ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
As realidades
porvindouras
“(...) e os
mártires, ébrios
de esperança
desceram ao
circo...”
Lázaro (1)
Debruçado nas
montanhas
distantes, o
Sol, no poente
dourado,
derramava ouro
líquido na
paisagem
bucólica da
Palestina dos Macabeus... Uma
brisa suave –
vinda do
Tiberíades –
esparzia-lhe o
ar salitrado que
se mesclava com
o aroma das
flores
silvestres,
embalsamando a
tarde morna numa
moldura de rara
beleza. Os
corações,
receptivos,
aguardavam o
verbo grandiloquente
do Meigo Zagal
Celeste...
Em outras
oportunidades
Ele descortinara
os véus do tempo
que ocultavam os proscênios
celestes,
descrevendo com
riqueza de
detalhes os
inalienáveis
“tesouros dos
Céus” que estão
à disposição dos
“herdeiros de
Deus”. O menor
deles, em sua
transcendência
imarcescível,
supera o mais
rico tesouro
terrestre sempre
perecível quão
transitório.
As realidades
porvindouras se
lhes antojava
aos olhos
espirituais ao
se desabarem as
belidas d’alma.
Descerravam-se,
destarte, os
painéis do
futuro a
conquistar com a
aquisição das
virtudes e do
empenho
constante no
Bem, no ingente
e inadiável
empreendimento
de renovação
interior.
Justamente por
isso, naquela
abendiçoada
tarde-noite, Ele
enfatizara a
necessidade da
urgente viagem
às mais íntimas
anfractuosidades
do Ser, ou seja,
promover o
grande
“mergulho” no
Self,
libertando-se,
ao mesmo tempo,
das constritoras
amarras do
Ego
dissolvente, em
busca do grande
fanal: encontrar
o Reino de Deus,
ínsito em cada
um.
Sem embargo,
desde já,
encontravam-se
aquelas
criaturas em
liberdade
interior, visto
que a Verdade
transcendente já
lhes felicitava
o Espírito (Jo.,
8:32).
“A veneranda
figura do Mestre
se desenhava, à
distância, em
contraste com o
poente, numa
auréola de fogo,
destacando-Lhe o
vulto austero
nimbado de Luz
interior”.
Ensinara que o
Ego
alucinado,
onusto de
caprichos e
ardentes desejos
nascidos nas
raízes do
personalismo
corruptor que a
si tudo permite
e aos outros
nada concede,
que combure e
calcina as
aspirações
elevadas
atraindo o ser
para os marnéis
da brutalidade,
da crueldade e
da ignorância,
esse desejo que
uma vez
satisfeito gera
o fastio e exige
novos gozos, não
atendido
rebela-se e
aturde quem lhe
padece a
constrição; esse
desejo deveria
ceder, com as
Verdades Novas,
espaço para a
vontade de
crescer
espiritualmente.
Tal vontade tem
o poder de
dominar o
desejo,
canalizando-o
para o trabalho
edificante,
transformando-o
em paixão
positiva, que é
a alavanca do
progresso.
A meditação e a
oração completam
o esforço da
vontade
libertadora,
comandando o
destino na
direção das
emoções do bom,
do belo e do
amor. A vontade
desloca o
Espírito das
tredas regiões
do Ego
primário e
sufocante,
levando-o para
as alcandoradas
regiões da
Imortalidade
Gloriosa.
Referência:
(1)
Kardec, A. O
Evangelho
segundo o
Espiritismo.
104. ed. Rio
de Janeiro: FEB,
2003, cap. XI,
item 8.
Nota do Autor:
artigo inspirado
em textos do
Espírito Eros,
insertos no
livro: A um
Passo da
Imortalidade,
psicografado por
Divaldo Franco.