A Revue Spirite
de 1865
Allan Kardec
(Parte
15)
Damos prosseguimento ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1865. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 20
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela EDICEL.
Questões preliminares
A. Que ensina de novo o
Espiritismo?
Esta questão foi o tema
de abertura do número de
agosto de 1865 da
Revue. Comentando o
assunto, Kardec admitiu,
inicialmente, que o
Espiritismo nada
inventou, porque as
verdades são eternas e,
por esse motivo, devem
ter germinado em todas
as épocas. É o caso dos
ensinamentos relativos à
reencarnação, às penas
eternas, à imortalidade,
ao perispírito e a
tantos outros. E
acrescentou que o
Espiritismo tinha ainda
muito o que ensinar e
jamais pretendeu ter
dito a última palavra.
Seu a, b, c foram
as mesas girantes, mas
ele não parou aí e deu
desde então, e em poucos
anos, passos bem
grandes.
(Revue Spirite de 1865,
pp. 219 e 220.)
B. Qual é o objetivo
essencial do
Espiritismo?
Seu objetivo essencial é
o melhoramento dos
indivíduos. Os mistérios
que o Espiritismo nos
pode revelar são a parte
acessória, porque isso
de nada adianta se não
formos melhores. É,
pois, no seu
melhoramento individual
que todo espírita
sincero deve trabalhar,
antes de tudo. Só aquele
que dominou suas más
inclinações aproveitou
realmente o Espiritismo
e receberá a sua
recompensa. Eis por que
os bons Espíritos, por
ordem de Deus,
multiplicam suas
instruções e as repetem
à saciedade.
(Obra citada, pág. 221.)
C. Os resultados do
Espiritismo limitam-se,
então, aos ensinos
morais?
Não. Eles não se limitam
aos ensinos morais, mas
abrangem outros aspectos
adiante sintetizados: 1.
Ele fornece a prova
patente da existência e
da imortalidade da alma.
2. Pela firme crença que
desenvolve, exerce uma
ação poderosa sobre o
moral do homem,
levando-o ao bem,
consolando-o nas
aflições e dando-lhe
força e coragem nas
provações da vida. 3.
Retifica as ideias
falsas a respeito do
futuro da alma, do céu,
do inferno, das penas e
das recompensas,
descerrando aos olhos do
homem a vida futura. 4.
Revela o que se passa no
momento da morte e a
desvela ao homem. 5. Com
a pluralidade das
existências abre um novo
campo à filosofia e
explica a causa das
misérias humanas e das
desigualdades sociais.
6. Dá a conhecer o
mecanismo das sensações
e das percepções da alma
e dos fenômenos
espíritas. 7. Prova as
relações existentes
entre o mundo corporal e
o mundo espiritual,
mostrando neste último
uma das forças ativas da
natureza. 8. Revela a
causa das obsessões e dá
os meios de as curar. 9.
Faz-nos conhecer as
verdadeiras condições da
prece e seu modo de
ação, revelando-nos a
influência recíproca
entre encarnados e
desencarnados. 10.
Dá-nos a conhecer a
magnetização espiritual,
antes ignorada, abrindo
ao magnetismo uma nova
via e conferindo-lhe um
novo e poderoso elemento
de cura.
(Obra citada, pp. 222 e
223.)
Texto para leitura
169. Na seção de livros,
a Revue anuncia a
nova edição do livro
O que é o Espiritismo,
de Kardec,
consideravelmente
aumentada. Ali se
informa também que
estava no prelo, para
aparecer em agosto, como
de fato ocorreu, o livro
O Céu e o Inferno ou
A Justiça Divina segundo
o Espiritismo.
(Págs. 216 e 217.)
170. Que ensina de novo
o Espiritismo? Este é o
tema de abertura do
número de agosto de
1865, que mereceu de
Kardec alentadas
considerações. (Págs.
219 e 220.)
171. Kardec admite,
inicialmente, que o
Espiritismo nada
inventou, porque as
verdades são eternas e,
por esse motivo, devem
ter germinado em todas
as épocas. É o caso dos
ensinamentos relativos à
reencarnação, às penas
eternas, à imortalidade,
ao perispírito e a
tantos outros. (Págs.
219 e 220.)
172. Não teria sido,
porém, alguma coisa
havê-los tirado do
esquecimento? ter
provado o que antes
estava em estado de
hipótese? ter
demonstrado a existência
de uma lei no que
parecia fortuito?
(Pág. 220.)
173. O Espiritismo –
observa Kardec – tem
ainda muito o que
ensinar e jamais
pretendeu ter dito a
última palavra. Seu
a, b, c foram as
mesas girantes, mas ele
não parou aí e deu desde
então, e em poucos anos,
passos bem grandes.
(Pág. 220.)
174. Os que reclamam
novidades e novas
revelações precisam
antes esclarecer se já
aproveitaram o que a
doutrina espírita
ensinou, porquanto só
com o auxílio dessas
instruções, se as
aproveitarem, é que
poderão elevar-se
bastante para se
tornarem dignos de
receber um ensinamento
superior. (Pág.
221.)
175. O Espiritismo tende
para a regeneração da
humanidade. Ora, não
podendo essa regeneração
operar-se senão pelo
progresso moral, resulta
daí que seu objetivo
essencial, providencial,
é o melhoramento de cada
um. Os mistérios que ele
nos pode revelar são a
parte acessória, porque
isso de nada adianta se
não formos melhores. É,
pois, no seu
melhoramento individual
que todo espírita
sincero deve trabalhar,
antes de tudo. Só aquele
que dominou suas más
inclinações aproveitou
realmente o Espiritismo
e receberá a sua
recompensa. Eis por que
os bons Espíritos, por
ordem de Deus,
multiplicam suas
instruções e as repetem
à saciedade. (Pág.
