MARCUS
VINICIUS DE AZEVEDO
BRAGA
acervobraga@gmail.com
Guará II, Distrito
Federal (Brasil)
Frutos e
sementes
Certa feita, em uma
noite de domingo, vi uma
dessas reportagens com
economistas realizando
complexos cálculos e
projeções. Nesta, em
especial, calculava-se
quanto uma família
gastava para criar um
filho, desde as fraldas
do recém-nascido até os
custos com a faculdade,
observadas as correções
monetárias e
atualizações devidas.
Não precisa dizer que os
números foram
astronômicos...
Se fôssemos analisar a
questão dos filhos
apenas pela ótica
econômica, teríamos aí
um verdadeiro
“investimento a fundo
perdido”, com grandes
riscos de prejuízo no
futuro. Mas a vida não é
só economia. É
espiritualidade,
principalmente. Pela
Doutrina Espírita,
aprendemos que os filhos
são a oportunidade
bendita de resgate,
pelas vias da
reencarnação, no
reencontro dos
compromissos assumidos
com os Espíritos e com a
Lei divina. Ter um filho
é sempre um fato
fantástico, quando a
nossa vida frutificada
se perpetua na semente.
O destino da flor é o
fruto, reza
acertadamente a cartilha
da natureza.
Quando nos tornamos
pais, a nossa vida se
transforma de uma
maneira irreversível.
Quando assistimos ao
telejornal uma criança
que morre ou adoece,
está ali nosso filho
também. Quando uma mãe,
à beira do desespero e
da insensatez, abandona
o seu filho no lixo ou
no lago, como por vezes
cita o noticiário,
olhamos para os nossos
filhos e nos perguntamos
o porquê desse ato.
Entretanto, muitos ainda
tratam seus filhos como
o “Brinquedo novo que
não tem na loja”,
delegando de forma
incondicional todos os
momentos para as
empregadas domésticas
(em que pese o amor que
dispensam, não são os
genitores e a criança
sabe disso), abdicando
dessa dádiva por
motivações
individualistas. Apesar
de serem pais no sentido
biológico, não sentem o
aspecto profundo dessa
dádiva.
A paternidade e a
maternidade têm um
caráter divino,
compromisso e bênção,
onde o crescimento do
Espírito deve ser o
foco, aliando o
equilíbrio na ternura e
na exigência, com muito
amor e diálogo. Ter
filhos, no sentido
biológico ou não, também
é uma tarefa
missionária, que costura
compromissos passados e
esperanças futuras. Para
nós, espíritas, ela tem
um caráter mais sublime,
onde o filho de hoje é o
irmão de amanhã,
reforçando na carne os
laços da parentela
espiritual.
Que se trata de um
desafio, não temos
dúvida! É uma vereda de
dificuldades, às vezes
quase insuperáveis,
criar um filho. Mas
também é uma jornada
acompanhada de Espíritos
que brindaram o nosso
lar e representam um
instrumento do nosso
crescimento. Essa é a
forma que a Providência
Divina, em uma atitude
para além da perpetuação
da espécie, permitir que
o egoísmo latente ceda
ao sacrifício de nos
doarmos a um ser mais
próximo, como escola
para nos doarmos para
aqueles nem tão
próximos.
Desse modo, a
experiência da
paternidade/maternidade
traduz-se em vivências
exclusivas, de uma
felicidade também
exclusiva. Não é apenas
um cálculo feito na
ponta do lápis, é uma
consolidação de laços
anteriores que se traduz
em crescimento mútuo
para os envolvidos.
Em uma época de
individualismo
exacerbado, onde as
belas flores não querem
virar frutos, permitir a
reencarnação de
Espíritos deve estar na
pauta de nossos
projetos. Importante
lembrarmos que na
paternidade/maternidade,
a balança dos
sacrifícios sempre se
compensa pela das
bênçãos e pelos
sorrisos.
Creiamos nisto!