CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
O
bom bocado
Lembro-me de
quando era
criança;
estávamos, eu e
uma outra
menina, pequena
como eu, não
teria mais que
oito anos, na
vila aprazível
onde morávamos
no Rio de
Janeiro. Aquela
menina, desde o
momento em que a
família se
mudara para a
vizinhança, se
fizera célebre
justamente pelo
contrário
daquilo pelo
que, enquanto
criança, eu era
reconhecida:
adorava uma
briga!
Beligerante para
além do tido
como normal nas
habituais rixas
entre infantes
de uma mesma
idade, a garota
primava por
puxar confusão
por qualquer
motivo, do mais
banal ao - da
ótica dela -
mais
justificável!
Evidentemente
havia um
contexto
familiar por
detrás. A
aludida família
não primava
muito pela
educação. O
contexto de suas
vidas, cujas
minúcias não vêm
aqui ao caso
senão
alusivamente,
era tumultuado,
e, portanto,
fazendo parte de
uma longa
escadinha da
qual era ela uma
dos mais novos,
o alvo da tal
menina era eu.
Pelas mesmas
razões
mencionadas
acima.
Como dito,
então, estávamos
momentaneamente
sozinhas num
lugar da vila,
próximo de onde
ficava a minha
casa, quando,
por um pretexto
fútil qualquer
(eu achara uma
insignificância
no chão e
mostrara a ela,
que a tomara de
um ímpeto,
propositalmente.
E eu dissera que
aquilo não me
importava, não
queria de
volta), e não
mais que por
aquela razão
leviana, a
garota,
literalmente,
achou de me
espancar, diante
do grupo
assombrado das
demais crianças
que presenciavam
o acontecido.
Evoco essas
reminiscências
com um propósito
bem definido. A
de propor
reflexões acerca
de um tipo de
mentalidade que
desde aquela
época até aos
dias de hoje
prevalece, não
somente nos
círculos
infantis ou
juvenis (ah,
meus caros,
naquele tempo já
existia, sim, o
hoje alardeado
bullying!
Só que, sem os
tidos como
rebuscados
raciocínios
psicanalíticos
dos nossos
tempos! E - pra
valer! - nos
virávamos como
podíamos para
conviver com
isto, e, mais
que tudo,
continuar
vivendo!), mas
também nas rodas
pretensamente
amadurecidas dos
adultos!
Como naquele
tempo eu fora um
tipo de criança
que, sem ter em
casa intimidade
com episódios de
agressividade ou
de malícia ou
maldade
premeditada, só
gostava, e de
fato, de brincar
com os
amiguinhos, como
me cabia naquela
pouca idade de
conjunto com o
ir bem na escola
e ser uma boa
filha -
prossegui pela
minha vida afora
aprendendo e
confirmando, e
embora pagando
por isso o preço
nem sempre
fácil, que o
melhor mesmo é
ao menos se
tentar conviver
harmoniosamente
com o meu
vizinho: seja
este um vizinho
de porta, um
estranho, um
colega de
trabalho, um
familiar, um
cônjuge ou um
filho...
... Com a
espiritualidade
ao meu redor;
com eventuais
visitantes intra
ou
extradimensionais...
Ad infinitum,
no vasto
contexto de Vida
que nos envolve
e acolhe, para
frente e para
trás, assim como
neste mesmo
momento, o único
que de fato
existe!
Mas, com o
decorrer dos
anos, durante o
aprendizado, vim
observando:
assim como
naquele episódio
recuado das
minhas primeiras
recordações
desta presente
jornada
terrestre,
constato que o
ser humano, num
número incômodo
no que a isto se
refere,
permanece
padecendo do
mesmo mal que
tão precocemente
vitimizava a
personalidade
ainda nem
formada daquela
criança. Há,
portanto, para
todo lado, e
embora em dados
momentos
preconizando a
favor da
concórdia e da
harmonia para
com o semelhante
e a Vida como um
todo, quem na
prática se
mostre de uma
beligerança
surpreendente -
e, a exemplo
daquela rixa
boba havida
entre crianças,
a pretexto dos
motivos mais
contraditórios,
pueris,
injustificáveis!
