MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
31)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Por que Zulmira se
encontrava prostrada e
em situação lastimável?
Ela ainda rememorava a
cena do afogamento de
seu enteado, sem
imaginar que o retivera
nos braços como filho, e
pensava que a perda
deste era uma punição
por sua culpa. A morte
de Júlio constituía, no
entanto, dolorosa pena
imposta ao seu coração.
A pobre mulher
reconhecia-se esmagada;
o complexo de culpa
retomara-lhe o cérebro e
enfermara-lhe o
coração. Após
examiná-la e ver
diversos medicamentos à
cabeceira, Clarêncio
informou: "O remédio de
Zulmira é daqueles que
a farmácia não possui.
Virá dela mesma.
Precisamos refazer-lhe a
esperança e o gosto de
viver.
Descontrolou-se-lhe, de
novo, a mente.
Desinteressou-se da luta
e a abstenção de
alimentos acarreta-lhe a
inanição progressiva".
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXXIV, págs. 218 e
219.)
B. Que entidade assistia
o enfermeiro Mário em
sua casa?
Era uma freira
desencarnada que rezava
junto dele. Ela ali
estava, desde algumas
horas, em serviço de
vigilância, pois o
estado de Mário era
francamente anormal e
ela temia a intromissão
de Espíritos
"diabólicos". A freira
colaborava no hospital
onde trabalhava Mário
Silva, de quem ela
disse, piedosa: "É um
cooperador devotado às
crianças doentes e a
cuja assiduidade e
carinho muito passamos a
dever". E, numa
linguagem genuinamente
católica romana,
ajuntou: "Muitas almas
benditas têm descido do
Céu para
testemunhar-lhe
agradecimento”.
(Obra citada, cap.
XXXIV, págs. 220 e 221.)
C. A que organização
pertencia a bondosa
irmã?
Ela pertencia a uma
organização espiritual
de servidores
católicos, dedicados à
caridade evangélica.
"Temos diversas
instituições dessa
natureza, em cujos
quadros de serviço
inúmeras entidades se
preparam gradualmente
para o conhecimento
superior", acrescentou o
Ministro, explicando que
todas as escolas
religiosas dispõem de
grandes valores na vida
espiritual. "Nas
religiões – aditou
Clarêncio –, o campo da
sublimação está povoado
pelos Espíritos
generosos e liberais,
conscientes de nossa
suprema destinação para
o bem, ao passo que, nas
linhas escuras da
ignorância, ainda
enxameiam as almas
pesadas de ódio e
egoísmo".
(Obra citada, cap.
XXXIV, págs. 221 a 224.)
Texto para leitura
103. Zulmira
adoece - Na
noite seguinte, Odila –
que já sabia do drama
vivido no passado por
seus familiares – veio
buscar socorro para
Zulmira, que se
arrojara a profundo
abatimento, recusando
remédio e alimentação.
Era mais de meia-noite,
na cidade, quando
Clarêncio e seus dois
pupilos atravessaram a
porta acolhedora da casa
de Amaro. Zulmira jazia
no leito em prostração
deplorável. Emagrecera
de modo alarmante.
Fundas olheiras roxas
contrastavam com a
acentuada palidez do
rosto. Rememorava ainda
a cena do afogamento de
seu enteado, sem
imaginar que o retivera
nos braços como filho.
Pensava que a perda
deste era uma punição
por sua culpa, mas a
morte do filho
constituía dolorosa pena
imposta ao seu maternal
coração. A pobre mulher
reconhecia-se esmagada.
O complexo de culpa
retomara-lhe o cérebro e
enfermara-lhe o
coração. Valeria a pena
erguer-se e viver? Após
examiná-la e ver
diversos medicamentos à
cabeceira, Clarêncio
informou: "O remédio de
Zulmira é daqueles que
a farmácia não possui.
Virá dela mesma.
Precisamos refazer-lhe a
esperança e o gosto de
viver.
Descontrolou-se-lhe, de
novo, a mente.
Desinteressou-se da luta
e a abstenção de
alimentos acarreta-lhe a
inanição progressiva".
Não seria saudável para
ela reencontrar-se com
o menino? A essa
pergunta de Hilário,
Clarêncio respondeu
afirmativamente;
contudo, Júlio precisava
ainda de pelo menos uma
semana de absoluto
repouso. (Cap. XXXIV,
págs. 218 e 219)
104. Auxílio a
Mário - O
Ministro entrou em ação,
aplicando-lhe recursos
magnéticos, com o
concurso de André. A
tensão nervosa de
Zulmira atingira,
porém, o apogeu e apenas
conseguiram sossegá-la,
sem conduzi-la ao sono
reparador. Odila,
fortalecida, tomava-a
aos seus cuidados,
quando ocorreu um fato
imprevisto. Mário Silva,
desligado do corpo
físico, com a rapidez
de um relâmpago penetrou
o quarto, de olhos
esgazeados, como um
louco, contemplou a
doente por alguns
instantes e afastou-se.
