A Revue Spirite
de 1865
Allan Kardec
(Parte
7)
Damos prosseguimento ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1865. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 22
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela EDICEL.
Questões preliminares
A. Em quantas
categorias, em face das
ideias espíritas, Kardec
dividia o público de sua
época?
Ele o dividia em três
categorias: os
partidários, os
indiferentes e os
antagonistas. As duas
primeiras categorias
constituíam a imensa
maioria. Como os
indiferentes ficam
satisfeitos por
encontrar numa discussão
imparcial os meios de
esclarecer aquilo que
ignoram, os jornais nada
têm a perder divulgando
artigos simpáticos à
doutrina, porque os
partidários e os
indiferentes são
bastante numerosos para
compensar as defecções
que pudessem
experimentar, se é que
as experimentassem.
(Revue Spirite de 1865,
pág. 102.)
B. As lágrimas dos pais,
devido à desencarnação
de um filho, são vistas
de que modo pelos
desencarnados?
Cada caso é um caso, mas
a Revue publicou
a mensagem de um
Espírito que disse que
seus pais deveriam
cessar o choro, porque
as lágrimas servem para
enervar e desencorajar
as almas. E acrescentou
que ele partira
primeiro, mas em breve
todos se encontrariam na
vida espiritual. Sua
morte, que tanto os
afligia, constituíra
para ele o fim do
cativeiro em que sua
alma vivia na Terra.
(Obra citada, pp. 103 a
106.)
C. A afinidade fluídica
interfere na maior ou
menor facilidade das
comunicações?
Sim. Diz Kardec que a
facilidade das
comunicações depende do
grau de afinidade
fluídica existente entre
o Espírito e o médium.
Sem a harmonia entre um
e outro, a única que
pode levar à assimilação
fluídica, tão
necessária na tiptologia
quanto na escrita,
as comunicações são
incompletas, impossíveis
ou falsas.
(Obra citada, pp. 106 e
107.)
Texto para leitura
71. A
primeira utilidade dessa
destruição, utilidade
puramente física, é na
verdade esta: os corpos
orgânicos não se mantêm
senão à custa de
matérias orgânicas, as
únicas que contêm os
elementos nutritivos
necessários à sua
transformação e
manutenção. Eis por que
os seres se nutrem uns
dos outros, sem com isso
aniquilar ou alterar o
Espírito, que fica
apenas despojado do seu
invólucro. (Pág. 96.)
72. Além disso, afirma
Kardec, há considerações
morais de ordem mais
elevada. A luta é
necessária ao
desenvolvimento do
Espírito, porque é na
luta que ele exercita
suas faculdades. Aquele
que ataca para ter o
alimento e o que se
defende para conservar a
vida desenvolvem nesse
esforço suas forças
intelectuais. Um dos
dois sucumbe. Mas o que
foi que, na realidade, o
mais forte ou o mais
apto tirou do mais
fraco? Apenas sua
vestimenta corporal e
nada mais; o Espírito,
que jamais morre, mais
tarde retoma outro.
(Pág. 96.)
73. Como a mais
imperiosa das
necessidades materiais é
a da alimentação, os
seres inferiores da
criação lutam para
viver. O senso moral
neles inexiste; sua luta
tem, pois, por móvel
unicamente a satisfação
de uma necessidade. É
nesse período que a alma
se elabora e se ensaia
para a vida. Mais tarde,
ao atingir o grau de
maturidade necessário à
sua transformação, ela
receberá de Deus novas
faculdades: o
livre-arbítrio e o senso
moral, que darão um novo
curso às suas ideias,
mas isso só se dá
gradativamente. Nas
primeiras idades domina
o instinto animal;
depois o instinto animal
e o sentimento moral se
contrabalançam; o homem
luta então, não mais
para se alimentar, mas
para satisfazer sua
ambição, seu orgulho e a
necessidade de dominar.
(Págs. 96 e 97.)
74. Com o passar dos
tempos, à medida que o
senso moral ganha peso,
a luta continua
necessária ao
desenvolvimento do
Espírito, mas – de
sangrenta e brutal que
era – torna-se puramente
intelectual e o homem
passa a lutar contra as
dificuldades da vida,
não mais contra os seus
semelhantes. (Pág.
97.)
75. Um leitor da
Revue comunicou à
direção dela um fato
ocorrido em Montauban
que impressionou a
população: um pregador
protestante, Sr. Rewile,
capelão do rei da
Holanda, num discurso
pronunciado perante duas
mil pessoas, afirmou-se
claramente partidário
das ideias novas
difundidas pelo
Espiritismo. Segundo a
mesma fonte, o Sr.
