MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
27)
Continuamos a apresentar
o estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Um Espírito pode
influenciar uma pessoa
para que abra um livro
numa determinada lição?
Sim, o fato é possível.
Foi o que ocorreu com
Mário Silva, convidado
por Antonina a abrir o
Novo Testamento, o que
ele fez, magnetizado por
Clarêncio, que lhe tocou
o busto e as mãos,
influenciando-o para a
descoberta do texto
adequado, que recaiu no
versículo 25 do capítulo
5 do Evangelho segundo
Mateus.
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXXI, págs. 194 a
196.)
B. Como devemos
interpretar um inimigo
em nossa vida?
Esta questão foi
proposta por Antonina ao
seu filho Haroldo e ele,
sem pestanejar,
respondeu: "Mãezinha, a
senhora nos ensinou que
conservar um inimigo em
nosso caminho é o mesmo
que manter uma ferida
perigosa em nosso
corpo". Antonina
completou: "A definição
foi bem lembrada; sem a
compreensão fraterna que
nos garante o culto da
gentileza, sem o perdão
que olvida todo mal, a
existência na Terra
seria uma aventura
intolerável. Além disso,
quando Jesus nos ditou a
lição que recordamos
hoje, indubitavelmente
considerava que a razão
nunca vive inteira ao
nosso lado. Se fomos
ofendidos, em verdade
também ofendemos por
nossa vez. Precisamos
desculpar os outros
para que os outros nos
desculpem".
(Obra citada, cap. XXXI,
págs. 196 e 197.)
C. Se temos inimigos em
nosso caminho, como
devemos agir?
Antonina, respondendo a
esta mesma questão,
disse a Mário Silva:
"Entendo que há
sofrimentos morais quase
intoleráveis, entretanto
a oração é o remédio
eficaz de nossas
moléstias íntimas. Se
temos a infelicidade de
possuir inimigos, cuja
presença nos perturba, é
importante recorrer à
prece, rogando a Deus
nos conceda forças para
que o desequilíbrio
desapareça, porque então
um caminho de reajuste
surgirá para nossa
alma". E ajuntou: "Todos
necessitamos da alheia
tolerância em
determinados aspectos de
nossa vida".
(Obra citada, cap. XXXI,
págs. 197 a 199.)
Texto para leitura
91. Em casa de
Antonina -
Clarêncio disse-lhes que
não havia tempo a
perder. A lei estava
reaproximando os amigos
do passado e Mário
precisaria
fortalecer-se para
exercitar o perdão. Seus
raios de ódio poderiam
apressar a morte do
menino Júlio. O grupo
rumou então até à casa
de Antonina, onde Mário,
após atender à menina
enferma, contemplava a
dona da casa,
perguntando a si mesmo
onde vira antes aquele
rosto, que julgava haver
conhecido anteriormente.
O enfermeiro sentia-se
ali como se fora em sua
própria casa, e disse em
viva voz estar
experimentando uma paz
que há muito não
conhecia, com o que
Antonina se regozijou,
sorrindo. Notando que
Haroldo e Henrique,
filhos de Antonina,
gostavam de futebol, ele
deu curso a animada
conversa sobre o
assunto,
conquistando-lhes o
carinho. Preparando o
café, a mãe participava
de longe da palestra,
que se tornou animada.
Foi aí que ela disse ao
visitante ter enviuvado.
Mário ficou contente com
essa informação. Às oito
em ponto, Antonina lhe
disse: "Sr. Mário, hoje
temos nosso culto
evangélico. Quer ter a
bondade de partilhá-lo?"
O rapaz concordou, de
imediato. A reunião foi
feita em torno de
Lisbela, que não
desejava perder o
benefício das orações.
Henrique fez a prece
inicial, pedindo a Jesus
a saúde da irmãzinha
doente, com
enternecedora súplica.
Mário foi convidado a
abrir o Novo Testamento,
o que fez, magnetizado
por Clarêncio, que lhe
tocou o busto e as mãos,
influenciando-o para a
descoberta do texto
adequado, que recaiu no
versículo 25 do capítulo
5 do Evangelho segundo
Mateus: "Concilia-te
depressa com o teu
adversário, enquanto te
encontras a caminho com
ele, para que não
aconteça que o
adversário te entregue
ao juiz e o juiz te
entregue ao oficial para
que sejas encerrado na
prisão". (Cap. XXXI,
págs. 194 a 196)
92. O culto
evangélico no lar
- Antonina, com a
presença do enfermeiro,
se revelou mais
retraída; por isso,
pediu a interpretação
dos meninos que, de modo
ingênuo, reportando-se
às experiências da
escola, afirmaram que
sempre adquiriam a paz
buscando desculpar as
faltas dos companheiros.