Vejo, portanto,
pessoas em
situações várias
sutilizando
fraquezas
íntimas com as
cores das
grandes razões e
causas. Vejo
gente se
arvorando
altruístas aqui,
para ali
denunciarem
fragorosamente
suas
deficiências, na
hora dos embates
por conta de
objetivos
tacanhos e
mesquinhos
visando o ganho
próprio. Vejo
gente visando
salvar o próximo
da perdição,
metidos, eles
mesmos, na maior
cegueira
espiritual
possível! Vejo
gente que tenta
forjar nas
palavras a
realeza
pretendida para
si, e que se
evidenciaria,
tão-somente,
através das
atitudes mais
simples! Vejo
gente batendo
boca, se
espancando,
matando e se
aviltando ao
preço do latão
de um vintém!
Vejo muitos,
pois, que, tanto
quanto eu ou
qualquer mortal
em trajetória
eterna por sobre
este globo que
sedia o estágio
humano na
materialidade,
requisitam
urgentemente a
si mesmos mais
silêncio e menos
barulho por
coisas fúteis;
mais exercício
de autocontrole
e reflexão do
que verborragia
em torno de
teorias
questionáveis;
mais humildade,
mais
simplicidade em
pensamentos,
anseios e
atitudes, em
lugar dos
embates
desgastantes nos
universos
mutáveis quanto
incertos da
palavra, da
ação, da
influenciação
nas vidas e na
privacidade do
próximo...
Gente precisada
de mais
continência,
solenidade e
veneração diante
do fenômeno
inigualável da
Vida, manifesta
em si quanto no
seu semelhante,
na planta como
nos céus e no
animal!
Toda esta
digressão,
caros, para
compartilhar com
amigos e
leitores de boa
vontade que a
esta altura
venho aprendendo
a ser seletiva.
Na verdadeira
acepção do
termo. E também,
no que tange a
este breve
discurso mais
especificamente,
à área da minha
atuação como
escritora. Opto,
por causas bem
fundamentadas,
pelo bom-bocado.
Pelo que se
reveste de
significação
real, mais
válida,
autêntica. Por
tudo e todos que
compartilhem da
visão de que um
mero pedaço de
toco encontrado
em meio aos
paralelepípedos
de uma rua, como
naqueles tempos
longínquos, não
valerá nunca as
emoções densas,
nefastas, da
discórdia, da
agressividade,
da discussão
vazia, com quem
quer que seja!
Venho obtendo as
mais gratas
bênçãos por
intermédio das
convicções
adquiridas
através da
jornada espírita
empreendida
tanto quanto
possível, neste
meu atual
estágio de
imperfeição; na
tarefa
literária, nos
meios
espiritualistas,
através de
contatos
valiosos, no
cotidiano
familiar ou
social. Venho
confirmando que
a nossa
modificação
interna para
estados
benéficos e
pacificados é o
que se requer em
primeiro lugar
para a alteração
satisfatória de
eventuais
cenários
externos
indesejáveis.
Venho
constatando a
eficácia
comovedora da
prece, do
contato
telepático com
inteligências de
dimensões do
além físico, nos
momentos em que
adquiro,
invariavelmente,
respostas e
ensinamentos
absolutamente a
tempo do que
meus
questionamentos,
vacilações de
ânimo,
limitações de
entendimento
requisitam!
Simples assim!
É o manter-se
humilde perante
a grandiosidade
da Existência,
cujos recursos
nos atendem a
partir de uma
feição
indescritivelmente
amorosa, e de
muito além do
que ainda
podemos
compreender.
Saber que não
obstante o fato
de alguém
recusar
irascivelmente
um comentário
nosso, algo que
seja, e ainda
que oferecido de
boa-fé e
intenção, não se
justificará
nunca de nossa
parte um revide
agressivo,
cruel, desumano!
É por esta razão
que opto pela
fonte da linfa
fresca, que nos
satisfaz
prontamente nos
momentos mais
luminosos quanto
também nos das
nossas maiores
vicissitudes; e
que abro mão
também de
prosseguir me
expondo
desnecessariamente,
abordando
questões
intrincadas como
a ufologia,
cheia de
aspectos
controversos, na
qual se embatem,
ainda
inutilmente,
estes mesmos
seres humanos em
graves
dificuldades,
primeiramente,
consigo mesmos,
antes do
merecimento de
enfim
coexistirem
pacificamente
com as demais
civilizações do
Universo!