MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
32)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Por que os passes
magnéticos não poderiam
ajudar Mário Silva?
Clarêncio explicou: "O
auxílio dessa natureza
ampara-lhe as forças,
mas não resolve o
problema. Silva deve ser
atingido na mente, a fim
de melhorar-se.
Requisita ideias
renovadoras e, no
momento, Antonina é a
única pessoa capaz de
reerguê-lo com mais
segurança". E
acrescentou: "Tudo na
vida tem a sua razão de
ser. Noutra época,
Silva, na personalidade
de Esteves, aliou-se a
Antonina, então na
experiência de Lola
Ibarruri, para se
afogarem no prazer
pecaminoso, com
esquecimento das
melhores obrigações da
vida. Atualmente,
estarão reunidos na
recuperação justa. Os
que se associam na
leviandade, à frente da
Lei, acabam esposando
enormes compromissos
para o reajustamento
necessário. Ninguém
confunde os princípios
que regem a existência".
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXXIV, págs. 224 a
226.)
B. Em situações como a
de Mário Silva o
desabafo ajuda?
Sim. E de novo a
explicação veio de
Clarêncio: "O desabafo
descarregar-lhe-á a
atmosfera mental,
favorecendo-lhe o alívio
e a recepção de
elementos renovadores".
Dito isso, o Ministro
abraçou-o, envolvendo-o
em amorosa solicitude.
Aquele amplexo afetuoso
e longo pareceu a André
um apelo às energias
recônditas do rapaz que,
de imediato, levantou-se
e vestiu-se e, ignorando
por que assim agia,
dirigiu-se à casa de
Antonina, que o acolhera
carinhosamente na
antevéspera.
(Obra citada, cap. XXXV,
págs. 227 e 228.)
C. Que é que Antonina
disse a Mário a respeito
da dor e sua importância
em nossa vida?
Primeiramente, Antonina
disse-lhe que
compreendia seu drama de
homem rudemente provado
na forja da vida, e
relatou-lhe, em seguida,
suas próprias lutas e
decepções. Casando-se
por amor, viu-se
espoliada em suas
melhores esperanças ao
ser relegada pelo marido
a dolorosa penúria.
Depois, quando era
intensa a agonia
doméstica, viu um
filhinho morrer ao toque
das aflitivas provações
que lhe flagelavam a
casa. "Graças a Deus,
todavia, reconheço –
disse ela ao enfermeiro
– que seríamos
tão-somente ignorância e
miséria sem o auxílio da
dor." "O sofrimento é
uma espécie de fogo
invisível, plasmando-nos
o caráter."
(Obra citada, cap. XXXV,
págs. 228 a 230.)
Texto para leitura
106. Insuficiência
dos passes -
André indagou ainda se a
freira já estava
informada sobre a
existência de vida
noutras esferas e
noutros mundos.
Clarêncio meneou a
cabeça e respondeu:
"Isso não. Ela não
oferece a impressão de
quem se libertou do
círculo das próprias
ideias para caminhar ao
encontro das surpresas
de que o Universo
transborda. Mentalmente,
revela-se adstrita às
concepções que elegeu na
Terra, como sendo as
mais convenientes à
própria felicidade". Era
preciso, porém, ter por
ela a maior consideração
pelo bem que praticava.
O momento de seu
entendimento chegaria na
hora certa, porque cada
Espírito tem uma senda
diversa a percorrer,
como os planetas possuem
rota própria. No caso
de Mário Silva, a lição
maior a ser destacada
era a da sementeira e
dos seus frutos. O
enfermeiro, apesar da
sua ruinosa
impulsividade, era
prestimoso no
atendimento aos
enfermos, tornando-se
credor do carinho
alheio. Embora não
devotado às lides
religiosas, irritável e
agressivo, revelava-se
correto cumpridor de
seus deveres e sabia ser
paciente e caridoso, no
desempenho das próprias
obrigações, com o que
granjeou a simpatia de
muitos. Disso é que
decorria o atendimento
prestado pela irmã
desencarnada. O
ensinamento era
efetivamente comovedor,
mas acabou sendo
interrompido pelos
gemidos de Mário, que,
impressionado com a
morte de Júlio,
conservava aflitivo
complexo de culpa e
tinha seu pensamento
ligado ao falecido, à
maneira de imagem fixada
na chapa fotográfica.
Mário havia passado o
dia acamado, sob extrema
perturbação, e nem mesmo
foi à casa de Antonina,
conforme previa,
porquanto se sentira
vencido, envergonhado.
André perguntou se não
seria possível
socorrê-lo através de
passes magnéticos, ao
que Clarêncio respondeu,
seguro de si: "O auxílio
dessa natureza
ampara-lhe as forças,
mas não resolve o
problema. Silva deve ser
atingido na mente, a fim
de melhorar-se.
Requisita ideias
renovadoras e, no
momento, Antonina é a
única pessoa capaz de
reerguê-lo com mais
segurança". E
acrescentou: "Tudo na
vida tem a sua razão de
ser. Noutra época,
Silva, na personalidade
de Esteves, aliou-se a
Antonina, então na
experiência de Lola
Ibarruri, para se
afogarem no prazer
pecaminoso, com
esquecimento das
melhores obrigações da
vida. Atualmente,
estarão reunidos na
recuperação justa. Os
que se associam na
leviandade, à frente da
Lei, acabam esposando
enormes compromissos
para o reajustamento
necessário. Ninguém
confunde os princípios
que regem a existência".
