MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
29)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que sentimento
invadiu a alma de Mário
Silva ante a morte do
menino Júlio?
Ao ver a criança morta,
Mário experimentou
violenta comoção que lhe
constringiu a alma.
Convulsivo choro
agitou-lhe o peito,
enquanto uma voz
inarticulada, que
parecia nascer dele
mesmo, gritava-lhe na
consciência: "Assassino!
Assassino!..." Ele saiu,
então, desorientado e
inseguro, para a via
pública, a soluçar,
atormentado, no seio da
noite fria.
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXXII, págs. 206 e
207.)
B. O Espírito de Júlio,
em seguida à
desencarnação,
mostrava-se sereno. Qual
a explicação desse fato?
O Ministro Clarêncio
assim explicou o fato:
"Júlio reajustou-se para
a continuação regular
da luta evolutiva que
lhe compete. O
renascimento malogrado
não teve para ele tão
somente a significação
expiatória, necessária
ao Espírito que deserta
do aprendizado, mas
também o efeito de um
remédio curativo. A
permanência no campo
físico funcionou como
recurso de eliminação da
ferida que trazia nos
delicados tecidos da
alma. A carne, em muitos
casos, é assim como um
filtro que retém as
impurezas do corpo
perispiritual,
liberando-o de certos
males nela adquiridos".
O fato significava que
Júlio poderia,
doravante,
exteriorizar-se num
corpo sadio,
conquistando merecimento
para obter uma
reencarnação
devidamente planejada,
com elevados objetivos
de serviço.
(Obra citada, cap.
XXXIII, págs. 208 e
209.)
C. Onde Júlio esteve
antes das duas últimas
encarnações?
Sobre o assunto
Clarêncio informou:
"Depois de haver
eliminado o próprio
corpo, satisfazendo a
simples capricho
pessoal, sofreu por
muitos anos as tristes
consequências do ato
deliberado, amargando
nos círculos vizinhos da
Terra as torturas do
envenenamento a se lhe
repetirem no campo
mental”. E aduziu: “A
morte prematura, quando
traduz indisciplina
diante das leis
infinitamente
compassivas que nos
governam, constrange o
Espírito que a provoca
a dilatada purgação na
paisagem espiritual".
Júlio, nesse processo
expiatório, nem sempre
esteve a sós. Quando não
se achava em
martirizada solidão,
via-se onde se lhe
mantinha preso o
pensamento, ou seja, na
atmosfera psíquica de
Lina, Armando e
Esteves, que lhe serviam
de pontos básicos ao
ódio.
(Obra citada, cap.
XXXIII, págs. 210 e
211.)
Texto para leitura
97. Júlio
desencarna -
Mário sentia vergonha de
si mesmo. Na verdade,
não injetara substâncias
tóxicas no doente,
contudo seus
pensamentos não teriam
concorrido para
abreviar-lhe a morte?
Experimentava, então, o
desejo de abeirar-se do
pai desditoso, para
confortá-lo, mas a
vergonha o impediu. Os
dois permaneceram ali
durante quase duas
horas, calados e
impassíveis. A aurora
começava a refletir-se
no firmamento quando
Amaro abandonou a
meditação,
aproximando-se do filho
quase morto. Num gesto
comovente de fé, retirou
da parede velho
crucifixo de madeira e
colocou-o à cabeceira do
moribundo. Em seguida,
sentou-se no leito e
acomodou o menino ao
colo com especial
ternura. Amparado
espiritualmente por
Odila, que o enlaçava,
demorou o olhar sobre a
imagem do Cristo e orou
em alta voz: "Divino
Jesus, compadece-te de
nossas fraquezas!...
Tenho meu espírito
frágil para lidar com a
morte! Dá-nos força e
compreensão... Nossos
filhos te pertencem, mas
como nos dói
restituí-los, quando a
tua vontade no-los
reclama de volta!..." O
pranto embargava a voz
do ferroviário, mas,
mesmo assim, ele
prosseguiu: "Se é de
teu desígnio que o nosso
filhinho parta, Senhor,
recebe-o em teus braços
de amor e luz!
Concede-nos, porém, a
precisa coragem para
suportar, valorosamente,
a nossa cruz de saudade
e dor!... Dá-nos
resignação, fé,
esperança!...
Auxilia-nos a
entender-te os
propósitos e que a tua
vontade se cumpra hoje e
sempre!..." Jatos de
safirina claridade
escapavam-lhe do peito,
envolvendo a criança,
que, pouco a pouco,
adormeceu. Júlio
afastou-se do corpo de
carne, abrigando-se nos
braços de Odila, à
maneira de um órfão que
busca tépido ninho de
carícias. Vendo a
criança morta, Mário
experimentou violenta
comoção a
constringir-lhe a alma.
Convulsivo choro
agitou-lhe o peito,
enquanto uma voz
inarticulada, que
parecia nascer dele
mesmo, gritava-lhe na
consciência: "Assassino!
Assassino!..." Ele saiu,
então, desorientado e
inseguro, para a via
pública, a soluçar,
atormentado, no seio da
noite fria... (Cap.
