Como
perdoarei?
“Se perdoares aos homens
as faltas que cometem
contra vós, vosso Pai
celeste perdoará vossos
pecados.” Jesus – Mt.
6:14.
Perdoar, para o Espírito
evangelizado, é o
esquecimento das mágoas
recebidas, das ofensas
auferidas, seguindo em
frente, sem olhar para
trás, jamais olvidando
do recurso da oração e
da vigilância. O perdão
é libertador, livra o
indivíduo do mal e do
ofensor, permitindo que
a vida não fique
estagnada, paralisada. A
própria lei de
reencarnação ensina que
só o esquecimento do
passado pode preparar a
jornada evolutiva
redentora.
Para a convenção do
mundo, o perdão
significa renunciar à
vingança, mesmo que
ainda não haja o
esquecimento pleno das
faltas. É certo que, por
aquele que nos feriu,
não se terá mais um
olhar fraterno e doce
como se teria por um
amigo querido, mas, não
desejar o mal ou a
vingança, certamente é
um passo muito
importante para, mais
adiante, conquistarmos o
verdadeiro perdão.
Quando quem nos traiu é
alguém muito próximo
como um pai, um irmão,
um amigo, as lesões
afetivas tornam-se muito
mais dolorosas e
profundas, de difícil
cicatrização.
Instalam-se e
avolumam-se mágoas nos
espaços abertos pelas
decepções, desilusões e
desentendimentos. Quando
não combatidas no início
mediante oração simples
e sincera, ela pode
acomodar-se nos tecidos
mais profundos da
emoção, provocando
enfermidades ou
perturbações
psicossomáticas.
Na excelente obra
Florações Evangélicas
(Ed. LEAL, p. 108/109),
Joanna de Ângelis,
através da psicografia
de Divaldo Franco, nos
conduz ao pensamento que
“(...) o teu ofensor
merece tua compaixão,
nunca o teu revide.
Aquele que te persegue
sofre desequilíbrios,
que ignoras, e não é
justo que te afundes,
com ele, no fosso da sua
animosidade. Seja qual
for a dificuldade que te
impulsione à mágoa,
reage, mediante a
renovação de propósitos,
não valorizando ofensas
nem considerando
ofensores. Através do
cultivo de pensamentos
salutares, pairarás
acima das viciações
mentais que agasalham
esses miasmas mortíferos
que, infelizmente, se
alastram pela Terra de
hoje, pestilenciais,
danosos, aniquiladores.
Incontáveis problemas
que culminam em
tragédias cotidianas são
decorrências da mágoa,
que virulenta se firmou,
gerando o nefando
comércio do sofrimento
desnecessário”.
Partindo da fé
raciocinada que a
Doutrina Espírita nos
apresenta, entende-se
que não há acontecimento
que ocorra por acaso ou
por falha da justiça
divina, tudo decorre da
lei natural de causa e
efeito.
Quem hoje é o ofendido,
provavelmente já exerceu
o papel de ofensor; quem
hoje está sendo
prejudicado, no ontem,
também prejudicou.
Baseando-se neste
paradigma, devemos
buscar, na compreensão e
na tolerância, as forças
necessárias para a
desculpa e o perdão.
No inquérito íntimo, se
certificará que a raiz
do mal que retorna,
agora de forma dolorosa,
como sendo o próprio
indivíduo o agente
causador, se não nessa,
em existências
anteriores, passando a
entender que cabe a si a
decisão e a atitude de
interromper esse ciclo
vicioso de
ofensor-ofendido-ofensor.
Percebendo a
transitoriedade do mal e
a perenidade do bem,
o indivíduo inteligente
usa a única opção
racional disponível:
ama e perdoa,
impedindo que a mágoa
construa fundações de
graves comprometimentos
e de difícil remoção do
seu mundo interior.