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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 3 - N° 146 - 21 de Fevereiro de 2010

 

Sonho não realizado

 

A caminho da escola, levada pela mão da mãe, Carla sentia-se irritada e descontente. 

Por que tinha que estudar? Seu pai não tinha estudado e certamente não sentia falta. Trabalhava como pedreiro e construía lindas casas. 

Não é justo! — pensava a menina. — Só eu sou obrigada a frequentar a escola!  

Passando por uma chácara, Carla viu uma galinha ciscando no terreiro e disse: 

— Aquela galinha é que é feliz, mamãe. Não precisa estudar e nem fazer nada. 

— Como não? — disse a mãe. — Aquela galinha trabalha pondo os ovos que serão usados na alimentação da família. 
 

Mais adiante, a menina viu uma vaca pastando tranquilamente tendo um bezerrinho a seu lado. Suspirou, reclamando: 

— A vaca não precisa trabalhar nem ir à escola, mamãe. Deve ser bem feliz! 

— Mas a vaca colabora dando o leite que será servido às crianças, minha filha.
 

— Aquela abelhinha não faz nada. Passeia o tempo todo. É o que eu também gostaria de fazer! 

A mãe, paciente, esclareceu: 

— Engana-se, minha filha. As abelhas que voam pelos campos e jardins estão trabalhando, realizando sua tarefa. Elas retiram das flores o néctar com que produzirão o mel

tão gostoso e útil para a saúde, e que você gosta tanto.  

Carla sentia-se desapontada.  

— Quer dizer que todos trabalham? 

— Sim, minha filha. Na natureza, todos os seres vivos colaboram executando suas tarefas. 

Irritada, a menina reagiu: 

— Porém, ninguém precisa ir à escola. Meu pai não estudou e ganha dinheiro com seu trabalho de pedreiro. 

A senhora olhou a filha com carinho e respondeu: 

— Ah, minha filha! Você não sabe o quanto seu pai lamenta não ter estudado. Quando criança, seu pai morava numa fazenda que não tinha escola; depois, a família mudou-se para a cidade, mas seu avô, pai dele, não podia pagar uma escola para os filhos. Por isso, seu pai, que sempre sonhou ser engenheiro, não pôde estudar. Hoje, como pedreiro, constrói casas, mas não é o que ele sonhava fazer. Queria planejar construções, fazer plantas colocando no papel sua criatividade. Agora, ele só obedece às ordens que lhe são dadas. Seu pai não reclama nem é ingrato com Deus, pois com seu trabalho ganha o suficiente para manter a nossa família. Porém, se tivesse podido escolher, ele teria estudado.      

Carla ficou calada, pensativa. Depois, quando chegaram perto do portão da escola, despediu-se da mãe, dizendo: 

— Nunca mais vou reclamar, mamãe. Entendi que todos fazem alguma coisa e que eu também tenho que fazer. Preciso estudar para ter um futuro melhor.  

Mãe e filha se abraçaram e Carla caminhou sorridente, junto com seus colegas, para dentro da escola.                                                        


(Mensagem de Meimei, recebida por Célia Xavier de Camargo em julho de 2005, em Rolândia, PR.)

                                              
                                                                        Tia Célia   


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita