MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
34)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Ao perder seu
primeiro filho, Armando
quase enlouqueceu. Que
fato o amparou naquela
circunstância?
Ele apegou-se à religião
para não soçobrar e,
graças a isso,
compreendeu que somente
nos compete acatar os
desígnios de Deus,
porque não passamos de
criaturas necessitadas
de socorro divino, a
cada instante de nossa
experiência humana. Ao
ouvi-lo, Antonina apoiou
tais ideias e disse:
"Sem dúvida, sem apoio
espiritual, não
avançaríamos um passo
no terreno da verdadeira
harmonia íntima. A morte
do corpo nem sempre é o
pior que nos possa
acontecer. Quantas vezes
os pais são
constrangidos a
acompanhar a morte moral
dos filhos, no crime ou
na viciação que não
conseguem interromper?"
E relatou que também
perdera um filho ainda
pequeno, mas procurou
acomodar-se à saudade
sem revolta, porque a
Sabedoria do Senhor não
deve ser menosprezada.
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXXVI, págs. 235 a
238.)
B. Vendo que o estado de
Zulmira se agravara, que
fez Mário Silva?
Ele se ofereceu para
doar-lhe sangue, uma
providência que o médico
de Zulmira havia dito
ser indispensável para
salvá-la. Pouco depois,
a transfusão começou,
enquanto Antonina,
assumindo a direção da
enfermagem, parecia uma
figura providencial.
Além de amparar a doente
com carinho, auxiliou o
clínico e, ainda,
colaborou com Evelina
para que todas as
medidas alusivas à
higiene se efetuassem em
harmonia. Após a
transfusão, a enferma
reagiu favoravelmente.
(Obra citada, cap.
XXXVI, págs. 238 a 240.)
C. Onde se deu o
encontro de Zulmira com
o Espírito de seu filho?
O encontro ocorreu no
Lar da Bênção, ao qual
Zulmira, em Espírito,
foi levada por
Clarêncio. Quando eles
penetraram o berçário
onde o menino repousava,
sob a abnegada
vigilância de Blandina e
Odila, Zulmira tentou
arrojar-se sobre a
criança sonolenta, mas
Clarêncio a conteve
delicadamente.
(Obra citada, cap.
XXXVII, págs. 241 e
242.)
Texto para leitura
112. A
sabedoria do Pai
- Armando revelou ao
enfermeiro ter passado
por provação igual
àquela, quando perdeu o
caçula de seu primeiro
matrimônio,
estranhamente afogado
numa de suas raras
excursões à praia.
Naquela época, quase
enlouqueceu, mas,
apegando-se à religião
para não soçobrar,
compreendia agora que
somente nos compete
acatar os desígnios de
Deus, porque não
passamos de criaturas
necessitadas de socorro
divino, a cada instante
de nossa experiência
humana. Antonina
aprovou esse pensamento,
dizendo: "Sem dúvida,
sem apoio espiritual,
não avançaríamos um
passo no terreno da
verdadeira harmonia
íntima. A morte do corpo
nem sempre é o pior que
nos possa acontecer.
Quantas vezes os pais
são constrangidos a
acompanhar a morte moral
dos filhos, no crime ou
na viciação que não
conseguem interromper?"
E relatou que também
perdera um filho ainda
pequeno, mas procurou
acomodar-se à saudade
sem revolta, porque a
Sabedoria do Senhor não
deve ser menosprezada.
Amaro disse, na
sequência, ter
encontrado no
Catolicismo, sobretudo
na leitura de Santo
Agostinho, abençoado
ensejo de renovação, e,
como perguntasse se
Antonina era católica,
esta informou ser adepta
do Espiritismo, o que
não impedia procurarem
ambos o Mestre. Daí a
instantes chegou a casa
o médico da família,
para examinar Zulmira,
que adoecera com a
enfermidade do filho e
desde a morte dele não
mais se alimentara. A
conversa enveredou,
pois, para a saúde da
enferma e seus
desajustes psíquicos
anteriores à gravidez.
Com a maternidade
triunfante, ela se
renovara, revelara-se
mais alegre, readquirira
a saúde plena. Com a
desencarnação da
criança, nova crise se
instalara naquela casa e
a moléstia asilara-se,
de novo, entre suas
quatro paredes. O
enfermeiro, a permutar
significativos olhares
com Antonina, de quando
em quando mostrava sua
perplexidade e
desencanto com o que
ouvia. A confissão de
Amaro constituía um
testemunho de humildade
pura. Mário via que seu
antagonista era um homem
comum, necessitado,
como ele, de paz e
compreensão, e não o
rival arrogante e
orgulhoso que ele
supunha em suas
elucubrações mentais.