221.)
176. Os resultados do
Espiritismo, contudo,
não se limitam apenas
aos ensinos morais, mas
abrangem aspectos outros
que adiante
sintetizamos: I – Ele
fornece, como todos
sabem, a prova patente
da existência e da
imortalidade da alma. II
– Pela firme crença que
desenvolve, exerce uma
ação poderosa sobre o
moral do homem,
levando-o ao bem,
consolando-o nas
aflições e dando-lhe
força e coragem nas
provações da vida. III –
Retifica as ideias
falsas a respeito do
futuro da alma, do céu,
do inferno, das penas e
das recompensas,
descerrando aos olhos do
homem a vida futura. IV
– Revela o que se passa
no momento da morte e a
desvela ao homem. V –
Com a pluralidade das
existências abre um novo
campo à filosofia e
explica a causa das
misérias humanas e das
desigualdades sociais.
VI – Dá a conhecer o
mecanismo das sensações
e das percepções da alma
e dos fenômenos
espíritas. VII – Prova
as relações existentes
entre o mundo corporal e
o mundo espiritual,
mostrando neste último
uma das forças ativas da
natureza. VIII – Revela
a causa das obsessões e
dá os meios de as curar.
IX – Faz-nos conhecer as
verdadeiras condições da
prece e seu modo de
ação, revelando-nos a
influência recíproca
entre encarnados e
desencarnados. X –
Dá-nos a conhecer a
magnetização espiritual,
antes ignorada, abrindo
ao magnetismo uma nova
via e conferindo-lhe um
novo e poderoso elemento
de cura. (Págs. 222 e
223.)
177. Dizem que os
espíritas só sabem o
a, b, c do
Espiritismo. Aprendamos,
então, a soletrar esse
alfabeto – aconselha
Kardec. E isso não é
problema para um dia,
porque passará muito
tempo antes de haver o
Espiritismo esgotado
todas as combinações e
recolhido todos os
frutos. Os espiritistas
já lançaram a semente em
toda a parte? não restam
mais incrédulos a
converter, obsidiados a
curar, consolações a
dar, lágrimas a enxugar?
Aí estão nobres
ocupações que valem bem
a vã satisfação de as
saber um pouco mais e um
pouco mais cedo que os
outros. (Págs. 224 e
225.)
178. A Revue
transcreve do livro
intitulado: Mês de
Maria, do padre
Défossés, o relato feito
pelo padre Dégenettes,
antigo cura da igreja de
Notre-Dame des Victoires,
de Paris, o qual explica
como nasceu a 3 de
dezembro de 1836 a obra
da arquiconfraria do
Coração de Maria. O
padre revela ali ter
sido claramente intuído
por uma voz que, vindo
de seu íntimo, lhe
dizia: “Não farás nada,
teu ministério é nulo.
Vê, há quatro anos estás
aqui; que ganhaste? Tudo
está perdido, este povo
não tem mais fé. Por
prudência deverias
retirar-te!” Noutro
momento, a voz
acrescentou: “Consagra
tua paróquia ao
santíssimo e imaculado
Coração de Maria”. Como
a voz se fez ouvir outra
vez, o padre, para se
livrar dessas ideias,
passou a compor os
estatutos da associação,
o que logrou fazer com
extrema facilidade.
Assim nasceu a
arquiconfraria.
(Págs. 225 a 228.)
179. Comentando o fato,
Kardec diz que o
fenômeno da mediunidade
auditiva foi ali de
máxima evidência. A
reprodução do fenômeno é
indício certo de que ele
se realizou em virtude
de uma lei e que, por
isso, não sai da ordem
natural. Aliás, fatos
análogos ao do padre
Dégenettes estão no
número dos mais vulgares
entre os mediúnicos; as
comunicações por via
auditiva são muito
numerosas. (Pág.
228.)
180. O Sr. Delanne, que
transmitiu a Kardec o
fato acima relatado,
juntou ao seu relato uma
comunicação do Espírito
do padre Dégenettes,
obtida pela sra.
Delanne, na qual o
sacerdote confirma ter
possuído na última
existência corpórea o
dom da mediunidade, que
ele então ignorava. Diz
Kardec que o padre
Dégenettes comunicou-se
depois diversas vezes,
ditando palavras dignas
da elevação de seu
Espírito. (Págs. 228
a 230.)
181. A respeito desse
padre, Kardec refere um
caso curioso que
Dégenettes relatou certa
vez durante um sermão
proferido em sua igreja:
Uma pobre operária sem
trabalho, depois de orar
na igreja, encontrou na
saída um senhor que lhe
disse: “Buscai trabalho;
ide à rua tal, procurai
a sra. Fulana de tal:
ela vo-lo arranjará.” A
pobre agradeceu e foi ao
endereço indicado, onde
realmente precisavam de
uma empregada. O que
intrigou a senhora foi o
fato de ela ficar
sabendo, visto que nada
dissera a qualquer
pessoa. A operária
começou a trabalhar e
logo deparou um retrato
no salão. “Olhai,
senhora”, disse ela, “o
senhor que me mandou foi
este” e apontou o
retrato. “Impossível”,
respondeu-lhe a dona da
casa, “este retrato é de
meu filho morto há três
anos”. A operária
replicou: “Não sei como
é isto; mas o reconheço
perfeitamente”. (Pág.
230.)(Continua no próximo
número.)