Clarêncio informou,
então, que no dia
seguinte à tarde eles
voltariam à casa de
Mário, para conduzi-lo à
residência de Antonina.
Pouco depois, a freira
regressou ao aposento do
enfermeiro, assistida
por outra irmã, que os
cumprimentou com
atenciosa reserva.
Ambas haviam sido
designadas para a tarefa
de auxílio ao cooperador
doente. A congregação
encarregar-se-ia de
todos os trabalhos de
vigilância e enfermagem
espiritual, enquanto
Mário assim
permanecesse. (Cap.
XXXIV, págs. 224 a 226)
107. Em casa de
Antonina - No
dia imediato, o grupo
voltou, passando
primeiro pelo lar de
Zulmira, cuja posição
orgânica era mais
aflitiva. Apesar dos
cuidados médicos e da
preocupação de Amaro e
Evelina, a torturada
mãezinha deixava-se
morrer. Diante da
apreensão de André,
Clarêncio afirmou:
"Aguardemos. Numa
equipe, quase sempre a
melhora de um
companheiro pode
auxiliar a melhora de
outro. A recuperação de
Silva, ao que me parece,
influenciará nossa
amiga, na defesa contra
a morte..." Ministrado a
ela o recurso magnético,
o grupo foi à casa do
enfermeiro, que
continuava superexcitado
quanto na véspera, mas
abnegadamente assistido
pelas duas freiras, que
persistiam, dedicadas,
na oração. As religiosas
deram conta de que o
doente prosseguia em
desespero, mas
Clarêncio as confortou.
Em seguida, tocando a
fronte de Mário com a
destra, orou sem alarde.
Qual se recebesse
preciosa transfusão de
forças fluídicas, Silva
aquietou-se,
revelando-se mais calmo,
apesar de triste. Sua
expressão facial
transformou-se em
dolorosa serenidade. O
instrutor aplicou-lhe
alguns passes de auxílio
e explicou que Mário
necessitava ouvir a
palavra de Antonina, mas
estava hesitante, por
crer-se responsável pela
morte de Júlio.
Acariciando-lhe a
fronte, o Ministro
elucidou: "O desabafo
descarregar-lhe-á a
atmosfera mental,
favorecendo-lhe o alívio
e a recepção de
elementos renovadores".
Em seguida, abraçou-o,
envolvendo-o em amorosa
solicitude. Aquele
amplexo afetuoso e longo
pareceu a André um apelo
às energias recônditas
do rapaz que, de
imediato, levantou-se e
vestiu-se e, ignorando
por que assim agia,
dirigiu-se à casa da
família que o acolhera
carinhosamente na
antevéspera. (Cap. XXXV,
págs. 227 e 228)
108. O sofrimento
é um "fogo invisível"
- Antonina e os filhos
abriram-lhe os braços,
alegremente, e a pequena
Lisbela
dependurou-se-lhe ao
pescoço, depois de um
beijo comovente. A
renovada mulher,
preocupada, notou o
abatimento de Mário e,
percebendo-lhe a
angústia oculta,
induziu-o à conversação
particular, em singelo
recanto da sala, onde
fazia com os filhos o
culto da oração. Mário,
após pedir desculpas por
tratar de assunto
pessoal, desabafou por
inteiro, relatando em
minúcias sua convivência
com Zulmira, o namoro, o
rompimento do noivado,
seu sofrimento, as
ideias negativas e, por
fim, o reencontro com a
ex-noiva e o ex-rival,
junto do filho
agonizante. Referiu-se
então ao ódio
inexplicável que sentira
pelo menino moribundo e
expôs-lhe a convicção
de haver contribuído
para a morte da criança
que detestara, à
primeira vista. Antonina
sentiu por ele a piedade
amorosa com que as mães
se dispõem ao
soerguimento espiritual
dos filhos sofredores e
rogou-lhe serenidade,
mas Mário, em pranto
convulsivo, era um
doente que reclamava
mais ampla intervenção.
Atraída
irresistivelmente para
ele, a nobre amiga
ponderou, carinhosa:
"Mário, quando caímos é
preciso que nos
levantemos, a fim de que
o carro da vida, em seu
movimento incessante,
não nos esmague.
Conhecemo-nos há dois
dias, no entanto sinto
que profundos laços de
fraternidade nos reúnem.
Não acredito estejamos
aqui juntos, obedecendo
a simples acaso.
Decerto, as forças que
nos dirigem a existência
impelem-nos aos
testemunhos afetivos
desta hora. Enxugue as
lágrimas para que
possamos ver o
caminho... Compreendo o
seu drama de homem
rudemente provado na
forja da vida,
entretanto, se posso
pedir-lhe alguma coisa,
rogar-lhe-ia bom ânimo".
Ela relatou-lhe então as
suas próprias lutas e
decepções. Casando-se
por amor, viu-se
espoliada em suas
melhores esperanças ao
ser relegada pelo marido
a dolorosa penúria.
Depois, quando era
intensa a agonia
doméstica, viu um
filhinho morrer ao toque
das aflitivas provações
que lhe flagelavam a
casa... "Graças a Deus,
todavia, reconheço –
disse ela – que
seríamos tão somente
ignorância e miséria sem
o auxílio da dor". "O
sofrimento é uma
espécie de fogo
invisível, plasmando-nos
o caráter." (Cap. XXXV,
págs. 228 a 230)
(Continua no próximo
número.)