O que a onda Chico Xavier
tem provocado
Uma grande procura de livros espíritas e mais
pessoas nos Centros Espíritas, eis dois resultados
da enorme repercussão que está tendo no Brasil o
filme sobre Chico Xavier
Segundo o diretor Glauber Filho, a onda de
filmes com temas espíritas que marcará 2010 é
uma consequência direta do sucesso de Bezerra
de Menezes - O Diário de Um Espírito,
filme que leva sua assinatura. "Começamos –
diz ele – com um documentário, depois nasceu
a ficção. Foi uma grande surpresa,
conquistamos 503 mil espectadores em 27
semanas. Isso com um orçamento de R$ 2,7
milhões."
O filme sobre Chico Xavier, recordista
absoluto de público nos cinemas do Brasil,
agradou aos críticos e tem comovido o público.
De fato, são poucas as pessoas que conseguem
assistir ao filme sem se emocionar e muitas
vão literalmente às lágrimas (fotos).
A vida do
saudoso médium foi dividida, no filme, em três
fases. A primeira se passa na década de 1910,
durante a infância de Chico, tendo por cenário
a pacata cidade mineira de Pedro Leopoldo.
Atormentado pela madrinha (Giulia Gam), o
garoto atenua a vida difícil conversando com o
Espírito da mãe (Letícia Sabatella). O padre
da cidade (Pedro Paulo Rangel) diz que essa
história de ver os mortos e falar com eles é
coisa do demônio e dá conselhos ao menino,
como rezar insistentemente ou fazer uma
procissão com uma pedra na cabeça. |
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A segunda fase
inicia-se em 1931, quando Chico, então adulto,
vivido pelo ator Ângelo Antônio, começa a
psicografar e vê pela primeira vez Emmanuel (André
Dias), seu guia espiritual, que o acompanhará até
o fim da vida. A maior parte do filme se passa
nesse período em que a fama do médium se espalha e
ele enfrenta dificuldades para lidar com a família
e com a incompreensão da Igreja.
As histórias são entrecortadas pela célebre
entrevista que Chico Xavier deu ao programa “Pinga
Fogo”, que teve em 1971 audiência histórica na
extinta TV Tupi.
Dois dos mais importantes jornais de nosso País
dedicaram ao filme um espaço generoso
Já uma celebridade, Chico Xavier (representado na
tela por Nelson Xavier) acendeu na época a
discussão da vida após a morte, uma polêmica
representada com especial força nos personagens de
Christiane Torloni e Tony Ramos, inspirados em
fatos reais, pais de um rapaz morto num acidente.
Aliás, o desfecho do caso que envolveu esse casal
constitui um dos pontos altos do filme.
A repercussão
da obra pode ser aquilatada não apenas pelos
números das bilheterias dos cinemas, mas
igualmente pelo destaque que a grande imprensa tem
dado ao assunto.
Dois dos mais
importantes jornais do País – Folha
de S. Paulo e O
Estado de S. Paulo –
dedicaram ao filme e à onda que ele tem produzido
um espaço generoso, jamais concedido anteriormente
ao Espiritismo.
Em sua edição
de 26 de abril, a Folha refere-se
a essa onda e diz que o fato, além de estimular
uma maior procura dos livros espíritas, tem levado
mais pessoas aos Centros Espíritas.
Eis alguns
depoimentos registrados pelo importante periódico
paulista:
"O discurso de
reconhecimento da doutrina e de figuras centrais
do Espiritismo vai ajudar muita gente a assumir
que é espírita", avalia Célia Arribas, socióloga e
pesquisadora da USP, autora do livro "Afinal,
Espiritismo É Religião?" (Alameda Editorial), com
lançamento previsto para maio. "Usando uma
linguagem figurativa, é possível dizer que eles
vão sair do armário."
A Folha relata
o fato que levou o ator Carlos Vereza,
da TV Globo, a se converter ao Espiritismo
Para Geraldo
Campetti, diretor da Federação Espírita Brasileira
(FEB), a difusão da doutrina realizada pelo filme,
já visto por mais de 2 milhões de brasileiros, é
um marco. "O Espiritismo era um, antes de 2010, e
será outro, após o final deste ano", analisa.
"Esse impacto fica visível na crescente demanda
por informações que, desde a estreia do filme, tem
ocorrido nos centros espíritas de todo o país."
A Folha alude
também ao fato de que, além dos seus adeptos
declarados, o Espiritismo tem simpatizantes em
diversos segmentos religiosos e o exemplifica com
este depoimento: "Vou a um centro, mas também sou
judia", disse Sandra Becher, 30, na saída de uma
sessão do filme de Daniel Filho.
O jornal paulista relata, ainda, na mesma
edição, o fato que levou o ator Carlos Vereza
(foto),
da TV Globo, a se converter ao Espiritismo. O
ator, que interpretou Bezerra de Menezes no
filme "Bezerra de Menezes - O Diário de Um
Espírito", disse à Folha: "Eu não tinha
nenhuma religião. Sempre acreditei em Deus,
mas esse mundo era distante. Você chega ao
Espiritismo pelo amor, pela dor ou razão. Eu
sofri um acidente de trabalho na Globo,
um tiro, um efeito
especial mal |
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feito.
Colocam pólvora no local e acionaram por um
controle remoto. Era um seriado medíocre
chamado Delegacia de Mulheres", lembrou. |
Vereza conta
que seu ouvido interno foi atingido. "Fiquei com
labirintite e tive que parar de trabalhar, o que
me levou à depressão. Os médicos diziam que não
tinha como resolver. Fui internado em várias
clínicas. Procurei o centro Frei Luiz, indicado
por uma tia católica que me disse que um primo
havia sido curado lá de leucemia. Em sete meses,
eles me curaram", disse Vereza.
O jornal O Estado
de S. Paulo fala
dos reflexos dessa onda no mercado de obras
espíritas
Depois disso,
Vereza se tornou médium e é voluntário no centro
até hoje. Ele acredita que o sucesso do filme
"Bezerra de Menezes", visto por mais de meio
milhão de pessoas, abriu uma "corrente de obras
espiritualistas". "Se está tendo sucesso, e isso é
lei de mercado, é porque as pessoas estão
precisando. Os produtores fazem pesquisas e
começam a perceber que o público precisa de um
pouco de paz, de uma respiração."
No jornal O
Estado de S. Paulo, além do destaque dado ao
filme, visto por mais de 2,7 milhões de
brasileiros em apenas 30 dias de exibição, foi
mencionado também o reflexo dessa onda no mercado
editorial.
Segundo o Estadão,
a biografia "As Vidas de Chico Xavier", do
jornalista Marcel Souto Maior, na qual o filme é
inspirado, está sendo reimpressa com uma tiragem
de 30 mil exemplares, tamanha a procura nas lojas.
O livro está em quinto lugar nas listas dos mais
vendidos, na categoria ''não-ficção'', e será
relançado pela Leya em junho. Em segundo lugar,
aparece outro de Souto Maior, "Chico Xavier - A
História do Filme de Daniel Filho", com fotos e
lances interessantes do set. Há, segundo o jornal,
quem vá do cinema direto para a livraria.
As publicações atribuídas a Espíritos e
psicografadas pelo médium também estão, informa
ainda o Estadão,
saindo como nunca. "Não só as vendas dos livros
estão crescendo por causa do filme, mas também o
número de pessoas que procuram as casas
espíritas", disse ao jornal o confrade Geraldo
Campetti, diretor executivo da Federação Espírita
Brasileira.