A Revue Spirite
de 1865
Allan Kardec
(Parte
12)
Damos prosseguimento ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1865. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 20
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela EDICEL.
Questões preliminares
A. Se o demônio é que
provoca a obsessão, por
que o exorcismo é
ineficaz?
Reportando-se à cura de
Rosa N..., de Barcelona,
a qual padecera um
processo obsessivo por
14 anos, Kardec indaga:
Se o diabo é o
verdadeiro ator em todos
os casos de obsessão, de
onde vem a impotência
dos exorcismos? Ora, a
volta do obsessor ao bem
e a cura do doente
provam que não é o
demônio que provoca a
obsessão, mas um mau
Espírito suscetível de
se melhorar. Enquanto o
exorcismo irrita o
obsessor, o doutrinador
espírita lhe fala com
doçura, procura fazer
vibrar nele a corda do
sentimento, mostra-lhe a
misericórdia de Deus e,
fazendo-o entrever de
novo a esperança,
consegue trazê-lo ao
caminho do bem. Esse é o
segredo da eficácia do
método espírita.
(Revue Spirite de 1865,
pp. 172 e 173.)
B. Que é que Kardec
dizia a respeito da
perseguição sofrida pelo
Espiritismo?
Ele dizia, a respeito do
assunto, que a luta
estava longe de acabar,
mas isso não se deveria
lamentar porque foi pela
oposição que lhe fizeram
que o Espiritismo
cresceu. A exemplo do
Cristianismo, que não
foi abalado pelas
perseguições e mesmo
cresceu por seus
mártires, o Espiritismo,
que é o Cristianismo
apropriado ao
desenvolvimento da
inteligência e
desprendido dos abusos,
crescerá do mesmo modo
sob a perseguição,
porque – como a doutrina
cristã – ele também é
uma verdade.
(Obra citada, pp. 181 e
182.)
C. Como evitar as
maquinações dos inimigos
do Espiritismo?
Lembrando que o
Espiritismo tem ainda
que passar por duras
provas, quando então
Deus reconhecerá seus
verdadeiros seguidores
pela coragem, firmeza e
perseverança que
demonstrarem, Kardec diz
que o meio de evitar as
maquinações dos inimigos
é seguir o mais
exatamente possível a
linha de conduta traçada
pela doutrina: a sua
moral, que é sua parte
essencial e inatacável.
Praticando-a, não se dá
entrada a nenhuma
crítica fundada e a
agressão se torna mais
odiosa e, por isso
mesmo, sem
credibilidade.
(Obra citada, pp. 183 a
185.)
Texto para leitura
131. Nas duas primeiras
evocações, ele se portou
com muita violência. A
terceira evocação já foi
um pouco melhor e o
Espírito conversou
familiarmente com o
doutrinador espírita. A
causa da perseguição foi
então revelada: o motivo
era fazer Rosa pagar-lhe
uma velha dívida.
Na quarta evocação, ele
orou e assim, a cada
evocação realizada, as
coisas foram se
normalizando, enquanto
Rosa era magnetizada por
12 a 15 minutos em cada
vez, o que a deixava
perfeitamente tranquila.
(Pág. 169.)
132. As crises cessaram
e Rosa voltou às
ocupações habituais, que
haviam sido
interrompidas por meses
inteiros durante os anos
em que o processo
obsessivo se verificou.
Para a cura, além do
esclarecimento
proporcionado ao
Espírito, muito
contribuiu a fé da
ex-obsidiada, porque,
além do fervor e de sua
confiança no Criador,
ela procurou reprimir
seu caráter naturalmente
impulsivo, fato que não
permitia ao obsessor
adquirir força sobre si
mesmo. Depois do
tratamento que
beneficiou a ambos, ele
dá a ela muito bons
conselhos. Além disso,
de oito em oito dias,
Rosa se submete a uma
magnetização e, de
tempos em tempos, o
ex-perseguidor é
evocado, para desse modo
fortificar-se nas boas
resoluções que tomou ao
pôr um fim às
perseguições. (Págs.
169 e 170.)
133. Os guias
espirituais que
colaboraram para o
sucesso do tratamento
informaram que a cura
chegara ao fim e que o
ex-obsessor um dia tudo
faria pela pobre família
que atormentou por
tantos anos. O grupo
espírita não poderia, no
entanto, abandoná-los.
Evocando aquele
Espírito, de tempos em
tempos, o grupo
aumentaria a sua coragem
e a sua perseverança no
bem. Magnetizando a
mulher periodicamente,
dissipar-se-ia o fluido
malsão que a envolveu
durante tanto tempo,
evitando assim que ela
ficasse exposta à
influência de outros
Espíritos igualmente
malévolos. (Pág.
171.)
134. Comentando as
peripécias desse caso,
Kardec observa que os
espíritas de Barcelona
envolvidos no episódio
davam, ao realizar tais
trabalhos, importante
exemplo de abnegação e
de prática do bem sem
ostentação. Os casos de
cura como esse, os de
Marmande e outros
constituem, diz ele, um
encorajamento e são
excelentes lições
práticas que mostram a
que resultados se pode
chegar pela fé, pela
perseverança e por uma
sábia e inteligente
direção. (Págs. 171 e
172.)
135. É nos centros
animados por sentimentos
dessa ordem que se obtêm
os melhores resultados,
porque aí – enfatiza o
Codificador – se é
verdadeiramente forte
contra os maus
Espíritos. Concluindo,
ele assevera: “É
compreender o verdadeiro
objetivo da doutrina
empregá-la a fazer o bem
aos desencarnados, como
aos encarnados; é pouco
recreativo para certas
pessoas, temos que
convir, mas é mais
meritório para os que a
isso se devotam. Assim,
temos a satisfação de
ver multiplicarem os
centros que se dão a
esses úteis trabalhos”.
(Pág. 172.)
136. Reportando-se à
cura de Rosa N..., de
Barcelona, a qual
padecera de um processo
obsessivo por 14 anos,
Kardec observa:
“Suponhamos que a mulher
Rosa tivesse acreditado
nas asserções do
pregador e que tivesse
repelido o Espiritismo.
Que teria acontecido?
Não se teria curado;
teria caído na miséria,
por não poder trabalhar;
ela e o marido talvez
tivessem amaldiçoado a
Deus, ao passo que agora
o bendizem, e o Espírito
mau não se teria
convertido ao bem.” O
Codificador adverte
então que, do ponto de
vista teológico, três
almas foram salvas pelo
Espiritismo, mas elas se
perderiam se atendida a
vontade do pregador.
(Págs. 172 e 173.)