DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)
Por que primeiro
a humildade
Jesus Cristo
nunca se cansou
de combater o
orgulho e de
enaltecer a
humildade,
virtude da qual
Ele, o Mestre,
deu vários
exemplos,
consoante
evangelhos.
A humildade, um
dos valores
essenciais da
Alma,
estimula-nos a
examinar as
fraquezas
enquanto o
orgulho, ou
sentimento de
amor-próprio
exagerado, o
grande estorvo
da elevação
espiritual do
homem e a razão
de suas
desventuras,
evita
observá-las.
“Pobreza de
espírito”, ou
“humildade de
espírito”, ou
“humildade de
coração”, quer
dizer: modéstia,
simplicidade,
pureza, daí,
Jesus ter
priorizado esse
dispositivo.
O Evangelho
segundo Mateus
corrobora nossa
afirmativa:
“Bem-aventurados
os pobres de
espírito, pois
que deles é o
reino dos céus”...
(Mateus, 5:3.)
Não foi à toa
que o Mestre
falou assim logo
de início no
sermão do monte.
Os Espíritos têm
frequentemente
se assentado, em
suas mensagens
escritas ou
faladas, via
mediúnica, nesse
primeiro item
das promessas de
Cristo. Essa
redundância está
na razão direta
da primazia de
se ser
humilde antes de
tudo, mas de
coração; não
se pode, pois,
ser realmente
caridoso sem “pobreza”,
ou “humildade”,
de espírito.
O sentimento
exagerado de
alguns chega ao
absurdo de
pensar que Deus
discrimina o
pobre do rico.
Para o nosso Pai
Eterno, somos
todos iguais:
não há diferença
entre o sangue
que corre nas
veias de uma
rainha e o que
corre nas veias
de uma simples
dona de casa; o
organismo físico
dos Sumos
Pontífices não
difere do
organismo de
ninguém!
E por falar em
vigários, uma
vez, um
deles que
costumava
desmerecer o
Espiritismo, os
fenômenos
espíritas e até
criticar Chico
Xavier, sempre
que oportuno, ao
tentar dar uma
opinião, durante
um programa de
grande audiência
de uma emissora
de TV, falou
deste jeito:
“Bem, de acordo
com a humildade
que me
caracteriza...”
Não preciso
dizer que isso
motivou ditos
chistosos,
gracejos,
comentários. É
tolice a pessoa
considerar-se
superior por
pertencer à alta
hierarquia
social, achar-se
melhor que
outras só porque
é branca ou
negra, ou de
outra cor; só
porque nasceu
nesse ou naquele
país, é adepta
ou representa
essa ou aquela
religião, uma
seita. Ora, se
hoje possuímos
alta posição, se
pertencemos a
essa ou àquela
nacionalidade,
se a nossa pele
é dessa ou
daquela cor, se
cremos assim ou
assado, amanhã
poderemos ser
completamente
diferentes de
acordo com as
medidas
impositivas da
Lei de Causa e
Efeito.
As leis divinas
encerram muita
sabedoria, Deus
nada faz de
inútil, daí as
reencarnações
regeneradoras.
Ele, em Sua
absoluta
sapiência e
equidade,
planejou o
reencontro das
mesmas pessoas
para que estas
adquirissem nova
chance de
reparos e não
alegassem depois,
com a troca das
anteriores
condições,
ignorância de
tais e tais
fatos.
A humildade e
caridade,
segundo o
Espírito
Lacordaire, é
uma virtude
muito desprezada
entre os homens.
Em sua opinião,
apresentar-se
com uma, e sem a
outra, é o mesmo
que vestir belo
traje de talhe
perfeito para
ocultar uma
deformidade
física. Disse:
“Sem humildade,
apenas vos
adornais de
virtudes que não
possuís”.
*
Pois é. O
significado
dessa palavra
varia. Existem
homens e
mulheres que, à
primeira vista,
nos encantam
pela
simplicidade: a
aparência, a
profissão, o
cargo que ocupam,
enfim, a posição
social,
econômica. Nas
mais das vezes,
porém, nada têm
a ver com
humildes de
coração.
Outros parecem a
doçura em pessoa,
humildes no
falar; no
entanto, se
contrariados,
mal podem
esconder a
extremada
arrogância, a
prepotência. A
humildade não
possui duas
caras, é afável,
fraterna.
Também podemos
incluir como
contrastes da
verdadeira
humildade outros
exemplos. Refiro-me
a pobres ou
miseráveis que
mendigam pelas
ruas e a alguns
ignorantes do
saber, mas que
são orgulhosos.
Todavia, há
homens de
grandes posses e
pessoas que
ocupam cargos
importantes,
alguns dos quais
sábios mesmos; a
modéstia e o
altruísmo que
lhes
caracterizam
envergonhariam a
ignorância
assoberbada em
andrajos ou em
vestes limpas,
requintadas, se
esta os
enxergasse pelo
altruísmo que
praticam sem
vanglória, pela
simplicidade.
Sócrates,
filósofo grego,
há quinhentos
anos antes de
Cristo, declarou
não saber
absolutamente de
tudo. Ele, o
modelo dos
sábios, disse:
“Sei que nada
sei”.
Jesus, símbolo
da humildade e
bondade, sequer
insinuou ser
Deus: nunca
exigiu mesuras
de pretensos
sacerdotes Seus
em altares
floridos,
recamados de
ouro, ou nos
palcos
espetaculosos
dos megacultos
televisivos,
tampouco
alimentou a
vaidade de Se
considerar chefe
de uma religião
ou do que quer
que seja. No
pretório,
questionado por
Pilatos
—
“és rei?”
—,
respondeu-lhe
tranquilamente
sem nenhuma
insolência: “tu
dizes que sou”...
(João, 19:37.)
Portanto, gente,
humildade, força
moral por
excelência,
nivela todos os
homens como
irmãos e os
estimula à
prática mútua do
bem; orgulho, ao
contrário, uma
fraqueza:
dispersa, odeia,
revida e faz o
homem sucumbir
ante a menor das
contrariedades,
sentindo-se
permanentemente
infeliz. Ser
humilde é ser
corajoso durante
os reveses da
vida, é
perseverar no
combate às
próprias más
tendências, é,
portanto, vencer
os obstáculos
naturais, mas
sem revolta, sem
violência,
perdoando a quem
nos ofenda,
trabalhando,
servindo
abnegada e
incessantemente
—
isso é ser
humilde conforme
Jesus.
* Jean-Baptiste-Henri
Lacordaire (1802/1861)
foi um sacerdote e
católico dominicano,
membro da Academia
Francesa. Veja mensagem
sua, ditada em 1863, em
Constantina, Argélia,
inserida em O
Evangelho segundo o
Espiritismo, cap.
VII, item 11, O orgulho
e a humildade.
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