Haroldo disse que sua
professora sempre sorria
contente, quando lhe via
a boa vontade e Henrique
salientou que aprendera
no culto do lar que era
muito mais agradável o
esforço de viver em
harmonia com todos. A
palestra parecia que ia
esmorecer, quando
Clarêncio,
aproximando-se de
Antonina, impôs-lhe a
destra sobre a fronte. A
senhora perguntou então
ao filho Haroldo como
devemos interpretar um
inimigo em nossa vida. O
menino, sem pestanejar,
respondeu: "Mãezinha, a
senhora nos ensinou que
conservar um inimigo em
nosso caminho é o mesmo
que manter uma ferida
perigosa em nosso
corpo". Antonina
completou: "A definição
foi bem lembrada; sem a
compreensão fraterna que
nos garante o culto da
gentileza, sem o perdão
que olvida todo mal, a
existência na Terra
seria uma aventura
intolerável. Além disso,
quando Jesus nos ditou a
lição que recordamos
hoje, indubitavelmente
considerava que a razão
nunca vive inteira ao
nosso lado. Se fomos
ofendidos, em verdade
também ofendemos por
nossa vez. Precisamos
desculpar os outros
para que os outros nos
desculpem". E a dona da
casa concluiu: "Quando
abraçamos o ideal do
bem, compete-nos tentar,
por todos os meios ao
nosso alcance, a justa
conciliação com todos os
que se encontrem
conosco em desarmonia,
prestando-lhes serviço
para que renovem a
conceituação a nosso
respeito. Mais vale para
nós o acordo pacífico
que a demanda mais
preciosa, porque a vida
não termina neste mundo
e é possível que,
buscando a justiça em
nosso favor, estejamos
cristalizando a
cegueira do egoísmo em
nosso próprio coração,
caminhando para a morte
com aflitivos
problemas. Coração que
conserva rancor é
coração doente.
Alimentar ódio ou
despeito é estender
inomináveis padecimentos
morais no próprio
espírito". Mário Silva
estava pálido. Aquelas
conclusões feriam-lhe,
fundo, o modo de ser. E
na sua tela mental, sem
que ele pudesse deter
as suas reminiscências,
apareceram Amaro e
Zulmira, como seus
desafetos que ele, no
âmago do espírito, não
conseguia desculpar.
(Cap. XXXI, págs. 196 e
197)
93. Mãos que curam
não podem ferir
- Ele os odiava; sim,
odiava-os – pensou de si
para consigo –; jamais
suportaria um acordo com
semelhantes
adversários. No entanto,
a sinceridade de
Antonina o encantava.
Aquela pobre mulher,
cercada de três
filhinhos, superando
talvez obstáculos dos
mais inquietantes para
viver, constituía um
exemplo de quanto podia
edificar o espírito de
sacrifício. Em nenhum
lugar encontrara tanta
fé e, além disso, laços
de vigorosa afinidade
impeliam-no para ela,
cuja palavra lhe impunha
indefinível bem-estar...
Ele então, fitando-a,
indagou: "A senhora
julga que devemos
procurar a conciliação
com qualquer espécie de
inimigos?" Ela disse:
"Sim". "E quando os
adversários são de tal
modo inconvenientes que
a simples aproximação
deles nos causa
angústia?" A mulher
ponderou: "Entendo que
há sofrimentos morais
quase intoleráveis,
entretanto, a oração é o
remédio eficaz de nossas
moléstias íntimas. Se
temos a infelicidade de
possuir inimigos, cuja
presença nos perturba, é
importante recorrer à
prece, rogando a Deus
nos conceda forças para
que o desequilíbrio
desapareça, porque então
um caminho de reajuste
surgirá para nossa
alma". E ajuntou:
"Todos necessitamos da
alheia tolerância em
determinados aspectos de
nossa vida". Os olhos do
enfermeiro cintilaram e
ele insistiu: "E quando
o ódio nos avassala,
ainda mesmo quando não
desejemos?" Antonina
respondeu: "Não há ódio
que resista aos
dissolventes da
compreensão e da boa
vontade. Quem procura
conhecer a si mesmo,
desculpa facilmente..."
Silva ficou pálido e
Antonina, amparada por
Clarêncio, rematou: "Um
homem, porém, na sua
tarefa, é um missionário
do amor fraterno. Quem
socorre os doentes,
penetra a natureza
humana e entra na posse
da grande compaixão. As
mãos que curam não podem
ferir..." Em seguida, o
primogênito da casa fez
a prece final. Após o
café, acompanhado de um
bolo humilde, Mário
retirou-se, devido ao
compromisso que o
aguardava naquela noite,
mas prometeu voltar,
porque estava
verdadeiramente feliz!
(Cap. XXXI, págs. 197 a
199)
(Continua no próximo
número.)