(Cap. XXXVI, págs. 235 a
238)
113. Mário doa
sangue à enferma
- Após ter examinado
Zulmira, o médico tornou
à sala. De semblante
torturado, disse ao
ferroviário: "Amaro, a
providência é quase
impossível quando a
previdência não
funciona. A posição de
Zulmira piorou
muitíssimo nas últimas
horas. O soro aplicado
desde ontem não trouxe o
resultado preciso. O
abatimento é enorme.
Creio indispensável uma
transfusão de sangue
ainda esta noite, para
que não sejamos amanhã
surpreendidos por
obstáculos
insuperáveis". Amaro
empalideceu. Antonina
voltou-se em silêncio
para Silva, como a
dizer-lhe, de coração
para coração: "Não
hesite. É a sua hora de
ajudar. Aproveite a
oportunidade". O
enfermeiro levantou-se
maquinalmente e, antes
que Amaro falasse
qualquer coisa, ele
apresentou-se ao
médico, explicando:
"Doutor, se a minha
cooperação for aceita,
sentirei prazer nisso.
Sou doador de sangue no
hospital em que
trabalho. Um telefonema
seu ao pediatra amigo, a
quem o senhor recorreu
no caso de Júlio, pode
confirmar as minhas
palavras". Amaro,
comovido, abraçou-o
reconhecidamente, mas
nada mais conseguiu
dizer. Antonina pôs-se à
disposição de Evelina
para qualquer atividade
caseira, enquanto o
médico e Silva partiam
em busca do material
necessário. Uma hora
depois, a transfusão
começou. Assumindo a
direção da enfermagem,
Antonina parecia uma
figura providencial.
Amparou a doente com
carinho, auxiliou o
clínico e, ainda,
colaborou com Evelina
para que todas as
medidas alusivas à
higiene se efetuassem em
harmonia. Após a
transfusão, a enferma
reagiu favoravelmente,
mas o enfermeiro acusou
profundo abatimento,
enquanto em seus olhos
brilhava uma luz
diferente. Ele estava
reabilitado perante a
própria consciência. O
médico ministrou-lhe,
de imediato, os recursos
aconselháveis, e ele
permaneceu instalado
comodamente, em larga
poltrona, junto dos
amigos. Nas despedidas,
Antonina ofereceu-se
para voltar na manhã
seguinte, a fim de
prestar a assistência
devida à enferma. Amaro
ficou muito contente
com a oferta, que
aceitou de pronto,
considerando a enorme
dificuldade para se
encontrar uma enfermeira
ou governanta nessas
horas difíceis. No
retorno a casa, Mário,
fitando a companheira de
excursão com
reconhecimento e
carinho, sentiu-se
reconciliado consigo
mesmo e irradiava a
alegria silenciosa de
quem retorna à
felicidade. (Cap. XXXVI,
págs. 238 a 240)
114. Zulmira revê
o filho - Quando
os amigos se afastaram,
Clarêncio cercou Zulmira
de cuidados especiais,
aplicando-lhe passes de
reconforto. A injeção
de sangue renovador lhe
fizera grande bem. Pouco
a pouco,
acomodaram-se-lhe os
centros de força. Desde
a desencarnação do
filho, ela não
desfrutara tão acentuado
repouso quanto naquela
hora. Clarêncio
recomendou a Odila
preparasse o menino para
o reencontro com a mãe.
Zulmira vê-lo-ia,
buscando energias novas.
Quando ela se retirou
para atender à sua
missão, o Ministro
falou: "Um sonho
reconfortante é uma
bênção de saúde e
alegria para os nossos
irmãos encarnados".
Nesse momento, Zulmira,
em Espírito, levantou-se
e os contemplou,
surpresa. Seu olhar
estava lúcido. Clarêncio
afagou-a, como se o
fizesse a uma filha,
rogando-lhe calma e fé;
em seguida, o grupo
partiu, em demanda ao
Lar da Bênção,
conduzindo Zulmira. Ela,
contudo, não percebeu o
espetáculo magnificente
da Natureza, porquanto,
introvertida, só
pensava na imagem da
criança morta. O Lar da
Bênção mostrava-se
maravilhoso. Flores de
rara beleza coloriam a
estrada e
embalsamavam-na de
suave perfume. Aqui e
ali, doces melodias
vibravam no ar. Zulmira
parecia, porém,
insensível à beleza do
ambiente, em face da
tortura interior de que
se via possuída,
mostrando, uma vez mais,
que o paraíso da alma,
em verdade, reside onde
se lhe situa o amor.
Quando o grupo penetrou
o berçário onde o menino
repousava, sob a
abnegada vigilância de
Blandina e Odila,
Zulmira tentou
arrojar-se sobre a
criança sonolenta, sendo
delicadamente advertida
por Clarêncio, que a
sustentou, asseverando:
"Zulmira, não perturbes
o pequenino se o amas".
(Cap. XXXVII, págs. 241
e 242)
(Continua no próximo
número.)