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Raul Teixeira responde
Ano 3 - N° 138 - 20 de Dezembro de 2009

  
 

– Há um descompasso da época em que vivemos com relação à educação dos filhos. Os tempos diferentes da atualidade, diretamente afetados pela velocidade da comunicação virtual, trouxeram uma realidade difícil e complexa para pais e educadores, o que também afetou o movimento espírita, antes bem mais dedicado à evangelização infantil e às atividades da mocidade espírita. Como vencer o desinteresse de dirigentes espíritas quanto à importância da atenção a jovens e crianças em nossas instituições?  

Raul Teixeira: Em realidade, toda a nossa vida está pautada em algo que chamamos escala de valores. Cada indivíduo, assim, tem valores distintos dos outros. Para quem tem a educação dos filhos como algo importante, apesar dos tempos difíceis e dos desafios vividos, têm-nos junto dos seus corações, amigos, companheiros, apesar de ter cada qual sua personalidade, seu temperamento, suas idiossincrasias. Para quem pensa primeiro nos recursos financeiros, nas aparências sociais, sem clara noção de que seus filhos são Espíritos e que lhes não pertencem como objetos, com certeza encontrarão todos os impedimentos provocados pelas mídias, pelos companheiros dos filhos, e por tudo mais que teime em intervir no relacionamento doméstico. 

Vivendo no mesmo mundo midiático que todos nós, atravessando as horas de aperto e violência como nós, bem como enfrentando as mesmas exigências econômicas, vemos irmãos de outras crenças bem junto aos seus familiares, indo às suas igrejas em conjunto, orando e vivendo. Por que somente os espíritas não conseguiremos trazer os filhos, educá-los conforme manda o figurino e fazê-los pessoas de bem? Alguma coisa está errada e, com certeza, não é com o Espiritismo, mas, sim, com as nossas escalas de valores. 

Quanto aos centros espíritas e seus serviços de evangelização de crianças e de jovens, cabe-nos avaliar a sua qualidade, pois nessa época referida de comunicação virtual, de internets, de blogs e de tudo o mais, não se admite que as nossas “aulinhas” ainda sejam dadas à base de historinhas contadas oralmente nem sempre há bons contadores de histórias nas casas espíritas, o que torna enfadonha a exposição e pelos quadros de giz, sem que os jovenzinhos participem, façam, busquem, investiguem, cantem ou “naveguem na rede”. É incontestável que nem todos os centros espíritas dispõem de recursos materiais para oferecerem aos evangelizandos o que há de mais moderno em termos didático-pedagógicos. Assim, deveremos investir na melhor qualificação dos nossos evangelizadores para que consigam cativar da garotada, desde a simpatia com que a receba até o modo como lhe serão apresentados os assuntos.  

Olhando por outro prisma, não há como imaginar que filhos gostem de ir ao centro espírita para receber as instruções espíritas, sendo que seus genitores não vão, não se dedicam e, quando em casa, têm uma vida relacional bastante sofrível com a família. É, de fato, o exemplo que costuma arrastar. 


Extraído de entrevista publicada pelo jornal O Imortal  na edição de março de 2009.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita