JOSÉ ARGEMIRO DA
SILVEIRA
joseargemirosilveira@gmail.com
Ribeirão Preto,
São Paulo
(Brasil)
Estejamos
contentes
“Tendo, porém,
sustento e com
que nos
cobrirmos,
estejamos com
isso contentes”
– Paulo (1
Timóteo, 6-8).
O ensino de
Paulo a Timóteo
parece muito
rigoroso.
Difícil de ser
aplicado.
Entretanto há
que considerar a
realidade
daquela época, e
o fato de
tratar-se de
pessoas
dispostas a se
dedicarem
totalmente à
divulgação, pela
palavra e pelo
exemplo, dos
ensinos do
Mestre Jesus. O
sustento e o
agasalho, ou
seja, o
estritamente
necessário para
atender às
necessidades do
corpo. Paulo,
como se sabe,
dedicava-se à
atividade de
tecelão. Mesmo
em viagem,
obtinha, com o
seu trabalho, os
recursos para
sua manutenção,
“para não ser
pesado a
ninguém”.
Evitava o
profissionalismo
religioso,
conservando-se
independente
para a nobre
tarefa de
ensinar.
A recomendação
de Paulo ao seu
discípulo nos
alerta quanto à
necessidade do
desapego dos
bens materiais.
Considera
Emmanuel que “o
monopolizador de
trigo não poderá
abastecer-se à
mesa senão de
algumas fatias
de pão. O
proprietário da
fábrica de
tecidos só pode
usar alguns
metros de
tecido, para a
confecção de sua
roupa. Não é
recomendável
esperar o
banquete, a fim
de oferecer algo
ao faminto; nem
reclamar um
tesouro, para
ser útil ao
necessitado. A
caridade não
depende da
bolsa; nasce do
coração. Ser
previdente é
correto, mas não
subordinar a
prática do bem
ao cofre
recheado“. (1)
O apego se
manifesta nos
grandes, como
nos pequenos.
Conta-se que um
sábio ensinava a
muitos e,
buscando
vivenciar o que
ensinava,
desfez-se de
tudo que
possuía. Vendeu
todos os seus
bens,
distribuindo-os
aos pobres e só
conservou o
livro que
estimava. Dormia
onde lhe
ofereciam
abrigo,
alimentava-se
com o que lhe
davam; vivia com
simplicidade sem
nada possuir,
além do livro de
estimação. O
rei, sabendo
daquele mestre e
dos seus
ensinos,
convidou-o a
morar, por algum
tempo, no
palácio, para
aprender com
ele. O sábio
aceitou o
convite, com a
condição de
residir em
aposento
simples, fora do
palácio,
mantendo seus
hábitos. Certo
dia, o rei o
convidou para um
passeio e quando
voltavam
constataram que
um incêndio
havia acabado
com o palácio e
as dependências
próximas, nada
restando do que
lá estava. O rei
aceitou o fato
com naturalidade
e informou ao
companheiro:
felizmente o que
tenho aprendido
com o senhor me
leva a aceitar o
ocorrido, sem
grande
dificuldade,
embora valores
elevados e
documentos
preciosos tenham
sido destruídos.
Entretanto, o
sábio, muito
irritado,
reclamava ter
perdido o seu
livro precioso,
não se
conformando com
o acontecido.
Passado o
momento de maior
emoção, o
hóspede do rei
refletiu sobre o
comportamento de
ambos e pediu
para continuar
morando, próximo
ao palácio, por
mais algum
tempo, pois
percebeu que ele
é quem devia
aprender com o
rei.
Às vezes achamos
que, quando
tivermos um
ganho mais
alentado, ou
quando nos
aposentarmos, ou
quando
desfrutarmos de
uma situação
econômica mais
sólida poderemos
nos dedicar à
causa do bem
comum. Porém,
essas situações
desejadas podem
não chegar; ou,
se chegarem, a
meta pode ser
colocada mais
adiante, e nunca
estamos prontos
ao trabalho no
Bem.
Disse alguém:
“posses
desnecessárias
são cargas
desnecessárias”.
As necessidades
das pessoas não
são as mesmas,
contudo,
qualquer coisa,
além do
necessário,
tende a
tornar-se uma
carga. Como o
viajante que
chegou à margem
de um rio e,
para
atravessá-lo,
construiu uma
canoa.
Atravessou o rio
e, como a canoa
ficara ótima,
não quis
abandoná-la.
Resolveu levá-la
consigo, embora
dela não mais
necessitasse.
Emmanuel,
finalizando a
página em que
analisa o
versículo citado
de início (1),
convida:
“Estejamos
alegres e
auxiliemos a
todos os que nos
partilhem a
marcha, porque,
segundo a sábia
palavra do
apóstolo, se
possuímos a
graça de contar
com o pão e com
o agasalho para
cada dia,
cabe-nos a
obrigação de
viver e servir
em paz e
contentamento”.
Bibliografia:
XAVIER,
Francisco
C./Emmanuel,
Fonte viva –
cap. 9.