– O desmatamento da
floresta amazônica
caminha a largos passos,
e dentre as causas que o
acentuam está a
pecuária. Aliás, o
Brasil é um dos maiores
exportadores de carne
bovina do mundo. Como
deve o espírita
posicionar-se ante a
alimentação baseada em
carne bovina, haja vista
que, entre outras
coisas, ela também
contribui para esse
desmatamento?
Raul Teixeira:
O espírita agirá como um
cidadão comum, tratando
de cumprir os seus
deveres sociais e
políticos com seriedade,
levando em conta que o
problema do desmatamento
amazônico não tem por
vilões os rebanhos de
gado, mas o egoísmo e o
cinismo de vastas
lideranças políticas do
nosso país, que fazem
vistas grossas para a
situação, uma vez que
seus interesses pessoais
podem estar em jogo
nesse lance.
Observemos que tanto se
desmata para criar
rebanhos de gado quanto
para plantar soja e
outros produtos. A ser
levado tudo ao pé da
letra do que dizem as
diversas mídias – quase
nunca apresentam a real
situação ou o que está
por detrás dela –
teríamos que deixar de
usar tanto carnes como
vegetais.
Enquanto os governantes
fizerem de conta que não
estão sabendo que os
habitantes da floresta,
sempre os mais espertos,
é claro, mancomunados
com políticos
inescrupulosos e gente
envolvida nos
respectivos órgãos
públicos, é que extraem
a madeira nobre da
Amazônia, que permitem a
extração ilegal de
minérios do subsolo
regional de suas nações
indígenas, e que
permitem muito da
biopirataria existente
em nosso país, a
tendência será ficar
tudo como está...
tendendo a piorar.
Enquanto nossos governos
fizerem vistas grossas
para essa quantidade
enorme de ONGs plantadas
na Amazônia, aculturando
a seu modo nossos
nativos, doutrinando-os
a seu bel-prazer (de
olho em suas/nossas
riquezas diversas), mas
que não têm nenhum
interesse por “prestar
serviços” no Marajó, por
exemplo, onde existe
muitíssima necessidade e
abandono governamental,
nenhum interesse em se
instalar no sertão
nordestino, onde a seca,
a fome e a esperteza de
alguns “coronéis”
imperam, essas
dificuldades não serão
sanadas. Acusar
pontualmente o gado ou a
soja nos faria atacar o
lado frágil da questão,
deixando de lado o
fulcro mais grave do
problema.
Extraído de entrevista
publicada pelo jornal
O Imortal em
fevereiro de 2009.