ADILTON PUGLIESE
santospugliese@hotmail.com
Salvador, Bahia (Brasil)
Projeto
“psicossoma”
“Nele estão sediadas as
gêneses patológicas de
distúrbios dolorosos
(...) ensejando a
aceleração das
perturbações psíquicas
de largo porte”.
(Joanna de Ângelis) (1)
As raízes profundas do
panorama que a Terra
apresenta, nos dias
hodiernos, com
estarrecedores quadros
de animosidade entre
muitas criaturas,
destruindo lares,
abalando nações e
coletividades, gerando
medo e mal-estar, estão
no descontrole pretérito
dos sentimentos, das
relações estremecidas
entre os indivíduos,
ocasionando ódios e
ressentimentos que se
arrastam séculos afora.
Inutilmente, o
psiquiatra moderno e o
terapeuta da Psicologia
procurarão (e não
encontrarão) na vida
atual os motivos que
provocam a totalidade
dos distúrbios
neurológicos de seus
pacientes, portadores de
psicopatias e
esquizofrenias em
variados graus. Dirigida
a anamnese e a catarse
apenas para os episódios
da corrente existência,
mesmo recuando à fase
infantil, visando
descobrir traumas nesse
período, ou devassando
comportamentos e
impulsos esdrúxulos,
originários nas
perturbações da libido,
conforme a tese
freudiana, o diagnóstico
nunca será completo,
permanecendo o
facultativo na
periferia, no universo
dos efeitos, sem
distinguir as causas
profundas das
emoções em desgoverno.
O método psicanalítico e
os recursos
psicofarmacológicos são
avançados, contudo, nem
sempre a terapêutica
aplicada logra os
resultados desejados,
porquanto o epicentro do
mal não é atingido,
podendo, a qualquer
momento, como acontece,
ocorrer a recidiva,
deixando perplexo o
terapeuta e angustiado o
paciente, levando-o a
perigosos quadros
depressivos.
Muita falta faz a visão
reencarnacionista e a
dimensão ética da
psicoterapia espírita
nesses casos dramáticos.
O ódio e o rancor têm,
na maioria dos casos,
causas remotas aquém da
vida presente, o que
sugere ocorrências
traumáticas em vidas
passadas, cujos efeitos
se transladaram para a
vida contemporânea, em
cumprimento à Lei de
Ação e Reação,
colocando o ser sob a
faixa de sintomas, de
sensações que se lhe
afiguram como um destino
implacável, uma herança
genética irreversível e
incurável, sobretudo
quando localiza, em seu
grupo familiar
ascendente, situações
análogas, vendo-se,
então, herdeiro de
doenças e enfermidades
de origem orgânica ou
mental, que não teria
gerado diretamente, por
ser congênita essa
patologia, consoante a
explicação da moderna
Biologia, nos estudos da
hereditariedade.
Se fosse possível abrir
o portal
que sela (com o
esquecimento temporário)
as existências
anteriores,
descobrir-se-ia o
“mundo” fantástico que
cada indivíduo possui,
somatório de suas
experiências em inúmeras
vidas passadas, no tempo
e no espaço terrestre,
experiências essas “solidárias
umas com as outras”,
consoante a assertiva do
Codificador, (2)
expressando-se, em a
nova existência, nos
impulsos, nas
tendências, na
“personalidade” que
delineia os fatores
psicológicos do
indivíduo, tornando-o
único, especial, um
viajante no Tempo,
conduzindo tudo o que
acumulou em séculos de
renascimentos,
portando um vasto
patrimônio de conquistas
e fracassos, no campo
moral e intelectual.
Todo esse acervo
acumulado no perpassar
do Tempo está registrado
no corpo espiritual, o
indestrutível corpo
celeste, assim
identificado pelo
Apóstolo Paulo (I
Coríntios, 15:40),
denominado por Allan
Kardec de perispírito
e que o Espírito André
Luiz designou como
Psicossoma (do
grego: psykhé,
alma, espírito, e
soma, corpo). (3)
Nesse corpo fluídico,
imperecível, modelo
organizador biológico,
já tornado visível e
observável nos
laboratórios da Ciência,
que lhe deu a
denominação de corpo
bioplásmico, é que
estão os arquivos
profundos das causas da
animalidade humana, dos
ódios e ressentimentos,
sendo desconhecidas
ainda essas origens
remotas, enigma que o
Espiritismo esclarece e
que, brevemente, as
Academias Científicas,
os Conselhos de Medicina
e os estudiosos do
comportamento humano
aceitarão como verdade
irrefutável, gerando, a
partir daí, um novo
mapeamento da criatura
humana na sua
composição tríplice de
Corpo, Perispírito e
Espírito, dando
origem a projeto
semelhante ao do
Genoma Humano, que
devassou o código
genético do ser, até os
limites, até as
fronteiras do corpo
físico.
Considerado o
terceiro projeto
mais importante do
século, após o primeiro,
que foi o “Projeto
Manhattan”, que
resultou,
lamentavelmente, na
bomba atômica, em 1945,
e do segundo, o “Projeto
Apolo”, que levou o
homem à lua, em 1969, o
“Projeto Genoma Humano”
é o principal centro da
atenção das ciências
biológicas neste final
de milênio, em face das
perspectivas da cura de
doenças, abrindo
discussões em torno da
geneterapia, ou
seja, a técnica de
introdução de genes no
paciente que supriria
necessidades e
corrigiria anomalias
várias de origem
genética. (4)
Reportando-nos, porém, à
quinta obra da
Codificação Espírita,
A Gênese, lançada em
1868, identificamos o
pensamento de Allan
Kardec: “O
perispírito
representa
importantíssimo papel no
organismo e numa
multidão de afecções,
que se ligam à
Fisiologia, assim como à
Psicologia. O
estudo das propriedades
do perispírito, dos
fluidos espirituais e
dos atributos
fisiológicos da alma
abre novos horizontes à
Ciência e dá a chave
de uma multidão de
fenômenos
incompreendidos até
então, por falta de
conhecimento da lei que
os rege – fenômenos
negados pelo
materialismo, por se
prenderem à
espiritualidade”.
(5) (destacamos)
Certamente, um projeto
importante do
Terceiro Milênio
estaria ligado à
existência do Espírito
Imortal e,
consequentemente, do seu
envoltório fluídico, o
perispírito, o
psicossoma, que
preside à formação e
constituição do corpo
físico; “o verdadeiro
arquivo das
vivências e experiências
do Espírito,
acompanhando-lhe a
expansão da
individualidade e do
progresso”. Esse
Projeto Psicossoma,
estimulador da
descoberta do
perispírito pela
Ciência, concretizaria,
assim, a visão profética
de Allan Kardec:
“Quando as ciências
médicas tiverem na
devida conta o elemento
espiritual na economia
do ser, terão dado
grande passo e
horizontes novos se lhes
patentearão. As causas
de muitas moléstias
serão a esse tempo
descobertas e
encontrados poderosos
meios de combatê-las”.
(6) (destacamos)
Referências
bibliográficas:
(1) Franco, Divaldo,
Ângelis, Joanna de,
Estudos Espíritas, 6a.
ed. FEB. p. 42
(2 e 5) Kardec, Allan,
A Gênese, 36a.
ed.
FEB. p. 318 e 32/33
(3) Xavier, F.C., Luiz,
André, Entre a Terra
e o Céu, 5a.
ed. FEB. p.78
(4) Kühl, Eurípedes,
Genética e Espiritismo,
1a. ed. FEB.
p. 125 e 133
(6) Kardec, Allan,
Obras Póstumas, 26a.
ed. FEB. p. 45.