GERSON SIMÕES MONTEIRO 
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Rio de Janeiro, RJ (Brasil)  

Eu não vim à Terra para
curar os sãos

 
Jesus saía do lar de Jeroboão, em Corazim, para socorrer alguém, quando quatro velhos publicanos apareceram buscando a Sua palavra de esclarecimento.

O Mestre, então, chamou Simão Pedro, pedindo-lhe que ele os amparasse com a verdade. O Apóstolo tão logo se viu a sós com eles, fechou a cara. Foi Eliúde, o joalheiro e mais velho dos quatro, que solicitou com modéstia instruções, compreendendo que o Messias Nazareno vinha da parte do Todo-Poderoso. Simão, porém, de punho fechado, falou, ríspido: – Conheço-vos a todos, oh! Víboras de Corazim!... E, apontando o dedo em riste para Eliúde, acusou-o, severamente.

Pedro, voltando-se para o segundo, na escala das idades, esbravejou:- Tu, Moabe? A que vieste? Ignoras que não te desconheço a miséria moral?

Em seguida, dirigiu-se ao terceiro: Que buscas, Zacarias? Não te envergonhas de haver provocado a morte de Zorobatel, o sapateiro? E, virando-se para o último, gritou: Que te posso dizer, Ananias? Há muitos anos sei que fazes o comércio da fome, exigindo que a hortaliça e o leite subam constantemente de preço, em louvor de tua ganância. 

Simão alçou os braços e rugiu: – Súcia de ladrões, bando de malfeitores!... Nesse justo momento, Jesus reentrou na sala, e, entendendo o que se passava, contemplou, enternecidamente, os quatro publicanos arrasados de lágrimas, e perguntou a Simão, o que ele tinha feito.

Pedro desapontado justificou-se dizendo: – Senhor, tu disseste que eu deveria amparar estes homens com a verdade...

– Sim, eu falei “amparar”, nunca te recomendaria aniquilar alguém com ela... 

Assim dizendo, Jesus sentou-se à mesa e, sorrindo, insistiu com Eliúde, Moabe, Zacarias e Ananias para que lhe partilhassem a ceia, na qual exaltou a Divina Providência. Os quatro publicanos, ao se despedirem, sentiam-se diferentes, transformados, e felizes.