A Revue Spirite
de 1865
Allan Kardec
(Parte
17)
Damos prosseguimento ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1865. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 20
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela EDICEL.
Questões preliminares
A. Qual é o objetivo dos
trabalhos de cura
espiritual?
Kardec tratou do assunto
ao comentar a cura da
Sra. Maurel por ação do
Espírito do Dr. Demeure,
cujos procedimentos
foram relatados pela
Revue. Os médicos
desencarnados, diz o
Codificador, não vêm
fazer concorrência aos
médicos encarnados, nem
têm por fim
suplantá-los. Seu
objetivo é provar que
não morreram e oferecer
seu concurso
desinteressado aos que
quiserem aceitá-lo. “Os
Espíritos – acrescenta o
Codificador – vêm
ajudar o desenvolvimento
da ciência humana, e
não suprimi-la.”
(Revue Spirite de 1865,
pp. 255 a 260.)
B. Os animais também
podem ver os Espíritos?
Sim. Segundo Moki
(Espírito), o cão e o
cavalo veem ou sentem os
Espíritos. “Os fatos de
visões nos animais se
encontram na antiguidade
e na Idade Média, assim
como em nossos dias.”
(Obra citada, pp. 264 a
266.)
C. Qual defeito é mais
difícil de erradicar?
É o egoísmo, um defeito
difícil de ser
erradicado porque o
egoísta encontra em si
mesmo a sua satisfação,
razão pela qual dele não
se apercebe. O egoísmo é
sempre uma prova de
secura do coração, que
estiola a sensibilidade
para os sofrimentos
alheios. É por isso que
do egoísta não se deve
esperar senão a
ingratidão, visto que,
se o reconhecimento
verbal nada lhe custa, o
reconhecimento em ação o
fatigaria e perturbaria
o seu repouso. (Pág.
273.)
(Obra citada, pp. 272 e
273.)
Texto para leitura
195. A Revue
relata outro caso de
cura em que o agente foi
o Espírito do Dr.
Demeure. O paciente foi
a Sra. Maurel, médium de
Montauban, a qual, após
cair, fraturou o
antebraço, um pouco
abaixo do cotovelo. Os
pais dela iam procurar o
primeiro médico que
aparecesse quando ela,
retendo-os, tomou de um
lápis e escreveu
mediunicamente, com a
mão esquerda: “Não
procureis um médico; eu
me encarrego disto.
Demeure.” A Revue
descreve os
procedimentos adotados
pelo Dr. Demeure.
(Págs. 255 a 258.)
196. Ao comentar o
episódio, Kardec fala
sobre o objetivo dos
trabalhos de cura
espiritual. Os médicos
desencarnados, diz ele,
não vêm fazer
concorrência aos médicos
vivos, nem têm por fim
suplantá-los, mas seu
objetivo é provar que
não morreram e oferecer
seu concurso
desinteressado aos que
quiserem aceitá-lo. “Os
Espíritos – acrescenta o
Codificador – vêm
ajudar o desenvolvimento
da ciência humana, e
não suprimi-la.”
(Págs. 258 a 260.)
197. A propósito de um
estudo feito pelo Dr. H.
Bouley sobre a evolução
da raiva nos cães, que
experimentam, nas
intermitências dos
acessos, uma espécie de
delírio, a Revue
examina o fenômeno das
visões de seres
desencarnados que ocorre
com as criancinhas e com
certos animais,
sobretudo o cão e o
cavalo. No tocante às
crianças – diz o artigo
–, a vidência mediúnica
parece ser frequente e
mesmo geral. (Págs.
260 a 264.)
198. Relativamente à
vidência nos animais,
Moki (Espírito) responde
afirmativamente: “Sim: o
cão e o cavalo veem ou
sentem os Espíritos”.
“Os fatos de visões nos
animais se encontram na
antiguidade e na Idade
Média, assim como em
nossos dias.” (Págs.
265 e 266.)
