MARCUS
VINICIUS DE AZEVEDO
BRAGA
acervobraga@gmail.com
Guará II, Distrito
Federal (Brasil)
Mágico não é
sobrenatural
Em
um dos meus raros
momentos de meditação,
onde sob a luz da
penumbra eu ligo o som e
fecho os olhos,
envolvido em lembranças,
lembrei dos meus tempos
na Juventude Espírita,
na nossa grande
"Mocidade Mariana" no
Centro Espírita de
Jacarepaguá. Lembrei-me
dos domingos ensolarados
em que encarávamos um
condomínio de prédios na
árdua Campanha do Quilo,
das idas à comunidade
carente do "Canal do
Anil", onde
evangelizávamos as
crianças. Ainda lembro
os nomes: o Zequinha, o Quequé, o Luciano...
Como eram bons aqueles
domingos em que íamos
cantar e discutir à
beira do canal com
aquelas crianças as
alegrias do Evangelho.
Bem verdade, tínhamos
grandes dirigentes e
naqueles momentos de
dúvidas e revolta,
encontrava sempre neles
o ombro amigo. Amigos,
fizemos bastante no
convívio, na luta, com a
confraternização no
Culto no Lar mensal e
nas festas de
aniversário surpresa.
Fazíamos também grandes
festas para arrecadar
recursos para as
atividades junto às
crianças. Estudos
conduzíamos com
empolgação e
pesquisávamos a fundo a
Doutrina Espírita para
elaborá-los. Em uma
atitude pioneira, a
coordenação da mocidade
nos colocou para
proferir palestras nas
reuniões públicas da
casa periodicamente.
Imagine, um jovem de 16
anos subindo a tribuna e
seus amigos lá
assistindo, vibrando por
ele...
É... Eu me lembrei disso
tudo e vi que havia um
"quê" de mágico, um quê
de uma lembrança muito
boa armazenada lá no perispírito. Sim, não
nos preocupávamos com o
novo modelo de carro ou
com quanto ganharíamos
no nosso futuro emprego.
Queríamos um mundo
melhor e isso era de uma
magia fascinante!
Falei dessas mágicas
lembranças para lembrar
também que hoje essa
magia se perdeu... Deve
estar apenas nas páginas
de "Harry Potter" ou do
"Senhor dos Anéis".
Parece papo de velho, né?
Seria bom que fosse, mas
o convívio com a geração
nova que tive mais
amiúde em atividades do
campo profissional me
mostrou outras
preocupações: Sensações,
emoções, conhecer novos
lugares, prazer, quanto
eu vou ganhar nessa
profissão, qual a
profissão em que eu não
faço nada, como eu faço
para ser feliz... O
individualismo se alojou
de tal forma nessa
geração que esvaziou
tudo. Quando visito os
trabalhos assistenciais,
vejo aquela "moçada" de
antes que já não está
tão moça assim. Na casa
espírita, que eu
acordava cedo no domingo
de manhã, vejo jovens
chegando contrariados e
alguns até obrigados,
fazendo com que
dirigentes mais incautos
usem artifícios como
festas e passeios para
trazer o jovem para a
casa. Motivações
enganosas não conquistam
corações e mentes. O
jovem, destemido e
questionador, cede lugar
a um tipo mais acomodado
e individualista. Claro,
falo de generalizações,
onde conhecemos sempre
exceções. Como pela
minha profissão eu me
mude sempre, colhi
vários cenários para
exemplificar o que falo.
Será que não preparamos
essa geração direito?
Foi a tecnologia? O
Espiritismo já não está
atendendo as
expectativas deles? Onde
foi que erramos?
Sinceramente, acho que
não erramos em nada, ou
quase nada, para não ser
prepotente. Acho que o
mundo também está
envolvido um pouco nessa
onda e estamos com um
problema de referencial.
As mudanças ciclópicas
no nosso modo de vida e
nos nossos valores ainda
não foram totalmente
digeridas e essa
transição "pós-moderna"
favorece o medo, o
individualismo e a busca
incessante de conforto,
ao invés do confronto. O
amor ao próximo, o
próximo mais próximo,
esse está caindo de
prioridade. Como dizia
uma letra da década de
80, está démodé.
Essas não são questões
fechadas e sim questões
para a meditação e a
ação. Você, caro amigo,
também acha que essas
coisas são reais? A
juventude está passando
realmente por este
processo? O que podemos
fazer? Vamos pensar!
Afinal, a sorrir eu
pretendo levar a vida...