CHRISTINA NUNES
cfqsda@yahoo.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Chico Xavier
Queria ter
redigido este
texto no dia 2
de abril,
aniversário do
Chico, mas,
demasiadamente
exausta após
compras de ovos
de chocolate e
tumulto dentro
de shopping
antes de enfim
entrar com meus
dois filhos no
cinema, não
encontrei forças
nem inspiração
para tanto. E
para redigir
sobre Chico
Xavier sem
inspiração
melhor que se
fique quieta,
que se espere a
hora oportuna.
Bem... Começo
pelo fim,
falando da nossa
chegada.
Entrando em
casa, a primeira
atitude foi
telefonar para
minha mãe,
sempre reclusa
como pequena
ermitã
- promovendo
eletrizante
e grande
alarido:
– Escute uma
coisa,
prepare-se para
setembro... Mês
de primavera,
uma maravilha,
porque não tem
jeito: você
vai ver Nosso
Lar
comigo e as
crianças!
Vai ver! Nem
quero saber de
desculpas!
E me pus a
narrar para ela
sobre o trailer
a que extasiada
assisti, antes
do filme do
Chico, do filme
que será lançado
em setembro,
cujo título é
justo o do
primeiro livro
da série do
Espírito André
Luiz, médico
desencarnado,
psicografado
também por Chico
Xavier.
Amigos! Sem
nenhum receio de
estar
exagerando,
uma sublimidade!
O trailer já
nos permite
antever: um
filme majestoso,
de beleza ímpar,
retratando a
bela cidade do
espaço situada
sobre o Rio de
Janeiro - em
nada deixando a
dever às maiores
produções
estrangeiras a
que estamos
acostumados, e
não me refiro
aqui somente
à parte
tecnológica,
porque apenas
isto, naquele
simples trailer,
quase me arranca
aplausos
veementes! É
porque do todo
já pressinto um
trabalho
artístico
muitíssimo
inspirado,
sobretudo
fidelíssimo às
descrições
contidas na obra
por escrito
desta colônia
espiritual
paradisíaca de
onde, aliás, o
nosso Chico deve
estar agora
zelando por nós.
Mas agora vamos
ao filme do
Chico.
Queridos,
façamos justiça:
que trabalho
mais sublime,
tocante, cheio
de inspiração e
de mensagens
articuladas com
a linguagem da
alma, e
endereçadas
diretamente às
almas! Que
homenagem mais
justa, digna,
àquele que
todos quereríamos
como alguém
próximo, irmão
dileto, pai
amoroso ou filho
pródigo, e a
quem aprendemos
a estimar como o
mentor
espiritual de
todo o Brasil!
De tudo visto –
da infância
sofrida
temperada pelas
imagens doces
dos diálogos com
o Espírito da
mãe desencarnada
(a bela Letícia
Sabatella) até
as paisagens
singelas e
bucólicas de
Pedro Leopoldo
em Minas; das
aparições oportunas
do altivo
Espírito
Emmanuel, ora
austero, ora
mesmo irônico ou
humorístico
durante a longa
convivência com
o tutelado em
missão na
matéria –,
ficou-me em
relevância ao
enlevo das
impressões o
fenômeno
estranho
produzido pela
presença do ator
Nelson Xavier no
papel do próprio
Chico. Ao final,
a sensação é de
que fora o
Chico, mesmo, em
carne e osso,
quem comparecera
às filmagens.
Ainda agora,
aqui, durante a
redação desta
resenha, é o que
se sobressai,
sobre tudo mais:
a impressão
estranha de que
ouvira mesmo a
voz e vira a
imagem do
querido e
saudoso mestre –
tamanha a
fidelidade da
aparência, da
interpretação,
enfim, como se,
somando-se ao
talento
consagrado de
Nelson
Xavier, Chico
houvera de algum
modo incorporado
o ator,
produzindo
tamanha
excelência em
sua atuação!
Ah, Chico!
Quanta doçura,
misturada ao
saudosismo da
melancolia e da
certeza de que
outro assim nos
demorará a
comparecer nos
cenários
espiritualistas
do país - sem
desmerecer os
confrades que de
alma idônea e
sincera labutam
diariamente nas
lides de nosso
movimento! Mas é
que deixaste a
todos meio
órfãos da luz
intensa,
inqualificável,
da tua presença
material entre
nós! Órfãos,
todos os
necessitados do
corpo e do
espírito que em
romaria infinita
compareciam a
Pedro Leopoldo
em busca de
lenitivo para as
suas agruras!
Órfãos os que
obtinham
alimento para o
espírito através
do lume
incomparável das
mensagens
contidas nas
obras que
psicografaste
dos teus
eméritos
mentores! Órfãos
da tua ternura,
deste
quê misterioso
de tua
personalidade
que encantava e
encantará para
sempre a todos
nós, e,
certamente, aos
que vierem a
tomar contato
com a luz de teu
espírito!...
Órfãos!...
Para os que já
conheciam sua
história, ou nem
tanto, ou dela
nada conheciam,
impossível
assistir a
Chico Xavier
sem se emocionar
com o
virtuosismo da
esmerada
produção, que
vem materializar
diante de nossos
olhos os fatos
principais da
vida deste homem
ímpar! Diante
das
interpretações
de veteranos
como Nelson
Xavier, Tony
Ramos,
Christiane
Torloni, Ângelo
Antônio, dentre
muitos de nossos
melhores atores,
vemos desfilar
fatos tristes
quanto
pitorescos,
impressionantes
quanto
surpreendentes,
de sua longa
trajetória de
vida entre nós.
Os atendimentos
sucessivos em
Pedro Leopoldo,
as cartas
psicografadas,
incontáveis,
cada uma delas
provocando
comoção
indescritível
nos parentes
ansiosos que
vinham de longe
atrás da
esperança de um
lenitivo, de uma
notícia que
fosse daqueles
que haviam feito
a passagem e
cuja ausência os
dilacerava para
além do que
podiam suportar.
As
incompreensões,
difamações e
perseguições de
que fora alvo
desde a época
difícil da
mediunidade
aflorada ainda
na infância. O
pitoresco
episódio da
peruca - doce
viés de vaidade,
exibida em notas
humorísticas de
seus diálogos
com o encantador
Emmanuel! Suas
curas
espirituais
através de
sessões de
desobsessão. E
caridade e
bondade, e
caridade e
bondade,
caridade e
bondade – para
com tudo, para
com todos! – até
o último de seus
minutos entre
nós!
Nunca
anteriormente
vira o imenso
cinema da rede
Knoplex, no
shopping Tijuca,
lotado de cima a
baixo como
ontem, com uma
ou duas pessoas,
de resto, vendo
o filme de pé,
nas laterais! E
ao final, após
as imagens
emocionantes do
saudoso médium
orando o Pai
Nosso, ao
término do
programa de
entrevistas
Pinga Fogo (de
cujos relatos de
Chico foram
extraídas muitas
das cenas do
filme), ao
contrário do que
supus, esperando
talvez aplausos
clamorosos, tudo
o que vi da
seleta plateia
lotada foi
reverente
silêncio.
– Muito
obrigado... –
finalizava
Chico, ele
mesmo, na grande
tela adiante.
E o público que
lotara o cinema
neste dia de
estreia saía
reverente, em
boa ordem.
Alguns em
lágrimas. Todos
em paz.
Grata, Chico!