Clarêncio elucidou o
acontecido: "É sabido
que o criminoso
habitualmente volta ao
local do crime. O
remorso é uma força que
nos algema à
retaguarda". E, dito
isso, avisou: Mário
voltará. Com efeito, o
enfermeiro, pouco
depois, retornou ao
aposento de Zulmira e,
fixando a enferma,
rojou-se de joelhos,
exclamando: "Perdão!
perdão!... sou um
assassino! um
assassino!..." Em
seguida, antes que fosse
auxiliado pelo grupo
socorrista, projetou-se
para fora da casa.
Clarêncio, condoído com
o que viu, dispôs-se a
soerguê-lo. Num átimo,
eles se dirigiram à casa
do enfermeiro, onde este
vivia um pesadelo
aflitivo, contido no
leito à custa de
poderosos anestésicos.
Uma freira desencarnada
rezava junto dele.
Interrompendo a prece, a
irmã os saudou com
simpatia, informando que
ali estava, desde
algumas horas, em
serviço de vigilância,
pois o estado de Mário
era francamente anormal
e ela temia a
intromissão de Espíritos
"diabólicos". Clarêncio
não declinou sua
posição. "É
enfermeira?", perguntou
o instrutor. Ela disse
não ser propriamente do
serviço de saúde, mas
colaboradora no hospital
onde Mário trabalhava.
Fitando o rapaz,
acrescentou, piedosa: "É
um cooperador devotado
às crianças doentes e a
cuja assiduidade e
carinho muito passamos a
dever". E, numa
linguagem genuinamente
católica romana,
ajuntou: "Muitas almas
benditas têm descido do
Céu para
testemunhar-lhe
agradecimento. Isso tem
acontecido tantas vezes
que, com alguns médicos
e assistentes, fez-se
credor das melhores
atenções de nossa
Irmandade". (Cap. XXXIV,
págs. 220 e 221)
105. Onde vivem os
ouvidos de Deus
- Clarêncio perguntou à
irmã como soubera que
Mário estava assim tão
conturbado. Ela não fora
notificada diretamente,
contudo, como ele não
compareceu às tarefas
habituais, isso foi
suficiente para indicar
que algo de grave estava
acontecendo. Sua
superiora a designara
para verificar o que
havia e, desde então,
encontrava-se presa
naquela casa, porque não
supunha a existência de
tantos Espíritos das
trevas na vizinhança. A
freira explicou então
que trabalhava sob a
direção de Madre Paula,
que lhe explicou "ser a
enfermagem nas casas
públicas de tratamento
uma forma de purgatório
benigno, até que
possamos merecer novas
bênçãos de Deus". No
leito, Mário gemia
inquieto, e Clarêncio
passou a afagar-lhe a
fronte. A irmã
acercou-se
respeitosamente do
Ministro e disse, calma:
"Irmão, Madre Paula
costuma dizer-nos que os
ouvidos de Deus vivem no
coração das grandes
almas. Estou certa de
que escutastes minhas
rogativas. Tenho-vos por
emissários da Corte
Celeste. Acredito que,
desse modo, me compete
a obrigação de
confiar-vos nosso
doente". Dito isso, a
freira ausentou-se,
prometendo voltar em
breve tempo. Clarêncio
informou então que a
bondosa irmã pertencia a
uma organização
espiritual de
servidores católicos,
dedicados à caridade
evangélica. "Temos
diversas instituições
dessa natureza, em cujos
quadros de serviço
inúmeras entidades se
preparam gradualmente
para o conhecimento
superior", acrescentou o
Ministro, explicando que
todas as escolas
religiosas dispõem de
grandes valores na vida
espiritual. "Nas
religiões – aditou
Clarêncio –, o campo da
sublimação está povoado
pelos espíritos
generosos e liberais,
conscientes de nossa
suprema destinação para
o bem, ao passo que, nas
linhas escuras da
ignorância, ainda
enxameiam as almas
pesadas de ódio e
egoísmo". "Achamo-nos em
evolução e cada um de
nós respira no degrau
em que se colocou." A
freira teria penetrado a
verdade com que fomos
surpreendidos depois da
morte? A essa pergunta
de André, Clarêncio
respondeu, de forma
enigmática: "Cada
Inteligência só recebe
da verdade a porção que
pode reter". "Mas essa
freira sabe que deixou o
mundo, sabe que
desencarnou e prossegue,
assim mesmo, como se via
antes?", indagou André.
"Sim", confirmou
Clarêncio,
imperturbável. (Cap.
XXXIV, págs. 221 a 224)
(Continua no próximo
número.)