O casal Nardoni
e a coerência da
Doutrina
Espírita
Em virtude do
julgamento do
casal Nardoni, o
caso da garota
Isabela, morta
em março de 2008
após ser atirada
do alto de um
prédio, ocupou
novamente grande
espaço na mídia.
Natural,
atitudes insanas
cometidas contra
crianças causam
enorme comoção.
O pai e a
madrasta da
garota foram
acusados e
várias pessoas
reunidas para o
julgamento de
ambos. A
sentença saiu em
poucos dias e
eles foram
condenados.
Não vamos entrar
no mérito da
questão se o
casal é culpado
ou inocente. O
ponto a ser
abordado é bem
outro: as penas
impostas pelo
tribunal humano
e as impostas
pelo tribunal da
consciência.
Nada é mais
doloroso e
aprisionador do
que o peso da
culpa. O que são
20, 30 anos de
confinamento em
prisão se
compararmos com
as chamas da
culpa queimando
a consciência?
O que é a
decisão de um
júri humano
perto da
jurisprudência
divina estampada
na consciência
de cada ser?
A pior prisão
não é aquela que
trancafia o
corpo físico,
mas, sim, aquela
que atormenta a
alma que se
compromete com
as leis divinas.
Nesse tipo de
prisão não há
qualquer
liberdade ou
tempo para banho
de sol. Ela é
implacável!
Frequentemente,
aqueles que se
enredam pelo
caminho do crime
são sumariamente
chamados de
“desalmados”.
Mal sabem os
acusadores que
os “desalmados”
habilitaram-se a
penoso resgate.
A Doutrina
Espírita, no
entanto, diverge
da tese dos
desalmados e
explica que os
chamados
desalmados,
marginais que
segundo a
opinião pública
são monstros
trajando o
vestuário de
gente, são
Espíritos;
Espíritos que se
deixaram
arrastar pelos
impulsos
primitivos da
ira e por isso
comprometeram-se
em atos insanos.
Pagarão por
isso, sem
dúvida,
obedecendo à lei
de causa e
efeito.
A consciência
cedo ou tarde
lhes cobrará,
impondo sanções
disciplinadoras
e corretivas para
que retomem o
caminho do bem.
Quanto a nós
outros, nada de
violência,
revide e
pensamentos de
revolta. Isso
apenas piora a
situação já tão
lamentavelmente
explorada pela
imprensa
sensacionalista.
Nossa postura
deve ser cristã,
serena,
tranquila. Jesus
recomendava
piedade; se
somos seus
seguidores,
devemos, pois,
seguir seu
conselho.
É um absurdo,
uma atitude de
total
desequilíbrio
agredir o
advogado dos
acusados, como
fez um cidadão.
Ele deveria
estar em sua
casa, cuidando
de sua vida,
preocupado com
seus afazeres ao
invés de
tumultuar o que
já está
demasiadamente
tumultuado. Diz
o ditado
popular: Muito
ajuda quem não
atrapalha.
Portanto, não
estejamos no rol
daqueles que
atrapalham.
Muito melhor
fazer o caminho
inverso: Ajudar.
Óbvio, muito
mais eficaz.
Se sei que
determinada
situação escapa
ao meu controle,
que nada posso
fazer para
alterar o
destino, o que
faço? Reconheço
minha pequenez e
me entrego de
corpo e alma em
fervorosa
oração, pedindo
a proteção do
Alto para os
envolvidos.
Pronto, nada além
disso.
A violência
apenas aumenta o
clima de tensão
ao invés de
resolver o
problema. Não
podemos pagar o
mal com o mal.
Os envolvidos em
um caso tão
doloroso estão
sofrendo muito;
é inadmissível
sob o ponto de
vista cristão
atirarmos mais
lenha nessa
fogueira de
mágoas e
desencontros.
Cuidemos de
nossa vida,
deixemos de lado
o julgamento, a
acusação, os
dardos mentais
emitidos contra
essa ou aquela
criatura,
porquanto cada
um arcará com a
responsabilidade
de seus atos
perante as leis
da vida
instituídas pelo
Criador.
Podemos escapar
do tribunal
humano, mas não
escaparemos do
incorruptível
tribunal da
consciência.
Assim sendo,
inexistem razões
para apelarmos à
violência em
qualquer
situação, isso
apenas demonstra
o estado
primitivo em que
nos demoramos.
Quanto ao casal,
esses receberão
o veredicto
final da própria
consciência. Se
inocentes, mesmo
trancafiados em
inóspita prisão,
estarão
absolvidos pelas
leis da vida. Se
culpados, mesmo
soltos e vivendo
em confortável
mansão, estarão
sempre às voltas
com os fantasmas
de suas
atitudes.
Quanto a nós?
Oremos pelos
envolvidos, é o
melhor a ser
feito.