MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
33)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Ao tratar do tema
reencarnação, que
palavras disse Antonina
ao enfermeiro?
Antonina disse-lhe que
todos nós somos viajores
no grande caminho da
eternidade e que o corpo
de carne é uma oficina
em que nossa alma
trabalha, tecendo os
fios do próprio destino.
“Estamos chegando de
longe, a revivescer dos
séculos mortos, como as
plantas a renascerem do
solo profundo”,
asseverou Antonina.
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXXV, págs. 230 a
232.)
B. Que providência
sugeriu Antonina com
objetivo de asserenar o
coração do enfermeiro?
Ela disse a Mário Silva
que ele poderia ajudar
Zulmira e Amaro,
aproximando-se deles. E,
enquanto lhe acariciava
as mãos, convidou-o a
visitarem juntos o casal
sofredor, na noite
seguinte. Mário aceitou
a gentileza, exultante,
porque estava convencido
de que, ao lado dela,
encontraria uma
solução.
(Obra citada, cap. XXXV,
págs. 232 a 233.)
C. O pai do menino Júlio
recebeu-os com
afabilidade?
Sim. Amaro foi bastante
afável e suas vibrações
de afabilidade e carinho
modificaram o íntimo do
enfermeiro, permitindo
ao rapaz sentir
balsamizante desafogo.
No tocante à morte de
Júlio e à preocupação de
Mário, Amaro
tranquilizou-o dizendo:
"Não havia motivo para
tamanha preocupação.
Desde a primeira visita
médica, compreendi que
o nosso filhinho estava
condenado. O soro foi o
último recurso".
(Obra citada, cap.
XXXVI, págs. 234 e 235.)
Texto para leitura
109. Somos
viajores da eternidade
- Descrito o próprio
sofrimento, Antonina
conclamou: "Não se deixe
abater, assim. Você está
moço e as suas
realizações no mundo
podem ser as mais
elevadas..." O rapaz
então soluçou,
desalentado: "Mas estou
certo de que sou um
assassino!..." Antonina
retrucou: "Quem poderia
confirmá-lo? É
indispensável
recordemos que, atento
à profissão, atendeu
você a um menino
completamente entregue
ao domínio do crupe. O
pequenino Júlio, à sua
chegada, já estaria
ofegante, sob as asas da
morte". Como o
enfermeiro aludia ao
remorso e ao sentimento
de derrota, seguido de
medo de si mesmo,
Antonina lhe perguntou,
firme: "Mário, você
acredita na reencarnação
da alma?" E, antes que
ele dissesse algo, ela
prosseguiu: "Todos somos
viajores no grande
caminho da eternidade. O
corpo de carne é uma
oficina em que nossa
alma trabalha, tecendo
os fios do próprio
destino. Estamos
chegando de longe, a
revivescer dos séculos
mortos, como as plantas
a renascerem do solo
profundo...
Naturalmente, você,
Amaro, Zulmira e Júlio
estão recapitulando
alguma tragédia que
ficou distanciada no
espaço e no tempo, mas
viva nos corações. E,
mediante o carinho de
sua confissão
espontânea, não duvido
de minha participação em
algum lance da luta que
motivou os
acontecimentos da
atualidade. Amor e ódio
não se improvisam.
Resultam de nossas
construções espirituais
nos milênios". Após
tecer outras
considerações sobre o
assunto, Antonina
ofereceu-se para
cooperar com o seu
esforço, de algum
modo... "Colaborar? –
atalhou o rapaz, quase
alucinado – é
impossível... O menino
está morto..." Envolta
nas irradiações de
Clarêncio, Antonina
alegou então: "E quem
nos diz que Júlio não
possa voltar à Terra?
quem nos pronunciará
incapazes de algo fazer
a benefício da
criancinha que
partiu?". "Como? como?"
– indagou, atônito, o
infeliz. "Escute,
Mário" – replicou a
bondosa mulher. "O
egoísmo não se revela
feroz tão somente em
nossas alegrias. Muitas
vezes, comparece também,
asfixiante e terrível,
em nossas dores. Isso se
verifica, quando em
nossa mágoa pensamos
apenas em nós. Você se
declara delinquente,
amargurado, vencido,
qual se fosse um herói
repentinamente arrojado
do altar da admiração
pública à poeira da
desconsideração". E
ajuntou, objetiva:
"Admito que concentrar
demasiada atenção em
culpas imaginárias é
mera vaidade a
encarcerar-nos na
angústia vazia. Enquanto
lastimamos a nossa
imperfeição, perdemos a
hora que seria justo
utilizar em nossa
própria melhoria". (Cap.
