WILSON CZERSKI
wilsonczerski@brturbo.com.br
Curitiba, Paraná
(Brasil)
Os jovens não sabem
namorar
Caracterizado pelo suave
encantamento e por um
doce mistério, dois
seres descobrem um no
outro, de modo
imprevisto, motivos e
apelos para a permuta de
emoções e entrega
recíproca, desencadeando
a partir daí o processo
de atração física. Esta
poderia ser uma
definição de namoro de
algumas décadas atrás.
Se preferirmos o
dicionário, diz-nos o
Dicionário Aurélio que
namorar é “procurar
inspirar amor...,
cativar, atrair, desejar
ardentemente, cobiçar,
empregar todos os
esforços para obter...
com vontade de
possuí-la... paquerar...
apaixonar-se...
encantar-se...”.
Atualmente está tudo
diferente. “Não se
emprega esforços”; está
tudo fácil, disponível,
praticamente em qualquer
barzinho de esquina, na
praia, no carnaval. E
ninguém fica com vontade
de possuir; se satisfaz
imediatamente. Pessoas
de idade que se
relacionam regularmente
pelo sexo, diz-se que
estão namorando só
porque não estão morando
juntos. E nos programas
de televisão até os
animais namoram. É bem
verdade que os
românticos tentam manter
a aura, afirmando que,
mesmo casados de muitos
anos, são eternos
namorados. Mas é de se
perguntar, então, onde é
que ficou o
encantamento, a
inspiração do amor para
todos os demais.
O Dia dos Namorados é
uma data especial, de
troca de presentes, de
se dar flores. Hoje,
dão-se peças íntimas
para serem usadas na
transa de logo mais à
noite. Não se trata de
saudosismo, anacronismo
ou moralismo. Vivemos
uma perigosa inversão,
desvinculando-se a
prática sexual da
existência do amor e
queimam-se, sem
cerimônias, as etapas do
namoro e do noivado que
eram as fases destinadas
à sedimentação das
primeiras experiências
afetivas e de parceria
entre os futuros
cônjuges. Não deve
admirar, pois, que
aumente assustadoramente
e ocorram cada vez mais
cedo as gravidezes de
adolescentes, os
casamentos durem cada
vez menos e mais e mais
filhos sofram prejuízos
afetivos e na sua
educação geral por força
de os pais viverem
separados.
A justificativa para
este estado de coisas é
que os tempos mudaram, o
mundo já não é mais o
mesmo. Os padrões morais
afrouxaram-se e as leis
procuraram acompanhar
aquilo que para muitos é
uma aquisição da
evolução humana, com
mais liberdade,
permitindo a busca
constante da felicidade.
Ninguém discute se esta
busca é justa, se ocorre
no lugar e formas
corretas. O império dos
sentidos, o marketing do
sexo arrasta e gera um
círculo vicioso. As
pessoas mudam por
consequência do
bombardeio de
sensualidade nas
novelas, no cinema, nas
revistas, nas ruas e ao
mesmo tempo investe-se
na moda e nas
propagandas maliciosas,
nas revistas eróticas e
nas novelas que se
justificam pelo desejo
de retratar a realidade,
tudo isto porque as
pessoas se lançam ao seu
consumismo.
Entretanto, se
pudéssemos ver as almas
humanas munidas de suas
respectivas bagagens
espirituais ou cármicas,
entenderíamos com mais
clareza o que se passa.
O encontro de dois seres
não é um fato fortuito.
Ou não deveria ser.
Laços invisíveis de
energia magnética os
atraem mutuamente em
graus diversos e,
arrancados à multidão
anônima, subitamente têm
seus caminhos cruzados
para a redescoberta
íntima. Naturalmente não
podemos desconhecer
outros fatores
biopsicossociais como a
educação, o nível
cultural e mesmo o
econômico que facilita
ou dificulta a
interação, mas,
frequentemente, vemos
estas barreiras serem
demolidas quando se
interpõem no caminho de
dois seres que
verdadeiramente se
reencontram do passado e
revivem os sonhos
acalentados e as emoções
registradas em seu
inconsciente. Há ainda o
fator do livre-arbítrio
capaz de controlar
certas situações pela
razão que prevalece
sobre o sentimento e
mesmo sobre o instinto.
Mas há também as
aproximações de
antagônicos para
promover os reajustes de
processos mal resolvidos
em vidas passadas, às
vezes, de imensa
gravidade. Ondas de
rancor mal disfarçado,
ódios que precisam ser
esmerilhados, algemas de
tirania física,
psicológica e moral,
impostas ao cônjuge de
outras experiências que
o reencontro propiciará
a oportunidade de
apaziguar, corrigir,
libertar e, quem sabe,
pela renúncia, pelo
impositivo do amor
universal, pelo apoio do
compromisso assumido
diante de outros seres
na qualidade de filhos,
poderão conduzir ao
êxito e algo muito
próximo a uma felicidade
afetiva total.
É na escola do lar que
somos submetidos com as
lições mais difíceis e
mais belas também e é
por isso que tantos
fracassam. Avalizados
pelos novos costumes,
pelo abrandamento das
leis e pela
flexibilidade até das
exigências daqueles que
têm no ato do matrimônio
um sacramento religioso,
ao esbarrar com a menor
dificuldade, vem a
separação. Para logo
mais adiante, cada um,
livre, assumir novo
relacionamento que, por
sua vez, pode durar
semanas, meses ou, mais
raramente, alguns anos.
E a experiência se
repete.
O ressurgimento no palco
da vida pelas portas da
reencarnação não tem por
finalidade tornar a
experiência terrena num
parque de diversões
leviano e irresponsável
onde se coloca o gozo
material acima de
qualquer coisa. Visa
nosso amadurecimento
espiritual pelo
crescimento em termos de
intelecto e de
moralidade. Inúteis as
privações fanáticas,
masoquistas e, pior
ainda, a hipocrisia que
oculta atitudes
dissolutas. O homem
encarnado possui
necessidades
fisiológicas que lhe são
próprias, incluindo o
sexo. Este visa à
procriação, mas serve
também e mais comumente
para promover a troca de
energias afetivas e de
ordem magnética entre os
parceiros, desde que a
relação tenha a
sustentá-la o amor, a
compreensão, o respeito.
A decisão de se tomar
este ou aquele para
esposa ou esposo é
influenciada pelos
Espíritos desencarnados
de alguma forma
interessados na sua
consumação, ligações de
parentesco, amizade ou
dívidas morais.
A mais poderosa destas
influências é a exercida
por aqueles que aguardam
uma nova oportunidade
para reencarnar. Por
isso o namoro e depois o
noivado deveriam ser
consideradas como fases
de inestimável valor
para a estabilidade dos
futuros cônjuges.
Principalmente para a
descoberta mútua não só
das virtudes, mas também
dos defeitos que
ordinariamente todos
possuímos.