XXXII, págs. 206 e 207)
98. Depuração
exige esforço e
sacrifício -
Enquanto seus pais
cuidavam dos funerais,
Júlio se mostrava
aliviado e tranquilo,
nos braços de Odila,
como nunca André virá
antes. Estavam todos,
outra vez, no Lar da
Bênção. Enquanto as
irmãs permutavam ideias
com respeito ao futuro,
André indagou de
Clarêncio acerca da
serenidade que
felicitava então o
pequenino. O Ministro
informou, prestimoso:
"Júlio reajustou-se para
a continuação regular
da luta evolutiva que
lhe compete. O
renascimento malogrado
não teve para ele tão
somente a significação
expiatória, necessária
ao Espírito que deserta
do aprendizado, mas
também o efeito de um
remédio curativo. A
permanência no campo
físico funcionou como
recurso de eliminação da
ferida que trazia nos
delicados tecidos da
alma. A carne, em muitos
casos, é assim como um
filtro que retém as
impurezas do corpo
perispiritual,
liberando-o de certos
males nela adquiridos".
O fato significava que
Júlio poderia,
doravante,
exteriorizar-se num
corpo sadio,
conquistando merecimento
para obter uma
reencarnação
devidamente planejada,
com elevados objetivos
de serviço. Depois de
alguns meses na colônia,
ele poderia regressar à
Terra, em elogiáveis
condições de harmonia
consigo mesmo. Seu
retorno seria em breve,
porque devia atender ao
crescimento de
qualidades nobres, que
somente a reencarnação
poderia facilitar. Além
disso, era-lhe preciso
conviver com Amaro,
Zulmira e Mário Silva,
de maneira a
confraternizar-se
realmente com eles,
segundo o amor puro que
Jesus nos ensinou. André
ponderou haver
compreendido, então, que
as moléstias complicadas
e longas, assim como os
aleijões de nascença, a
paralisia, o mongolismo
guardam função
específica. "Sim –
confirmou Clarêncio –,
por vezes é tão grande a
incursão da alma nas
regiões de
desequilíbrio, que mais
extensa se faz para ela
a viagem de volta à
normalidade". E
acrescentou: "O tempo de
inferno restaurador
corresponde ao tempo de
culpa deliberada. Em
muitas fases de nossa
evolução, somos
imantados às teias da
carne, que sempre nos
reflete a
individualidade
intrínseca, assim como
a argila é conduzida ao
calor da cerâmica ou
como o metal impuro é
arrojado ao cadinho
fervente. A depuração
exige esforço,
sacrifício,
paciência..." (Cap.
XXXIII, págs. 208 e
209)
99. Consequências
do suicídio -
Clarêncio explicou então
que quando nosso
Espírito apreende alguma
nesga da glória
universal, desperta para
as mais sublimes
esperanças, sonha com o
acesso às esferas
divinas, suspira pelo
reencontro com amores
santificados que o
esperam em vanguardas
distantes, e aceita, por
isso, duros trabalhos de
reajuste. Em verdade,
indagou Clarêncio, que
representam, para nós,
"alguns decênios de
renunciação na Terra, em
confronto com a
excelsitude dos séculos
de felicidade em mundos
de sabedoria e trabalho
enaltecedor?" Um dia,
asseverou o Ministro, os
homens entenderão essa
verdade e louvarão,
felizes, o concurso da
dor, porque todos os
seres progridem e
avançam para Deus. Da
mesma forma que o
embrião do jequitibá,
com os anos, se converte
em tronco vetusto, rico
de beleza e utilidade, o
espírito, com os
milênios, transforma-se
em gênio soberano,
coroado de amor e
sabedoria. Milhares de
inteligências, entre o
berço e o túmulo,
procuram a própria
recuperação. "À medida
que se nos aclara a
consciência e se nos
engrandece a noção de
responsabilidade,
reconhecemos – afirmou
o Ministro – que a nossa
dignificação espiritual
é serviço
intransferível. Devemos
a nós mesmos quanto nos
sucede em matéria de
bem ou de mal". André
perguntou ao instrutor
onde Júlio esteve antes
da primeira encarnação
como filho de Odila e
Amaro. Eis o que
Clarêncio informou:
"Depois de haver
eliminado o próprio
corpo, satisfazendo a
simples capricho
pessoal, sofreu por
muitos anos as tristes
consequências do ato
deliberado, amargando
nos círculos vizinhos da
Terra as torturas do
envenenamento a se lhe
repetirem no campo
mental. A morte
prematura, quando
traduz indisciplina
diante das leis
infinitamente
compassivas que nos
governam, constrange o
Espírito que a provoca
a dilatada purgação na
paisagem espiritual".
"Não podemos trair o
tempo, e a existência
planificada subordina-se
a determinada quota de
tempo, que nos compete
esgotar em trabalho
justo. Quando esses
recursos não são
suficientemente
aproveitados, arcamos
com tremendos
desequilíbrios na
organização que nos é
própria." Júlio, nesse
processo expiatório, nem
sempre esteve a sós:
quando não se achava em
martirizada solidão,
via-se onde se lhe
mantinha preso o
pensamento, ou seja, na
atmosfera psíquica de
Lina, Armando e
Esteves, que lhe serviam
de pontos básicos ao
ódio. Jesus nos
ensinava que o homem
terá o seu tesouro onde
guarde o coração e, de
fato, todos nos
imantamos, em espírito,
a pessoas, lugares e
objetos, aos quais se
liguem os nossos
sentimentos. (Cap.
XXXIII, págs. 210 e 211)
(Continua no próximo
número.)