MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
19)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que argumentos Clara
utilizou para despertar
Odila e mudar o rumo de
suas ideias?
Os argumentos foram
vários, mas dois se
revelaram decisivos. O
primeiro: Clara
lembrou-lhe que nossos
filhos pertencem a Deus;
assim, se a morte colheu
a criança que ela tanto
amava, separando-a dos
braços paternais, é que
a Vontade Divina
determinou o
afastamento. O segundo:
Por que não clarear o
próprio caminho, a fim
de reencontrar o filho e
embalá-lo, de novo, em
seus braços, em vez de
se consagrar inutilmente
à vingança que a cegava?
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXIII, págs. 144 a
146.)
B. Odila transformou-se
realmente?
Sim. Transcorrida uma
semana, Clara informou
ao grupo que Odila havia
sofrido enorme
transformação. Submetida
à assistência magnética,
a fim de sondar o
passado, ela reconhecera
a necessidade de
cooperar com o marido
para alcançarem ambos a
vitória real nos planos
do espírito. Suspirava,
assim, por reencontrar o
filhinho, dispondo-se a
tudo fazer para ser útil
ao esposo e à Evelina.
Quanto à Zulmira,
combateria a repulsa
espontânea que nutria
por ela, prometendo
auxiliá-la como irmã,
reajustando-se
devidamente para
fortalecê-la e
ampará-la.
(Obra citada, cap. XXIV,
págs. 147 e 148.)
C. Inspirada por Clara,
como Odila definiu o
lar?
Ela disse que o lar não
é apenas o domicílio dos
corpos. “É o ninho das
almas, em cujo doce
aconchego desenvolvemos
as asas que nos
transportarão aos cumes
da glória eterna."
(Obra citada, cap. XXIV,
págs. 149 a 151.)
Texto para leitura
67. Odila se
afasta - Clara
insistia em suas
advertências: "Odila,
reflete! Esqueces-te de
que a mulher sempre é
mãe? O túmulo não te
restituirá o corpo que
a Terra consumiu, e, se
desejas recuperar a
ternura e a confiança
do companheiro que
deixaste na retaguarda,
é preciso saber amá-lo
com o espírito. Modifica
os impulsos do coração!
Não suponhas Amaro capaz
de querer-te,
transtornada qual te
encontras, entre as
farpas envenenadas do
despeito, caso chegasse,
de repente, até nós..."
– "Ela, porém, matou meu
filho!...", replicou a
infeliz.
– "Como podes provar
semelhante acusação?",
indagou Clara.
– "A intrusa
invejava-lhe a posição
no carinho de Amaro",
justificou Odila.
– "Sim – disse Clara –,
admito que Zulmira assim
se conduzisse. É
inexperiente ainda e a
ignorância enquanto nos
demoramos na Terra pode
impedir-nos a visão,
mas não seria justo, tão
somente por isso,
atribuir-lhe a morte do
pequenino... Medita!"
Clara mostrou-lhe então
que a verdadeira
fraternidade a ajudaria
a sentir em Zulmira uma
filha suscetível de
recolher-lhe o afeto e a
orientação... Assim, em
vez de forjar uma
inimiga, edificaria uma
amiga nobre e leal que
lhe enriqueceria a
vida. Odila, nesse
ponto, quase vencida, só
chorava, e Clara
acrescentou: "Sei que
sofres igualmente como
mãe atormentada...
Recorda, contudo, que
nossos filhos pertencem
a Deus... E se a morte
colheu a criança que
estremeces, separando-a
dos braços paternais, é
que a Vontade Divina
determinou o
afastamento..."
A Benfeitora
acariciava-lhe a
fronte, dando a
impressão de que
submetia Odila a suaves
operações magnéticas.
Depois, acentuou:
"Porque não te dispões a
clarear o próprio
caminho, a fim de
reencontrares o teu
anjo e embalá-lo, de
novo, em teus braços, ao
invés de te consagrares
inutilmente à vingança
que te cega os olhos e
enregela o coração?"
Ao ouvir essa frase,
Odila gritou:
– "Meu filho!... Meu
filho!..." e seu pranto
se fez mais angustiado e
comovente.
Clara abraçou-a com
carinho e disse-lhe,
então, que grande era a
sua felicidade, porque
poderia ajudar o
companheiro que ficou
na Terra, bastando-lhe
uma prece de amor puro
para vencer a reduzida
distância entre o seu
sofrimento e o filhinho
idolatrado...
– "Há vinte e dois
séculos – aduziu a
instrutora – espero por
um minuto igual a este
para o meu saudoso e
agoniado coração, de vez
que os meus amados ainda
não se inclinaram para
mim!..."
Odila comoveu-se com tal
declaração e agarrou-se
a ela, prosseguindo em
choro convulso, enquanto
Clara lhe falava:
"Vamos, filha! Vamos à
procura de nossa
renovação com Jesus!..."
