Alvorada
Leopoldo Vóssio Brígido
dos Santos
“Morto! Morto!...” –
inda escuto. O coração
dorido
E o pensamento em fogo –
a vida que me resta...
Meu corpo dorme exangue
a derradeira sesta
De quem tudo esqueceu no
supremo gemido.
Levanto-me, porém,
jubiloso e aturdido.
Tenho outra forma em luz
– alma acordada em festa
A esperança é a canção
que a alegria me
empresta...
“Vivo! Vivo!...” –
respondo ao choroso
alarido.
Entretanto, ninguém ouve
a fé que me nutre.
No quarto, o desespero –
pavoroso abutre,
Insufla-me visões de
cinzas, sombra e
nada!...
Insisto, brado, clamo,
ansioso e descontente,
Mas, de súbito, enxergo
outro mundo e outra
gente
No celeste esplendor da
Sublime Alvorada...
Leopoldo Vóssio Brígido
dos Santos, poeta
de vastos recursos e
crítico literário de
finos dotes, nasceu em
Itapipoca, Ceará, em 17
de janeiro de 1876 e
faleceu no Rio de
Janeiro-RJ em 24 de
agosto de 1947. Leopoldo
mudou-se para o Rio aos
19 anos de idade, aí
tendo colaborado em
vários jornais, como A
Semana, O Paiz, a Gazeta
de Notícias etc.
Funcionário da Fazenda,
chegou ao posto de
subdiretor do Tesouro
Nacional. O soneto acima
integra o livro
Antologia dos Imortais,
obra psicografada pelos
médiuns Francisco
Cândido Xavier e Waldo
Vieira.