que
beija as nossas folhas,
das aves e insetos que
auxiliam a nossa
polinização, com medo
dos destinos do vento,
nos prendemos às raízes,
firmes no solo. Não
somos só raízes, não
somos só copa. Fica a
lembrança da frase
“viver no mundo sem ser
do mundo”, ou seja, ser
tronco...
Acabou-se o Eixão, viro
para a Esplanada dos
Ministérios. Vou cuidar
das raízes, mas não
posso esquecer-me da
copa frondosa, de ser um
tronco forte, nos
moirões da humanidade.
Não posso me esquecer de
gerar flores e sementes,
para no solo florescer
novamente a vida. Assim
nos quis o Senhor da
vida, crescentes e
híbridos, amando e
evoluindo. Sínteses de
luz...