199. A Revue
transcreve carta
publicada no Grand
Journal de 18 de
junho de 1865, em que o
missivista, de nome
Bertelius, tenta
explicar, apoiando-se
exclusivamente no
fenômeno do
sonambulismo, o sonho e
os fatos ocorridos com o
Sr. Bach. Repelindo a
tese da intervenção dos
Espíritos, Bertelius
entende que a causa dos
aludidos fatos se
encontra na ação
exclusiva da alma
encarnada, agindo
independentemente dos
órgãos materiais, como
se dá no sonambulismo.
(Págs. 266 a 271.)
200. Em breve comentário
da tese exposta por
Bertelius, Kardec
observa que se produzia
naquele momento, entre
os negadores do
Espiritismo, uma espécie
de reação, ou melhor,
formava-se uma terceira
opinião: a tese do
sonambulismo, para
explicar os fatos
espíritas. O Sr.
Bertelius, como se vê,
era partidário dessas
ideias. (Págs. 266 e
267.)
201. Que ocorre ao
egoísta na vida
post-mortem? “A cada um
segundo as suas obras”,
disse Jesus. Citando
essa frase, um Espírito
protetor disse a um
correspondente da
Revue, em Lyon, que
ninguém pode escapar às
consequências dos
defeitos que possua.
“Uma qualidade não
resgata um defeito;
diminui o número destes
e, por conseguinte, a
soma das punições.”
(Págs. 271 a 273.)
202. Na mesma mensagem,
o instrutor desencarnado
assevera que o defeito
mais difícil de ser
erradicado é o egoísmo,
porque o egoísta
encontra em si mesmo a
sua satisfação, razão
pela qual dele não se
apercebe. “O egoísmo –
acrescenta a mensagem –
é sempre uma prova de
secura de coração;
estiola a sensibilidade
para os sofrimentos
alheios.” É por isso que
do egoísta não se deve
esperar senão a
ingratidão, porquanto,
se o reconhecimento
verbal nada lhe custa, o
reconhecimento em ação o
fatigaria e perturbaria
o seu repouso. (Pág.
273.)
203. Na seção de livros,
a Revue comunica
o lançamento do livro
O Céu e o Inferno, ou a
Justiça Divina segundo o
Espiritismo, de
Kardec, do qual
apresenta um resumo do
prefácio. (N.R.: As
edições brasileiras
desse livro, publicadas
pela FEB, a Lake e o
IDE, não contêm o
prefácio a que Kardec
alude.) (Págs.
274 a 277.)
204. No prefácio citado,
Kardec diz que o
Livro dos Espíritos
contém as bases
fundamentais do
Espiritismo; é ele a
pedra angular do
edifício e todos os
princípios da doutrina
são aí apresentados.
Era, porém, necessário
dar-lhe os
desenvolvimentos,
deduzir-lhe as
consequências e as
aplicações. (Págs.
274 e 275.)
205. Referindo-se à
segunda parte de O
Céu e o Inferno,
Kardec informa que ela
encerra numerosos
exemplos que serviram de
estabelecimento da
teoria ali exposta,
exemplos que tiram sua
autoridade na
diversidade dos tempos e
lugares onde foram
obtidos, porque se
emanassem de uma única
fonte poderiam ser
considerados produto de
uma mesma influência.
(Pág. 276.)
206. A Revue
noticia, em seguida, a
obra intitulada
Palestras Familiares
sobre o Espiritismo,
obra de Émilie Collignon,
de Bordeaux, que traz
uma exposição completa,
posto que sumária, dos
verdadeiros princípios
da doutrina, em
linguagem familiar, ao
alcance de todos e sob
uma forma atraente.
Kardec recomenda sua
leitura. (Págs. 277 e
278.)
207. O número de outubro
de 1865 se inicia com
novo artigo de Kardec
sobre o vidente da
floresta de Zimmerwald,
um camponês do cantão de
Berne, que possuía a
faculdade de ver num
copo as coisas
distantes. Um ano antes
a Revue havia
tratado do assunto,
quando Kardec expôs a
teoria dos objetos
vulgarmente designados
espelhos mágicos,
a que ele preferiu
chamar espelhos
psíquicos. (Pág.
279.)
(Continua no próximo
número.)