ORSON PETER
CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo
(Brasil)
Operantes e
contemplativos
Que tipo de
reação interior
promove o
conhecimento
espírita dentro
do adepto
espírita? Como
nos comportamos
com o
conhecimento
espírita que
vamos
adquirindo?
Tornamo-nos
espíritas
operantes ou
contemplativos?
Quem são esses
espíritas
classificados
com os adjetivos
que utilizamos
no título da
presente
abordagem?
Ouvimos essa
classificação,
atribuída pelo
notável Deolindo
Amorim*
(1906-1984), em
palestra
proferida pelo
querido amigo
Raul Teixeira,
cuja temática
referia-se ao
adepto espírita.
Conforme tão bem
explanado por
Raul,
utilizando-se da
classificação
didática de
Amorim,
espíritas
operantes são
aqueles que,
tendo adquirido
o conhecimento
espírita,
procuram
expandir,
transformar em
informação que
auxilie outras
criaturas, dando
seqüência aos
desdobramentos
naturais
trazidos pelo
conteúdo
doutrinário,
para que novas
luzes se
espalhem em
favor de outros
companheiros de
caminhada. Em
síntese, são
aqueles que, de
posse da
informação do
Espiritismo,
procuram
multiplicá-la de
forma didática,
atraente e
especialmente
aplicada ao
cotidiano das
vidas humanas,
para que mais e
mais
consciências se
beneficiem da
clareza e
lucidez do
pensamento
espírita.
Essa atitude
positiva,
característica
marcante de
obreiros
conscientes, na
movimentação e
multiplicação
das idéias, não
só através do
verbo – mas
principalmente
pela ação do bem
e pelo exemplo
pessoal –, é
capaz de operar
prodígios em
favor da paz e
do progresso
coletivo.
Por outro lado,
os espíritas
contemplativos
são aqueles que
optam pela
postura de
acomodação; que
apenas guardam o
conhecimento,
sem a ação
correspondente
esperada como
fruto natural do
dinamismo do
próprio conteúdo
doutrinário do
Espiritismo.
Conhecem, mas
guardam para si.
Descuidam-se do
dever de
espalhar o fruto
de seus
raciocínios, do
entusiasmo
próprio que
poderiam
impregnar o
conteúdo de suas
reflexões para
que outras
criaturas se
beneficiem desse
conhecimento.
Num instante tão
grave e tão
decisivo na
história de
nossas vidas, já
não podemos nos
dar ao luxo de
guardar o
conhecimento que
vamos
acumulando,
deixando-o
estagnado.
Parece-nos que o
dever primeiro
que surge, após
o esforço
pessoal da
melhora moral na
aplicação
pessoal do
referido
conhecimento é o
de espalhar,
compartilhar e,
especialmente,
utilizar
mecanismos que o
tornem acessível
e compreensível
ao maior número
de criaturas,
especialmente
aquelas que se
debatem nas
agruras das
angústias, do
desespero, das
dúvidas que
massacram o
coração. Tudo
para que se
levantem de suas
agonias e possam
prosseguir
aprendendo e
evoluindo...
Todo bem que
fizermos, toda
iniciativa que
redunde em
aprimoramento da
qualidade de
vida, será
providência de
importância para
superação dos
grandes desafios
existenciais do
ser humano e
para melhora do
planeta.
Deixemos, pois,
os estágios de
acomodação.
Movimentemos
nossas forças
físicas e
intelectuais
para perceber ao
nosso redor qual
contribuição
podemos oferecer
com o
conhecimento que
já detemos, em
favor de tantos
que ainda o
ignoram...
As
possibilidades
são
inesgotáveis.
Basta colocarmos
nossa
criatividade em
ação. Como
ensina a
resposta à
questão 969 de
O Livro dos
Espíritos –
que se refere à
atividade dos
Espíritos puros
–, a postura de
contemplação é
de uma
felicidade
estúpida e
monótona; seria
mais a do
egoísta, uma vez
que a existência
seria de
inutilidade.
Embora a
explicação
refira-se aos
Espíritos puros,
ela cabe
igualmente a
nós, os que
ainda estamos a
caminho. E já
que buscamos
combater o
egoísmo que
ainda persiste
em nós,
comecemos, pois,
a sair da
acomodação para
movimentar
forças. Pelo
menos em
gratidão às
bênçãos do
conhecimento que
nos beneficia.
(*) Deolindo
Amorim foi um
grande didata a
serviço do
Espiritismo. De
personalidade
serena e
afetuosa, lutou
incessantemente
contra a
corrupção do
pensamento
doutrinário e
pelo
entendimento da
obra de Kardec.