ALTAMIRANDO
CARNEIRO
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São Paulo, SP
(Brasil)
A
mediunidade de madre
Teresa de Ávila
Num velho sebo (loja de
livros usados), folheei
um livro interessante: Os
santos que abalaram o
mundo, de
René Fülöp-Miller,
tradução de Oscar
Mendes, Livraria José
Olímpio Editora – 1948.
Abro na página 353:
Santa Teresa. Numa nota
de rodapé, o tradutor
informa que certos
fenômenos de ordem
sobrenatural são
considerados pelo autor
de maneira puramente
natural.
Cognominada A
Santa do Êxtase, que
ela descrevia
como um voo para o alto,
que se efetua no
interior da alma com a
velocidade de uma bala
disparada de uma arma,
Teresa de Cepeda y
Ahumada, ou madre Teresa
de Ávila (ou Teresa de
Jesus), canonizada em
1622, quarenta anos
após a sua
desencarnação, foi uma
religiosa e “mística”
espanhola, reformadora
da Ordem das Carmelitas
e doutora da Igreja,
nascida em Ávila, em
1515 e desencarnada em
Alba de Tormes, em
1582.
O autor do livro informa
que “na vida
extraordinária desta
santa os acontecimentos
naturais cruzam-se sobre
esferas sobrenaturais,
as ordens terrenas e
celestes se misturam,
visões emergem da
percepção, o som de
vozes humanas foi
absorvido pelos chamados
celestiais e a frágil
forma humana serviu, em
momentos de êxtase, de
nave da abundância
divina”.
Ou seja, uma grande
médium. Explica Allan
Kardec, no capítulo XIV
de O
Livro dos Médiuns, que
toda pessoa que sente a
influência dos
Espíritos, em qualquer
grau de intensidade, é
médium, e que essa
faculdade é inerente ao
homem. Pode-se dizer que
todos são mais
ou menos
médiuns, embora,
usualmente, essa
qualificação se
aplique somente aos que
possuem uma faculdade
mediúnica bem
caracterizada.
Interessante que mesmo
considerando os
fenômenos como de ordem
puramente natural, o
autor confirma, nas
entrelinhas, a
mediunidade de madre
Teresa:
“Madre Teresa escreveu o
que tinha aprendido na
quieta solidão de sua
cela, fora da confusão
do tempo e do espaço,
para além do dogma e da
demonstração racional,
para além de sua própria
compreensão e da
percepção dos seus
sentidos. Descreveu as
visitas de seu invisível
Senhor e anotou a Sua
vontade, que Ele lhe
comunicava em palavras
inaudíveis”.
Entendemos que René
Fülöp-Miller se refere a
uma comunicação direta
com Deus, mas sabemos
que esta comunicação
acontecia entre madre
Teresa e os Bons
Espíritos, naturalmente,
sob a proteção de Deus.
Grande Espírito! “Por
meio de Teresa, a Igreja
aprendeu uma vez mais
que o Cristo era uma
realidade viva, esse
Cristo que os discípulos
viram na estrada de
Emaús, que Saulo de
Tarso encontrara no
caminho de Damasco...”,
enfatiza o
autor.
Sofreu. Mas soube
suportar todas as dores.
Como disse Van Gogh, em
carta a seu irmão,
“quanto mais caio aos
pedaços, quanto mais
inválido e fraco me
sinto, tanto mais
artista me torno; pois
graças à doença concebo
ideias em profusão para
trabalhar”. Foi a doença
que deu a Dostoievski o
poder de produzir as
suas maiores obras.
Informações correlatas:
Segundo informações da
contracapa do livro Perdoo-te:
Memórias de um Espírito, da
médium e grande vulto do
Espiritismo na Espanha,
Amália Domingo Soler –
L.G.E. Editora (8.
edição - 2003), o
Espírito que ditou os
escritos oralmente a
Eudaldo Pagés, que os
transmitiu a Amália, a
qual os passou para o
papel, embora se
identifique como Íris,
teria sido Madalena. As
comunicações aconteceram
em Gracia, na Espanha,
de 18 de fevereiro de
1897 a 23 de novembro de 1899.
Eduardo ditava, Amália
transcrevia.
Os relatos do Espírito
antecederam à existência
de Madalena, quando fez
parte de uma civilização
que teria existido na
Atlântida. Um dos
últimos capítulos fala
sobre a reencarnação do
Espírito como
uma revolucionária
religiosa – que teria
sido a madre Teresa de
Ávila.
Observa o texto:
“Nominá-la em um livro
espírita causaria
demasiado impacto há cem
anos atrás? E quanto a
elucidar que as visões e
transes de madre Teresa
eram simplesmente
manifestações
mediúnicas?”