AMÉRICO DOMINGOS
NUNES FILHO
americonunes@terra.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Senhor, o que
queres
que eu
faça?
Na época do
início do
cristianismo,
vivia, em
Jerusalém, um
dos mais
importantes
rabinos daquele
tempo, muito
conhecido pela
sapiência e
extrema
dedicação aos
trabalhos do
Tribunal Supremo
Judaico (Sanedrim).
Era fariseu e
doutor da lei.
Esse sábio, neto
do célebre Hilel,
ficou conhecido
entre os
cristãos primevos por ter
livrado da
prisão Pedro e
os outros
discípulos,
episódio
descrito no
livro “Atos dos
Apóstolos” (Novo
Testamento),
capítulo 5,
versículos 34 a
39.
Seu nome era Gamaliel e de
seus lábios
exteriorizou-se
a erudita
argumentação de
que se os
primitivos
cristãos obravam
através de Deus,
seria inútil ir
de encontro a
eles (Atos 5:
39).
Pois bem, esse
famoso rabino
foi preceptor de
um jovem
promissor,
nascido em
Tarso, cidade da
Cilícia,
pertencente à
tribo de
Benjamin, de
nome Saulo,
ensinando-lhe o
Antigo
Testamento e
submetendo-o a
uma educação
eminentemente
judaica,
respeitando-se
os costumes
rígidos do
farisaísmo.
Gamaliel possuía
vastos
conhecimentos e,
apesar de ser
extremamente
zeloso das
tradições
hebraicas,
revelava ser
dotado das
qualidades da
tolerância e da
pacificidade,
não assimiladas
pelo seu
ardoroso
discípulo,
porquanto Saulo
de Tarso
observava
rigorosamente as
prescrições
legais, com zelo
feroz, chegando
ao cúmulo de
consentir na
morte do
protomártir
Estevão e de
outros, como
também ao
encerrar nas
grades muitos
cristãos (Atos
8:1 e 3; Atos
26: 10).
O entusiasta
fariseu
tornou-se,
então, contumaz
inimigo dos
seguidores de
Jesus,
arvorando-se no
direito
vergonhoso de
inquisidor
religioso, em
Jerusalém. Ao
mesmo tempo, não
satisfeito ainda
com a tenaz
perseguição
exercida na
chamada “cidade
sagrada”,
resolve pedir
cartas ao
príncipe dos
sacerdotes para
as sinagogas de
Damasco com o
fim de prender
os cristãos que
se organizavam
na província da
Síria.
Na estrada,
perto da cidade,
repentinamente,
uma luz
brilhante cai
sobre ele e seus
companheiros,
derrubando-os.
De imediato,
todos se
levantaram,
exceto Saulo,
desde que se
achava prostrado
por terra.
Ouviu-se, então,
uma voz que, em
língua hebraica,
dizia: “Saulo,
Saulo, por que
me persegues?
Dura cousa é
recalcitrares
contra os
aguilhões”.
Respondeu ele:
“Quem és tu,
Senhor?” O
destemido
fariseu recebe a
seguinte
resposta: “Eu
sou Jesus a quem
persegues” (Atos
9:4-5).
Imediatamente, o
homem pergunta
ao Cristo: “Que
farei,
Senhor?”
(Atos 22;10).
Você, querido
leitor destas
linhas, já
perguntou ao
Mestre, Guia e
Modelo Maior de
toda a
humanidade: “O
QUE QUERES,
SENHOR, QUE EU
FAÇA?”
A resposta,
pronta e
objetiva, de
Jesus poderá ser
a seguinte: “Não
sabes os
mandamentos: Não
adulterarás, não
matarás, não
furtarás, não
dirás falso
testemunho,
honra a teu pai
e a tua mãe?”
(Lucas 18: 20).
Ou, então, o
Cristo falará ao
seu coração, da
seguinte
maneira: “Negue
a si mesmo”
(Lucas 9:23),
indicando-lhe
uma nova
caminhada, na
qual possa
começar a
desvencilhar-se,
paulatinamente,
das algemas do
orgulho, do
egoísmo, da
vaidade e das
outras paixões
inferiores.
O QUE QUERES,
SENHOR, QUE EU
FAÇA?
Jesus,
igualmente, lhe
adverte:
“Reconcilie-se
com o seu
adversário,
enquanto está
com ele a
caminho (...)
Não sairá da
prisão, enquanto
não pagar o
último ceitil”
(Mateus 5:
25-26),
alertando-o
sobre a
valorização de
uma encarnação
terrena, onde
todos os
esforços devem
ser empregados
diante da
provação ou da
expiação, para
que a vitória
seja alcançada e
possa você
libertar-se da
pena da tortura
do remorso que,
na dimensão
espiritual,
consome com
tanta
intensidade que
parece nunca
mais se
extinguir e,
emblematicamente,
apontado no
Evangelho como
“fogo eterno”.