Rewile abordou com
sucesso a questão das
manifestações espíritas,
em duas conferências
dirigidas para alunos de
uma Faculdade. (Págs.
97 a 99.)
76. Reportando-se a um
artigo publicado a
5/3/1865 no Journal
de Saint-Jean D’Angély,
escrito pelo dr. A.
Chaigneau, renomado
médico da região, Kardec
diz que o jornal que o
publicou não é ligado ao
Espiritismo e, com
certeza, um ano antes
não teria acolhido
referida matéria, que
desenvolve os princípios
da doutrina. Ele
conclui, portanto, que o
fato – tal como se
verificou em Montauban –
estava a indicar uma
melhor aceitação das
ideias espíritas pela
sociedade da época e uma
ampliação do número dos
seus partidários.
(Págs. 99 a 102.)
77. Do ponto de vista da
ideia espírita,
acrescentou Kardec, o
público se divide em
três categorias: os
partidários, os
indiferentes e os
antagonistas. As duas
primeiras constituem a
imensa maioria. Como os
indiferentes ficam
satisfeitos por
encontrar numa discussão
imparcial os meios de
esclarecer aquilo que
ignoram, os jornais nada
têm a perder divulgando
artigos simpáticos à
doutrina, porque os
partidários e os
indiferentes são
bastante numerosos para
compensar as defecções
que pudessem
experimentar, se é que
as experimentassem.
(Pág. 102.)
78. Um assinante da
Revue dirigiu uma
carta a um irmão querido
que havia falecido,
pedindo-lhe que enviasse
sua resposta por meio de
um médium. O falecido
atendeu ao pedido,
respondendo as perguntas
que o irmão, a pedido de
seus pais, consignara na
correspondência.
(Págs. 103 a 105.)
79. Eis resumidamente o
que o Espírito
transmitiu à família: A)
Por vezes é muito
difícil aos Espíritos
transmitir o pensamento
através de certos
médiuns pouco aptos a
receber claramente, em
seu cérebro, a impressão
fotográfica dos
pensamentos do
comunicante. B) Os pais
deveriam cessar o choro,
porque as lágrimas
servem para enervar e
desencorajar as almas.
Ele partira primeiro,
mas em breve todos se
encontrariam na vida
espiritual. C) Sua
morte, que tanto os
afligia, constituíra, no
entanto, o fim do
cativeiro em que sua
alma vivia na Terra.
(Págs. 105 e 106.)
80. Vários ensinamentos
ressaltam da comunicação
precedente. O primeiro é
a dificuldade
experimentada pelo
Espírito para se
exprimir mediunicamente.
É que a facilidade das
comunicações depende do
grau de afinidade
fluídica existente entre
o Espírito e o médium.
Sem a harmonia entre um
e outro, a única que
pode levar à assimilação
fluídica, tão
necessária na tiptologia
quanto na escrita,
as comunicações são
incompletas, impossíveis
ou falsas. (Págs. 106
e 107.)
81. Constitui um erro,
pois, impor um médium ao
Espírito que se quer
evocar. Cabe a ele
escolher o instrumento.
Se na reunião só houver
um médium, existe um
meio de atenuar a
dificuldade: evocar o
guia espiritual do
médium e perguntar se a
evocação de determinado
Espírito é possível. Se
houver incompatibilidade
entre Espírito e médium,
o comunicante pode
transmitir seu
pensamento por meio do
guia do médium ou
aceitar a sua
assistência. Nesse caso,
seu pensamento chegará
de segunda mão. Vê-se,
só por esse fato, quanto
importa que o médium
seja bem assistido,
porque, se ele for
dominado por um
obsessor, um indivíduo
ignorante ou orgulho, a
comunicação será
alterada. (Págs. 107
e 108.)
82. Em uma reunião
realizada em Montauban,
a Sra. G... – médium
vidente e sonâmbula
muito lúcida – viu
quando um Espírito
curvou-se sobre sua
perna e operou nela
fricções e massagens
sobre a região que,
devido a uma entorse,
doía muito. A operação
foi muito dolorosa, mas
ao cabo de dez minutos a
entorse desapareceu, a
inflamação se extinguira
e o pé readquirira sua
aparência normal.
(Págs. 109 a 111.)
(Continua no próximo
número.)