XXXV, págs. 230 a 232)
110. Antonina
oferece ajuda -
Modificando a inflexão
da voz, que se fez mais
firme, Antonina
lembrou-lhe o
padecimento de Amaro e
Zulmira, os sonhos
maternos despedaçados, e
propôs: por que não
estender fraternos
braços a eles? por que
não visitá-los? por que
não aproveitar esse
momento difícil para a
renovação e o
crescimento? Antonina
então ponderou: "É
possível que a Divina
Bondade esteja
reservando ali algum
serviço para o seu
propósito de elevação.
Quem sabe? A volta de
Júlio pode efetuar-se.
Para isso, porém, será
necessário reerguer o
ânimo materno..."
Chorando, Mário
respondeu-lhe ao apelo:
"Não tenho coragem!",
ao que ela replicou, com
energia: "Não, Mário! Em
ocasiões dessas, não é
a coragem que nos falha
e sim a humildade. Nosso
orgulho neste mundo,
apesar de inconsequente
e vão, é por demais
envolvente e excessivo.
Não sabemos liberar a
personalidade segregada
no visco de nosso
exagerado amor próprio.
Em suma, aprisionamos o
coração na escura
fortaleza da vaidade e
não sabemos ceder..."
Apegando-se ao socorro
moral que lhe era
lançado, o enfermeiro
suplicou-lhe expusesse
ela mesma o que ele
deveria fazer. "Dê-me um
plano", rogou o infeliz.
A jovem viúva, então,
sentindo-se
verdadeiramente irmã
dele, acariciou-lhe as
mãos e, igualmente em
lágrimas de emotividade
e reconhecimento,
convidou-o a visitarem
juntos o casal sofredor,
na noite seguinte.
Mário aceitou a
gentileza, exultante.
Ele estava convencido de
que, ao lado dela,
encontraria uma
solução. (Cap. XXXV,
págs. 232 a 233)
111. A
reconciliação
- Três dias se passaram
desde a desencarnação de
Júlio, e Zulmira
apresentava-se esgotada.
No momento em que
recebia a assistência
magnética de Clarêncio,
chegaram à sua casa
Mário, Antonina e
Haroldo. Amaro e Evelina
fizeram as honras da
casa. Acolhedor, embora
triste, o ferroviário
demonstrava seu
contentamento por ver
terminar ali velha e
desagradável desavença.
Ao lado de Mário
constrangido e
desajeitado, Antonina
era toda simpatia e
bondade, a cativar, de
imediato, a amizade dos
anfitriões. O
enfermeiro, após
apresentá-la a Amaro,
comentou a penosa
impressão que lhe
causara o falecimento
de Júlio e pediu escusas
por não haver
reaparecido, como era do
seu dever. A ocorrência
desnorteara-o, a tal
ponto que ele mesmo
ficou acamado. Mário
falava realmente
comovido, porque seus
olhos represavam-se de
lágrimas que não
chegavam a cair. Aquela
emotividade manifesta,
aliada à sua humildade
sincera, tocou o coração
de Amaro, que se abriu
também, amplamente. O
genitor de Júlio revelou
ter percebido a dor do
enfermeiro e confessou
que sua aflição muito o
comovera naquele transe
difícil. A generosidade
do ex-rival influenciou
o enfermeiro de modo
decisivo. As vibrações
de afabilidade e carinho
que se desprendiam do
apontamento afetuoso
modificavam-lhe o
íntimo, e isso permitiu
ao rapaz sentir
balsamizante desafogo.
Ele então,
reportando-se à tortura
moral que o assaltara,
assim que viu a criança
inerte, deteve-se na
breve descrição do
complexo de culpa que o
acometera. Teria
seguido com segurança a
indicação do médico? Não
se enganara na dosagem?
Amaro, bondoso,
tranquilizou-o, dizendo:
"Não havia motivo para
tamanha preocupação.
Desde a primeira visita
médica, compreendi que
o nosso filhinho estava
condenado. O soro foi o
último recurso". (Cap.
XXXVI, págs. 234 e 235)
(Continua no próximo
número.)