O Mestre lhe
reafirma o
sublime
ensinamento
reencarnacionista:
“Necessário é
nascer de novo”
(João 3:7). A
obrigatoriedade
do regresso ao
mundo de carne,
onde terá a
oportunidade do
crescimento
espiritual,
despertando
potencialidades,
auferindo
aptidões e tendo
a chance de
resgatar o
último ceitil,
saindo da
“prisão”.
O QUE QUERES,
SENHOR, QUE EU
FAÇA?
O Cristo
lembra-lhe a
respeito da
liberdade
desfrutada pela
criatura divina,
outorgada com o
livre-arbítrio;
porém, submetida
a uma ordem
legislativa
cósmica (Lei de
Causa e Efeito):
“O que comete
erro é escravo
do erro” (João
8:34); “Olhe que
está curado, não
erre mais para
não lhe suceder
coisa pior”
(João 5:14);
“Não julgue,
para que não
seja julgado”
(Mateus7: 1);
“Com o critério
com que julgar,
será julgado, e
com a medida com
que tiver medido
lhe medirão
também” (João
7:2); “Quem leva
para cativeiro,
para cativeiro
vai” (Apocalipse
13:10); “A cada
um segundo as
suas obras”
(Apocalipse
21:12).
Jesus lhe exige
a prática dos
seus ensinos
como prova
segura da sua
“salvação”, ou
seja, do seu
despertamento
espiritual,
clamando:
“Venha, bendito
de meu Pai!
Entre na posse
do reino que lhe
está preparado
desde a fundação
do mundo, porque
tive fome e me
deu de comer;
tive sede e me
deu de beber;
era forasteiro e
me hospedou;
estava nu e me
vestiu; enfermo
e me visitou;
preso e foi me
ver” (Mateus 25:
34-36).
Num momento tão
trágico como a
separação dos
bons dos maus, a
assertiva
crística e,
consequentemente,
espírita, se faz
presente: “FORA
DO AMOR NÃO HÁ
SALVAÇÃO”.
Não é exigida,
nesse instante,
qualquer
filiação
religiosa, nem
mesmo se alude
ao sacrifício do
Mestre na cruz.
Salvo é aquele
que serve ao
Cristo na pessoa
do próximo.
O QUE QUERES,
SENHOR, QUE EU
FAÇA?
Jesus adverte a
todos aqueles
que pensam
seguir-lhe as
pegadas,
arvorando-se no
direito teórico
de legítimos
seguidores do
Evangelho e que
admitem ser
adversários dos
profitentes de
outras crenças:
“Nem todo o que
me diz ‘Senhor,
Senhor!’ entrará
no reino dos
céus, mas aquele
que faz a
vontade de meu
Pai...” (Mateus
7:21); “Muitos,
naquele dia, hão
de dizer-me:
Senhor, Senhor!
Porventura, não
temos nós
profetizado em
seu nome, e em
seu nome não
expelimos
demônios, e em
seu nome não
fizemos muitos
milagres? Então,
lhes direi
explicitamente:
‘Nunca vos
conheci.
Apartai-vos de
mim, os que
praticais a
iniquidade’”
(Mateus 7:22).
Assim como Saulo
de Tarso, todos
são convidados à
transformação
maior em direção
ao aprimoramento
espiritual.
Você, leitor
amigo, decida
agora seguir o
verdadeiro
caminho da
fraternidade
legítima com o
Cristo,
seguindo-lhe as
excelsas
pegadas, pegando
no arado e não
olhando para
trás.
Que hoje se
realize o seu
encontro maior
com Jesus. Que
possa ser, assim
como foi para o
iniciado de
Damasco, o
momento propício
da sua
transformação
maior e, então,
não precisará
mais questionar
o que fazer e
receberá a
resposta do
Alto, a
dizer-lhe: “VÁ,
PORQUE EU LHE
ENVIAREI PARA OS
GENTIOS” (Atos
9:15).
Disposto a
servir ao Cristo
na pessoa do
próximo e
desejoso de
alçar voos mais
amplos, você,
estimado irmão,
“não estará mais
perdido,
porquanto foi
achado” (Lucas
15:24),
tornando-se,
através do
exercício amplo
da caridade
(amor em ação),
instrumento
escolhido por
Jesus.
Que a mesma luz
que brilhou em
Damasco sobre o
valoroso Paulo
de Tarso lhe
ilumine os
passos e clareie
o caminho que
trilha, diante
do Infinito.