Em seguida, conduziu-a
para fora, colada ao seu
peito, afastando-a, sem
qualquer violência, de
Zulmira. (Cap. XXIII,
págs. 144 a 146)
68. Odila se
transforma - A
mãe de Evelina foi
internada numa
instituição
especializada, enquanto
o grupo socorrista,
durante sete noites
consecutivas, visitou
Zulmira, a fim de
auxiliar o soerguimento
dela. A segunda esposa
de Amaro mostrava-se
melhor, apesar da
inércia a que se
recolhera. Faltava-lhe,
então, segundo explicou
Clarêncio, a vontade de
lutar e viver. Era
preciso dar tempo ao
tempo.
Transcorrida uma semana,
Clara informou ao grupo
que Odila havia sofrido
enorme transformação.
Submetida à assistência
magnética, a fim de
sondar o passado, ela
reconhecera a
necessidade de cooperar
com o marido para
alcançarem ambos a
vitória real nos planos
do espírito. Suspirava,
assim, por reencontrar
o filhinho, dispondo-se
a tudo fazer para ser
útil ao esposo e à
Evelina. Quanto à
Zulmira, combateria a
repulsa espontânea que
nutria por ela,
prometendo auxiliá-la
como irmã,
reajustando-se
devidamente para
fortalecê-la e
ampará-la. Clara sugeriu
também que Amaro, na
noite próxima, fosse
levado até à casa de
refazimento espiritual
em que Odila se
encontrava, para justo
entendimento. A mãe de
Júlio estava reformada e
daria provas disso no
encontro com o
ex-marido. O pedido de
Clara foi alegremente
atendido. Depois da
meia-noite, logo que
Amaro adormeceu, foi ele
conduzido à presença de
sua primeira esposa.
(Cap. XXIV, págs. 147 e
148)
69. Amaro revê a
mulher - Logo
que se viu em presença
da mulher que amava,
Amaro ajoelhou-se e
exclamou, enlevado:
"Odila!... Odila!..." A
mulher, completamente
transfigurada, pediu-lhe
que tivesse coragem e
fé, serenidade e valor
na tarefa a realizar,
mas ele declarou estar
farto, vertendo, então,
lágrimas copiosas.
Odila, sustentada por
Clara, alisou-lhe os
cabelos e perguntou, em
voz comovida: "Farto de
quê?" Amaro respondeu:
"Sinto-me entediado da
vida... Casei-me, de
novo, como deves saber,
acreditando garantir a
segurança de nossos
filhos para o futuro,
entretanto, a mulher que
desposei nem de longe
chega a teus pés... Fui
ludibriado! Em lugar da
felicidade, encontrei o
desapontamento que não
sei disfarçar!..." Em
seguida, comentou, muito
triste: "Nosso Júlio
morreu num desastre,
quando encerrava para
mim as melhores
aspirações, nossa filha
se estiola num quarto
sem alegria e a
madrasta que lhes impus
apodrece num leito!...
Ah! Odila, poderás
compreender o que sofro?
Tenho rogado a morte ao
Céu para que nos
reunamos na eternidade,
mas a morte não vem..."
A esposa, mais bela
agora devido aos
pensamentos redentores
que lhe manavam do ser,
com os olhos enevoados
de pranto, disse-lhe:
"Sim, Amaro, compreendo!
Também eu padeci muito,
no entanto, hoje
reconheço que a nossa
dor é agravada por nós
mesmos..." E ponderou
que ambos não estavam
sabendo cultivar o amor
na Terra para a
edificação de seu
paraíso espiritual...
Odila transmitiu-lhe,
então, conselhos
reconfortadores,
referindo que também se
achara assim, mas
procurara no silêncio e
na oração o roteiro
renovador.
Nesse ponto, Clarêncio
tocou a fronte de Amaro
com a destra, para que
ele se recordasse das
dívidas contraídas no
Paraguai, e o amigo, de
posse das reminiscências
fragmentárias que lhe
assomavam do coração,
passou a compreender que
Zulmira, tal como Odila
dizia, não entrara em
sua vida sem motivo
justo. Inspirada por
Clara, Odila acentuou:
"Se Zulmira foi situada
no templo de nosso amor,
é que nosso amor lhe
deve a bênção da
felicidade de que nos
sentimos possuídos..."
E aduziu:
"Interpretemo-la por
nossa filha, por irmã de
Evelina, cujos passos
nos compete encaminhar
para o bem. O lar não é
apenas o domicílio dos
corpos... É o ninho das
almas, em cujo doce
aconchego desenvolvemos
as asas que nos
transportarão aos cumes
da glória eterna". (Cap.
XXIV, págs. 149 a 151)
(Continua no próximo
número.)