FRANCISCO
REBOUÇAS
costareboucas@ig.com.br
Niterói, Rio de
Janeiro (Brasil)
A
interpretação
espírita
Foi, através do
Espiritismo, que
aprendemos a
amar a Deus e
não mais a
temê-lo como
tememos hoje os
grandes
malfeitores
inimigos da
ordem e da paz,
que insistem por
pura ignorância
na causa do mal,
infringindo as
Leis e
provocando
perturbações à
sociedade.
Esclarece-nos
nossa abençoada
doutrina que,
estando acima de
tudo, Deus é
infinito em suas
perfeições, e,
sendo assim, é
impossível que
tenha qualquer
traço de
maldade, de ira
ou intolerância
para com
qualquer de seus
filhos, e mais,
ainda nos
apresenta como
sendo nosso Pai,
de infinito
amor, bondade,
sabedoria e
justiça.
O Deus, que hoje
conhecemos e
amamos, é
inteiramente
diferente de
tudo quanto já
nos haviam
apresentado
antes nas
diversas
correntes
religiosas em
que estagiamos
em tempos
passados. Sendo
Deus o eixo de
todas as crenças
religiosas e o
objetivo de
todos os cultos,
o caráter de
todas as
religiões é dado
conforme a
interpretação
daqueles que a
professam e
ensinam.
Há religiões que
fazem de Deus um
ser vingativo e
cruel, julgam
honrá-lo com
atos de
crueldade, com
fogueiras e
torturas; as que
têm um Deus
parcial e cioso
são intolerantes
e mais ou menos
meticulosas na
forma, por
crerem-no mais
ou menos
contaminado das
fraquezas e
ninharias
humanas.
O Espiritismo,
ignorado e
combatido, por
ser desconhecido
em sua essência
da grande
maioria dos seus
detratores,
ensina-nos a
amar e
compreender a
tantos quanto
nos acusam de
feitiçaria,
magia-negra, e
outros adjetivos
menos dignos de
um cristão, e
nos impulsiona
para frente e
para o alto, na
certeza de que
cedo ou tarde
sua filosofia de
vida será
adotada por
todos quantos
queiram seguir o
Mestre de
Nazaré.
Não nos
arvoramos em
anunciar que
somos os únicos
certos na
interpretação
das mensagens do
Cristo, pois
compreendemos
que a todos
facultou Deus a
bênção da
inteligência
para meditar,
analisar e
discernir tanto
quanto nós
espíritas, e,
por conseguinte,
sabemos
perfeitamente
respeitar todas
as
interpretações
dos nossos
irmãos de outras
correntes
religiosas,
embora nem
sempre
concordemos com
tais
interpretações,
mesmo
daqueles que não
nos dão o
direito de
raciocinarmos
por nós mesmos,
e tentem incutir
em nós suas
visões das
mensagens
cristãs, como se
não fôssemos
capazes de tirar
nossas próprias
conclusões dos
ensinos contidos
nos evangelhos.
Agem sob o véu
do
pseudoconhecimento
das escrituras,
e não reconhecem
em mais ninguém
a capacidade de
entender as
narrativas
evangélicas; nem
por isso temos o
direito de agir
da mesma forma,
pois, se assim
procedêssemos,
não estaríamos
seguindo as
diretrizes
espíritas
fundamentadas no
Evangelho de
Jesus, que nos
resumiu as Leis
e os profetas em
apenas dois
mandamentos:
“amar a Deus
sobre todas as
coisas e ao
próximo como a
si mesmo”, e
ninguém ama a
seu próximo, sem
respeitá-lo em
seu mais sagrado
direito que é o
de pensar
livremente.
Segue um pequeno
trecho contido
na Gênese,
capítulo I, item
29, sobre esse
assunto:
29. “Mas,
quem toma a
liberdade de
interpretar as
Escrituras
Sagradas? Quem
tem esse
direito? Quem
possui as
necessárias
luzes, senão os
teólogos? Quem o
ousa? Primeiro,
a Ciência, que a
ninguém pede
permissão para
dar a conhecer
as leis da
Natureza e que
salta sobre os
erros e os
preconceitos.
Quem tem esse
direito? Neste
século de
emancipação
intelectual e de
liberdade de
consciência, o
direito de exame
pertence a todos
e as Escrituras
não são mais a
arca santa na
qual ninguém se
atreveria a
tocar com a
ponta do dedo,
sem correr o
risco de ser
fulminado.
Quanto às luzes
especiais,
necessárias, sem
contestar as dos
teólogos, por
mais
esclarecidos que
fossem os da
Idade Média, e,
em particular,
os Pais da
Igreja, eles,
contudo, não o
eram bastante
para não
condenarem como
heresia o
movimento da
Terra e a crença
nos antípodas.
Mesmo sem ir tão
longe, os
teólogos dos
nossos dias não
lançaram anátema
à teoria dos
períodos de
formação da
Terra?
Os homens só
puderam explicar
as Escrituras
com o auxílio do
que sabiam, das
noções falsas ou
incompletas que
tinham sobre as
leis da
Natureza, mais
tarde reveladas
pela Ciência.
Eis por que os
próprios
teólogos, de
muita boa-fé, se
enganaram sobre
o sentido de
certas palavras
e fatos do
Evangelho.
Querendo a todo
custo encontrar
nele a
confirmação de
uma ideia
preconcebida,
giraram sempre
no mesmo
círculo, sem
abandonar o seu
ponto de vista,
de modo que só
viam o que
queriam ver. Por
muito instruídos
que fossem, eles
não podiam
compreender
causas
dependentes de
leis que lhes
eram
desconhecidas.
Mas quem julgará
das
interpretações
diversas e
muitas vezes
contraditórias,
fora do campo da
teologia? O
futuro, a lógica
e o bom senso.
Os homens, cada
vez mais
esclarecidos, à
medida que novos
fatos e novas
leis se forem
revelando,
saberão separar
da realidade os
sistemas
utópicos. Ora,
as ciências
tornam
conhecidas
algumas leis; o
Espiritismo
revela outras;
todas são
indispensáveis à
inteligência dos
Textos Sagrados
de todas as
religiões, desde
Confúcio e Buda
até o
Cristianismo.
Quanto à
teologia, essa
não poderá
judiciosamente
alegar
contradições da
Ciência, visto
como também ela
nem sempre está
de acordo
consigo mesma.”
(1)
Por tudo isso,
que a Doutrina
Espírita nos
ensina, sigamos
a mensagem
Cristã, na ótica
do Espiritismo,
pois não
cremos que Jesus
seja conivente
com a falta de
respeito e
caridade com
nosso irmão em
crença,
simplesmente por
exercer seu
direito de
interpretar seus
ensinos de forma
diferente da que
interpretamos, e
que se realmente
quisermos
mostrar que o
estamos
seguindo,
amemo-nos cada
vez mais
conforme suas
afirmações de
que “seus
discípulos
seriam
reconhecidos por
muito se amarem”.
Referência:
(1)
A
Gênese – cap. I,
item 29.