MARCUS
VINICIUS DE AZEVEDO
BRAGA
acervobraga@gmail.com
Guará II, Distrito
Federal (Brasil)
O velho Chico
“O rio atinge os seus
objetivos porque
aprendeu a contornar
obstáculos.”
André Luíz em “Agenda
Cristã”
Nascido na Serra da
Canastra, no belo Estado
de Minas Gerais, o Rio
São Francisco atravessa
o Estado da Bahia,
fazendo a divisa ao
norte com Pernambuco,
bem como constituindo a
divisa natural dos
estados de Sergipe e
Alagoas, tendo sua foz
no oceano Atlântico,
perfazendo 2.830 km de
extensão. Chamado de Opará pelos indígenas
pré-cabralianos, é
também chamado de rio da
Integração Nacional, rio
dos currais ou
carinhosamente de “Velho
Chico”. Ele dá vida ao
Sertão, com seu nome
inspirado em Francisco
de Assis, o sol que
iluminou a Idade Média
na busca de resgatar a
essência do amor do
Cristo. Apresenta
grandes trechos
navegáveis, irriga
plantações, é palco de
lazer para os turistas,
sendo um rio de grande
importância econômica,
social e cultural. Ele
banha cinco estados da
Federação, contando com
90 afluentes pela margem
direita e 78 afluentes
pela margem esquerda,
num total de 168
afluentes, sendo 99
deles perenes. Sua
história se confunde com
a história de nosso
país, sendo palco de
romances e vidas,
imbricado à alma do
brasileiro.
Nascido a 2/4/1910 em
Pedro Leopoldo, no belo
Estado de Minas Gerais,
Francisco Cândido Xavier
psicografou quatrocentos
e doze livros, vindo a
desencarnar aos 92 anos
de idade, em 30/6/2002,
em decorrência de parada
cardíaca. Foi e é
conhecido como “Chico
Xavier”, ou mesmo “Chico
Amor Xavier” ou o
“Cândido Chico Xavier”.
Ele dá vida ao Sertão da
Alma e seu nome foi
inicialmente Francisco
de Paula Cândido, dado
em homenagem ao santo
católico Francisco de
Paula, sendo substituído
pelo nome paterno de
Francisco Cândido
Xavier, logo que rompeu
com o catolicismo.
Apresenta uma biografia
gloriosa, mas de muitas
lutas, transportando
mensagens do além para
os que necessitam e
irrigando
incessantemente o
coração das pessoas, com
as suas palavras e o seu
exemplo. Sua vida foi
palco de grandes
momentos da vida
nacional no século XX,
tendo grande importância
para a caminhada
espiritual da
humanidade. Cândido no
nome e apesar de
“Chico”, era grande nas
atitudes. Sua história
se confunde com a
história de nosso país,
nos ofertando romances e
vidas, imbricado à alma
do brasileiro.
O Brasil, e em especial
os espíritas, se prepara
para comemorar este ano
o centenário de
nascimento de Chico
Xavier, esse rio
caudaloso que arrastou o
nosso povo à prática do
bem. Apesar do que
muitos pensam, a
grandeza e a perenidade
de Chico não se fez
pelos seus dons
mediúnicos e sim pelo
que ele fazia deles. O
seu exemplar mandato
mediúnico, com
disciplina e humildade,
esclareceu, consolou e
orientou a vida das
pessoas, servindo de
paradigma para a
“Mediunidade com Jesus”.
Esse momento de
comemorações não deve
ser o de alimentar
discussões, tais como se
Chico foi Kardec, ou se
vai nascer de novo em
breve, ou se a mensagem
psicografada é mesmo
dele. Essas atitudes
beiram o personalismo
com que nós açodamos os
médiuns, como budistas
que tentam descobrir o
Buda reencarnado, e em
última análise
contrariam o que ele
disse e vivenciou na
Terra como médium.
Importa nestas
comemorações refletirmos
sobre a sua mensagem, o
seu exemplo e quanto
ainda falta caminhar.
Importa, acima de tudo,
a homenagem íntima no
altar do nosso coração.
O Rio São Francisco
deságua no litoral do
belo Estado de Alagoas.
Chico, na sua eterna
Minas Gerais, voltou ao
mar da Pátria Espiritual
em um dia de festa.
Assim como o rio é
atacado diariamente pela
poluição, nosso Chico
foi e é atacado pela
incompreensão. O Rio São
Francisco, com seus
inúmeros afluentes, se
espalha pelo sertão
levando a vida. Chico,
com as sua psicografia,
se espraia pela história
de nosso país,
espalhando o amor e a
esperança. Assim como o
Rio São Francisco chega
ao seu destino,
aprendendo a contornar
obstáculos, seguiu Chico
em sua vida tortuosa,
contornando com amor as
dificuldades para
prosseguir na sua
missão, rememorando a
lição por ele mesmo
psicografada.
Neste 2010 que já
caminha célere, em que a
nossa mente, por uma
questão cronológica, se
volta para o “velho
Chico”, pensemos que o
nosso coração, para além
de dados e fatos, deve
se voltar para o “novo
Chico”, na herança que
dele recebemos e que
frutifica e se renova a
cada dia, nas palavras
abençoadas que, como
faróis, guiam aqueles
que navegam no tortuoso
mar da vida.